segunda-feira, 5 de setembro de 2011

DIÁRIO DE BORDO: INCLUIR É AMAR NA RADICALIDADE DA COMPAIXÃO INDIGNADA

                                                 Jorge Bichuetti

A madrugada , com seu vento frio, porém, acolhedor... aquece meus sonhos... O céu estrelado...  Fluxos do luar... não a vejo, mas sinto, clareando a imensidão... A Lua oculta-se, mas não abandona a noite e seu povo: poetas, trabalhadores, boêmios... Respiro e o cheiro da terra orvalhada me torna uma simples peça na engenhoca da vida que é magia de esperança e paz no silêncio das manhãs... Os álamos bailam e cantam... os venero... Romãs, o limoeiro, flores... folhas secas... a vida no quintal é um re-canto da imensidão... As estrelas parecem tocar minha pele e iluminam os obscuros escaninhos da vida de desumanidade que tanta dor e lágrimas provocam no caminho... Ali, no sacrário da meu quintal penso que a vida anda agonizante por carência da vitalidade fertilizante que nasce nos encantos da compaixão...
Esta semana temos O Grito dos Excluídos... Releio o material enviado pela nossa valente e guerreira Irmã Anita, amiga de longos anos... O Grito dos Excluídos irá acontecer... Organizado por Irmã Anita, Agnaldo e outros companheiros do Gameleira , já se encontra tecido com o movimento dos trabalhadores e com os diversos movimentos sociais... é  grito da vida... grito por inclusão... grito de compaixão...
Cuidar é amar... Amar é incluir... Incluir é revolucionar a vida, impregnando-a de justiça, paz e liberdade...
Che dizia que a generosidade era uma característica indispensável no militante das lutas sociais... Ia, além... Afirmava que era necessário indignar-se diante das injustiças, diante das exclusões...
A generosidade que concretiza aousadia  da luta nasce da indignação; a indignação que afeta e contagia, sensibilizando, é obra da compaixão...
A tirania e a exclusão exigem , para que se mantenham, mecanismos nefastos e sinistros que nos tornam insensíveis diante da lágrima que cai, das vidas mortificadas e aviltadas pela exclusão social...
O amor à humanidade não pode ser amor plastificado, domesticado, liquefeito... O amor é força vital, efervescência...é compromisso e engajamento com a dor e a desvalia que maltrata e lastima a vida do outro...
Calar-se é negar o amor; é sequestrar da subjetividade a compaixão que gera indignação e nos leva a um agir generoso na luta guerreira por um sociedade participativa, solidária e fraterna.
A insensibilidade desumaniza a vida...
A insensibilidade é a matriz do silêncio acovardado e acomodado que nos transforma numa subjetividade individualista, competitiva, consumista, banal...
A compaixão é a força do amor que mobiliza nossa capacidade sentir na nossa pele a dor e a desvalia que martiriza os excluídos...
Alienados, usufruímos da comodidade que a insensibilidade nos provoca... Todavia, o caminho e a vida, nos revela nas circunstâncias das nossas lutas íntimas que para nos tornar insensíveis, esquartejamos nossa própria alma... encapsulamos o nosso próprio coração...
E ai, já não sabemos amar... se amamos, já não sabemos exprimir o nosso amor... e se o exprimimos, não conseguimos contagiar e conquistar nos que tocamos a sua confiabilidade.
Acabamos, mutilados...
Reflitamos...
O ser humano é processo amoroso... O desamor, desumanidade...


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