quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

A CRISE EM NIETZSCHE

                                                            Jorge Bichuetti

Tememos as crises... Este medo nos levam a uma vida de negação da realidade. Fingimos uma inexistente estabilidade. O mundo e nós estamos mergulhados numa permanente turbulência.
Tudo se transforma...
E não nos transformamos num evolucionismo de acumulação de conquistas e aprimoramentos, na calmaria de uma aquisição racional e pacífica....
Mudamos com e nas crises...
Já dizia Nietzsche, o velho passarinheiro, que: " Só quem suporta o caos e o frenesi é capaz de se engravidar de uma estrela bailarina."
Baremblitt analisa as crises e as definem como um questionamento caótico da vida como está anda, isto, como se encontra organizada num modo de ser e existir; assim, nelas, percebe, a potencialidade de uma nova reinvenção, da produção do novo radical, de um modo de vida.
Guattari, sustentado, nos novos estudos da biologia e da física, vai defini-la como caosmose: um caos com uma virtual potência de, autopoeiticamente, gerar uma novidade.
A crise é dolorosa... Sofremos nos angustiamos... E um estar sem chão... Nosso velho território de vida já se esgotou, contudo, ainda não construimos ou chegamos a um novo lugar.
Vivemos um processo de desterritorialização que se traduz, no corpo e na mente, como: angústia, medo, insegurança, sensação de vazio, perdas dos limites corporais, desânimo e tristeza, pânico e  irritabilidade, baixa autoestima, despersonalização e delírios.
A escuridão e a desordem do caos...
Nietzsche estudou a temática da crise, pensando as próprias feridas e lágrimas... O " Humano Demasiadamente Humano"...
Para ele, cuidar de uma crise ou trabalhar produtivamente uma crise e um doloroso processo nomeado por ele de o grande livramento.
Diz que a crise é uma viagem no abismo... Abismo de morte e auto-anulação; que só pode ser superado por luta diária e radical de invenção de um novo jeito de ser e viver.
Contudo, ele acrescenta algo, especialmente caro, aos homens e à vida, diz: só os que padeceram como espíritos acorrentados buscam, em si mesmo e na vida, forças para esta escalada da escuridão do abismo rumo a uma nova aurora.
Podemos sair do abismo...
Podemos tomar o céu de assalto...
Podemos inventar o novo e uma nova vida...
Podemos metamorfosearmos, e descobrir nossos desejos e potências... criando uma nova caminhada,  um novo sentido e novo horizonte...
Nas crises, podemos devir fénix... E numa nova aurora, nos re-inventar e re-inventar nosso caminho, sonhos e vida.  
Há um clarão no fim do túnel...
Nas nossas mãos feridas e cansadas, mora a semente da aurora...
Estejemos, então, grávidos de estrelas bailarinas...

7 comentários:

Marta Rezende disse...

Imperativo

Crise?

cria tu
crie ele
criemos nós
criai vós
criem eles.

Crise

oportunidade de reinvenção.
Agarre-a. Tranvalore. Crise em cria.

marta

Marta Rezende disse...

Jorge querido, o imperativo sempre confude. Transvalora. Agora corrigido.

Imperativo

Crise?

cria tu
crie ele
criemos nós
criai vós
criem eles.

Crise

oportunidade de reinvenção.
Agarre-a. Tranvalora. Crise em cria.

marta

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Meu texto no Crisevida, livro menor, que escrevi, Marta, refletindo as agruras e as potências imanentes ao processo de cuidar na loucura, merecia... este seu poema...
Digo com alegria: é o texto mais belo que já escrevi... Poético, terno e com a crueza que Nietzsche chorou, produzindo na sua dolorosa crise...
sua poética me parece uma subjetivação: os filósofos caem no chão e florescem... Ou sobem ao céu e cintilam, desbandam, reluzem e se desnudam...
amei.
Meus abraços com beijinhos da Lua, Jorge

Marta Rezende disse...

BLUEchuetti querido, qual texto do Crise Vida? Manda pra mim. Já perdi, não sei qual é. Cole aqui ou me manda pro e-mail. Quero ver vc chorar como Nietzsche! Eu amo um choro de homem!!!!!!!!!!!!!!! Aliás, tudo que é do homem, eu adooooooooooooooooro. Até.... (auto censura!!!!!). Aquilo que é do homem o bicho come.
Vc não me disse o que achou dos vídeos do Carmelo Bene. Nem posso ver muito aquilo de tão forte. Viro um dinamite. Meu filho, que é meio palhaço, está imitando o o Bene. Vc iria morrer de rir... Viva o humor!
Jorge, obrigada de ter publicado meus poeminhas . Acho tudo tão bobo o que escrevo. Fico morrendo de vergonha de estar lá no alto da sua página. Sou uma caipira total.

Tô avançando na digramática deleuzena, Jorge, pois descobri que isso é importante para fazer meu trabalho. Ao invés da função, o diagrama para "representar" o corpo sem orgão. Por icrível que parível, só estou "entendendo" um pouco de CsO a partir do livro do deleuze sobre o Bacon.
Por falar nisso, vou fazer uma carninha moída com bacon. Não comi nada hoje. Vida de solteira! É boa demais!!!!!!!!!!!!!!!!
bacio
M

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

MARTA, TE MANDO O LIVRO... SOBRE O CsO - UMA BOA APROXIMAÇÃO É PENSAR O CORPO DO ESQUIZOFRÊNICO... mÁXIMA DESTERRITORIALIZAÇÃO, NÃO É ... MAS ESTÁ PERTINHO.
tAMBÉM , NÃO JANTEI... PREGUIÇA PURA, DEVIR MACUNAÍMA...
ABRAÇOS, JORGE
PS. NÃO VI OBEN... VENDO-O, COMENTO... SEI QUE VOU GOSTAR.

Lillian disse...

Maravilhoso texto Jorge! A Fênix me causa admiração, desejo, potencia, entusiasmo, idéia, ação. Me atrai desde pequena, antes de conhecer histórias e significados sobre ela. Parte de mim se identifica com ela e parte busca por ela.

Abraços

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Lillian, ela é uma imagem, para mim, de resistência, renovação e vida sempre... Um sonho> Das cinzas o novo.
Abraços, Jorge