Jorge Bichuetti
Tememos as crises... Este medo nos levam a uma vida de negação da realidade. Fingimos uma inexistente estabilidade. O mundo e nós estamos mergulhados numa permanente turbulência.
Tudo se transforma...
E não nos transformamos num evolucionismo de acumulação de conquistas e aprimoramentos, na calmaria de uma aquisição racional e pacífica....
Mudamos com e nas crises...
Já dizia Nietzsche, o velho passarinheiro, que: " Só quem suporta o caos e o frenesi é capaz de se engravidar de uma estrela bailarina."
Baremblitt analisa as crises e as definem como um questionamento caótico da vida como está anda, isto, como se encontra organizada num modo de ser e existir; assim, nelas, percebe, a potencialidade de uma nova reinvenção, da produção do novo radical, de um modo de vida.
Guattari, sustentado, nos novos estudos da biologia e da física, vai defini-la como caosmose: um caos com uma virtual potência de, autopoeiticamente, gerar uma novidade.
A crise é dolorosa... Sofremos nos angustiamos... E um estar sem chão... Nosso velho território de vida já se esgotou, contudo, ainda não construimos ou chegamos a um novo lugar.
Vivemos um processo de desterritorialização que se traduz, no corpo e na mente, como: angústia, medo, insegurança, sensação de vazio, perdas dos limites corporais, desânimo e tristeza, pânico e irritabilidade, baixa autoestima, despersonalização e delírios.
A escuridão e a desordem do caos...
Nietzsche estudou a temática da crise, pensando as próprias feridas e lágrimas... O " Humano Demasiadamente Humano"...
Para ele, cuidar de uma crise ou trabalhar produtivamente uma crise e um doloroso processo nomeado por ele de o grande livramento.
Diz que a crise é uma viagem no abismo... Abismo de morte e auto-anulação; que só pode ser superado por luta diária e radical de invenção de um novo jeito de ser e viver.
Contudo, ele acrescenta algo, especialmente caro, aos homens e à vida, diz: só os que padeceram como espíritos acorrentados buscam, em si mesmo e na vida, forças para esta escalada da escuridão do abismo rumo a uma nova aurora.
Podemos sair do abismo...
Podemos tomar o céu de assalto...
Podemos inventar o novo e uma nova vida...
Podemos metamorfosearmos, e descobrir nossos desejos e potências... criando uma nova caminhada, um novo sentido e novo horizonte...
Nas crises, podemos devir fénix... E numa nova aurora, nos re-inventar e re-inventar nosso caminho, sonhos e vida.
Há um clarão no fim do túnel...
Nas nossas mãos feridas e cansadas, mora a semente da aurora...
Estejemos, então, grávidos de estrelas bailarinas...
quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011
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7 comentários:
Imperativo
Crise?
cria tu
crie ele
criemos nós
criai vós
criem eles.
Crise
oportunidade de reinvenção.
Agarre-a. Tranvalore. Crise em cria.
marta
Jorge querido, o imperativo sempre confude. Transvalora. Agora corrigido.
Imperativo
Crise?
cria tu
crie ele
criemos nós
criai vós
criem eles.
Crise
oportunidade de reinvenção.
Agarre-a. Tranvalora. Crise em cria.
marta
Meu texto no Crisevida, livro menor, que escrevi, Marta, refletindo as agruras e as potências imanentes ao processo de cuidar na loucura, merecia... este seu poema...
Digo com alegria: é o texto mais belo que já escrevi... Poético, terno e com a crueza que Nietzsche chorou, produzindo na sua dolorosa crise...
sua poética me parece uma subjetivação: os filósofos caem no chão e florescem... Ou sobem ao céu e cintilam, desbandam, reluzem e se desnudam...
amei.
Meus abraços com beijinhos da Lua, Jorge
BLUEchuetti querido, qual texto do Crise Vida? Manda pra mim. Já perdi, não sei qual é. Cole aqui ou me manda pro e-mail. Quero ver vc chorar como Nietzsche! Eu amo um choro de homem!!!!!!!!!!!!!!! Aliás, tudo que é do homem, eu adooooooooooooooooro. Até.... (auto censura!!!!!). Aquilo que é do homem o bicho come.
Vc não me disse o que achou dos vídeos do Carmelo Bene. Nem posso ver muito aquilo de tão forte. Viro um dinamite. Meu filho, que é meio palhaço, está imitando o o Bene. Vc iria morrer de rir... Viva o humor!
Jorge, obrigada de ter publicado meus poeminhas . Acho tudo tão bobo o que escrevo. Fico morrendo de vergonha de estar lá no alto da sua página. Sou uma caipira total.
Tô avançando na digramática deleuzena, Jorge, pois descobri que isso é importante para fazer meu trabalho. Ao invés da função, o diagrama para "representar" o corpo sem orgão. Por icrível que parível, só estou "entendendo" um pouco de CsO a partir do livro do deleuze sobre o Bacon.
Por falar nisso, vou fazer uma carninha moída com bacon. Não comi nada hoje. Vida de solteira! É boa demais!!!!!!!!!!!!!!!!
bacio
M
MARTA, TE MANDO O LIVRO... SOBRE O CsO - UMA BOA APROXIMAÇÃO É PENSAR O CORPO DO ESQUIZOFRÊNICO... mÁXIMA DESTERRITORIALIZAÇÃO, NÃO É ... MAS ESTÁ PERTINHO.
tAMBÉM , NÃO JANTEI... PREGUIÇA PURA, DEVIR MACUNAÍMA...
ABRAÇOS, JORGE
PS. NÃO VI OBEN... VENDO-O, COMENTO... SEI QUE VOU GOSTAR.
Maravilhoso texto Jorge! A Fênix me causa admiração, desejo, potencia, entusiasmo, idéia, ação. Me atrai desde pequena, antes de conhecer histórias e significados sobre ela. Parte de mim se identifica com ela e parte busca por ela.
Abraços
Lillian, ela é uma imagem, para mim, de resistência, renovação e vida sempre... Um sonho> Das cinzas o novo.
Abraços, Jorge
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