quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

DIÁRIO DE BORDO: MODOS DE VIVER E EXISTIR..

                                                         Jorge Bichuetti

Já se foi a madrugada... Com ela, as estrelas e uma lua tímida... Acordou, a outra... A minha Lua: dengosa, carinhosa e mimada... Quieta. Isto até a primeira peraltice...
Vivemos muitas coisas da vida juntos...
E ela que sempre odiava minhas aulas de espanhol, hoje, se alegrou... Lhe encantou o livro de Dona Hebe de Bonafini, Cocinando Política...
O motivo esteve claro deste as primeiras palavras do livro: Hebe partilha com a Lua a mesma opinião sobre a TV.
Eu amo, Lua odeia...
Hebe diz que os yanques já não necessitam nos invadir, para que logre a nossa permanente colonização.
A TV entra em nossas casas e vai nos subjetivando: dita, sutilmente, o que comer, o que vestir, o que anda na moda e que já está caduco... Derrota, de vez, a relação do homem com os pequenos e íntimos armazéns e lojas do bairro... Tudo está supermercado e nos grandes shopping... Ela cria um jeito ede vier e existir...
Lua aprovou o livro e não nego que poderia ser um boa crítica, já que, indubitalvelmente, é um livro excente, leve, cheio de vida e que nos leva a pensar no nosso empobrecimento existencial, quando abandonamos nossa cultura, nossa história, nosso modo de viver e existir...
O mundo esta globalizado. Selvagemente, globalizado...
O novo e diverso enriquece, multiplica, ramifica... O vazio e massificação despersonalizante se dá quando, no lugar de agregar e somar coiisas novas, copiamos, inconscientemente, o outro que surge irradiante e vitorioso, belo e vencedor nas paisagens da TV.... E para copiá-los, matamos toda uma vida e todo um passado...
Ah! Que saudade do frango aoo molho com angu de milho verde e quiabo...
Ah! Que saudade de serestas e serenatas... Da caminhada na praça com nossas mãos dadas e nossos corações enamorados, sob o efeito do ébrio perfume dos jasmins floridos...
Hoje, usa-se compridos que intensificam o desejo, antes bastava a lua cheia, uma rosa vermelha e um pouco de charme.
Fica aqui a indicação... "Cocinando Política sin que se quemme" de Hebe de Bonafini...
E falando nos nossos modos de viver e existir, será que vivemos para nós ou para os outros?
Somos alguém ou uma figura no horizonte de um retrato, já todo fotomaquiado?
Vivemos, caminhamos... Existimos...
Damos espaço e tempo na nossa vida e caminada para escutar e experimentar os nossos próprios sonhos e desejos?
Ou, será que representamos um roteiro alheio que nunca abre uma fissura one possa emergir nossa própria singularidade?
Há algo que desnuda e nos revela... Um singela pegunta que nos diz se , de fato, andamos vivendo segundo os acordes do noso próprio coração: o que faríamos se soubeéssemos  que nossa vida terminaria nos próximos  trinta minutos?
Francisco de Assis, o santo de pés descalços e amigo da natureza, disse, respondendo a esta intrigante indagação: Continuaria cuidando da minha horta...

4 comentários:

Michel disse...

Se maldade fosse hortelã
Colheria esse mal e fazia um chá pela manhã.
Se bondade fosse lixo, reciclaria cada parte pra construir bondades novas.
E se saudade e ternura preenchesse essa existência...
Congregaríamos e lutaríamos cada vez mais e mais
Com mais e mais armas de amor...

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Michel, meu filósofo e poeta,se a vida fosse um sonho nunca nos perderíamos na longa caminhada de luta e sonhos da história , buscando a própria libertação... Como magia é difícil, permaneçamos juntos, com nossas trocas e nossas viagens proféticas de novos alvoreceres...
Abraços, Lhe adoro...

Tânia Marques disse...

Lindo esse texto! Nãotemos que temer o "se". "Quem sabe faz a hora, não espera acontecer".Beijos

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Tânia, com coragem e ousadia podemos fugir dos ses e vivenciar nossas tentivas... semproduzindo vida. Abraços com carinho: jorge