terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

POESIA: ASAS DA VENTANIA

                           
          UMA FOLHA CAÍDA
                                     Jorge Bichuetti

Caído, no chão úmido,
teu corpo era a seiva
que a terra seca esperava;
ali, não foste amado,
nem mesmo percebido...
Não pudeste falar
da verde mata,
do céu anil
e da árvore frondosa,
de, onde, um dia,
vieste navegando
nas mãos do vento...

Amar, desamar...
Encontrar-se.. e perder-se...
O destino é um vendaval..
Se nosso corpo anseia
um corpo que outro
deseja e ama;
no chão, deitamos
no lamento de ser na vida, 
tão só uma folha caida...


               UM VENDAVAL DE PAIXÃO...
                                   Jorge Bichuetti

Toca, acaricia e belisca
a minha pele;
depois, beija-a...
Beija-a, ternamente
e loucamente, entre
a paixão de um orgasmo
e sacro êxtase de uma oração...

Há flores e estrelas
que nela moram...
Vieram num vendaval
e não sabendo o roteiro
da volta à imensidão;
aqui, ficaram morando
sob a guarda do meu coração...


           O SILÊNCIO DO VENTO
                            Jorge Bichuetti

O vento anda e galopa,
sem rumo e sem direção;
porém, tudo vê e conhece,
na Terra e na amplidão...

Dele, me fiz amigo,
e o quis na minha confissão:
- Amei, porém, não o bastante,
perdendo-a
na minha própria escuridão...

O vento me escutou
e com os passarinhos,
até, cantou,
uma cantiga de amor,
de amor-desilusão...

Contudo, depois, ele se foi;
deixando-me o seu silêncio...
Se algo ouvi no silêncio,
não eram palavras cifradas
nos acordes da razão...
Ouvia uma música clamando
nos tribumais da paixão,
dizia o escuro oculta,
onde amor não se fez clarão...


         MEU QUINTAL
                           Jorge Bichuetti

Há pássaros e ninhos,
álamos e flores...
Há vida e amores,
poesia e canções..
O vento alimenta a vida
e partilha das sementes;
se deixa folhas caídas,
ele as deixa
para nossos pés,
serem, então, orvalhados,
pelas preces e  magias
que são as andarilhas...
que andam e voam no céu...

Meu quintal fica, perto,
no fundo da minha casa;
e no profundo,
no mar da vida,
no barco do porvir
e no leme do meu próprio existir...

Anônimo e terno amigo,
ele é meu cais...
meu etéreo elixir,
que me dá a cada minuto,
um cadinho da eternidade...
.

2 comentários:

Anne M. Moor disse...

Jorge

Que poesia linda guiada pelo vento!

Cair faz parte do viver e levantar uma escolha, por vezes, tremendamente difícil.

Em http://anne-lifeliving.blogspot.com/2011/01/linguagens.html tem um poema que escrevi ao chegar de uma viagem com meu filho mais velho na garupa de sua moto, "speeding through the wind" e como ele mesmo escreveu 'momentos sem preço'.

beijos
Anne

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Anne, obrigado... Irei ver hoje sua poesia... Revê-la, penso... Pois andei vasculhando sua poética que me encanta...
Ah! este vento...
Abraços, Jorge