Madrugada no cerrado... Estrelas no céu, luar... O orvalho impregna o ar com um suave cheiro de vida, cheiro de terra e mato... No quintal, meu coração ajoelha-se ante a beleza da imensidão e dialogo com os meus álamos, árvores queridas que me conectam com os passarinhos que ela agasalha no escuro da noite e com o infinito que do alto, altivos, eles espiam... A vida é bela e o universo, caminhos na amplidão...
A Luínha sonha... sonhos de menina; a mimo... e continuo meu trabalho: logo, ela virá me avisar que o sol acordou... Ela e os sinos... cantarão o novo dia, no meio da folia da passarada.
Vivo entre lutas e sonhos...
Na minha mesa, os sinais da vida... Material das atividades do dia 26 de Agosto, quando a Fundação Gregorio F Baremblitt irá comemorar seus 20 anos de trabalhos no acolhimento e na reabilitação psicossocial dos portadores de sofrimento mental... e alguns textos que releio para preparar minha fala no Grito dos Excluídos, do 7 de Setembro... No dia 7 de Setembro, todos nós, que vivenciamos a luta pela inclusão social, estaremos na praça da Igrejinha Santa Rita... para a luta pela vida, para O Grito dos Excluídos...
Vendo a vida e meus caminhos, reflito e me pego pensando que não conseguimos viver com intensidade, se na nossa artimanha do existir não contemplamos a multiplicidade de linhas que compõe a vida e que nos compõe, igualmente...
A vida empobrece e se acinzenta quando a tornamos vida repetitiva e restritiva, monocromática e monotemática...
No dia-a-dia, um dos papéis que desempenhamos no existir pode nos capturar, levando-nos a viver somente uma linha da vida... um papel, um lugar... Ai nos consumimos suprimindo em nós e no socius, a diversidade de linhas, fluxos e platôs que tecem a riqueza do existir...
Somos uma multidão... e a multidão que somos deseja e necessita de espaço e tempo, conexões e oportunidades, para de se desenvolverem...
Ninguém é só um caminho...
Somos desejo e sonhos, trabalho e ócio, cidadania e espiritualidade, família e amizade, arte e militância pelas causas que nos afetam e nos mobilizam...
A grande artimanha do existir é viver dando vida e vida de intensidade a diversidade de vidas que abrigamos na nossa subjetividade...
Muitas vezes, descuidados reprimimos facetas da nossa subjetividade e enrijemos o nosso existir... rodopiamos no entorno de uma única linha da vida... Não percebemos , mas, assim, esfacelamos a potência da alegria e a alegria da potência que nos habitam...
Somos muitos... trabalhadores, cidadãos, amantes da música e da arte... Somos sexualidade e afetividade, e temos n pertenças... Redes, rizoma... A complexidade diversa que atualiza o nossa diversidade íntima e existencial...
Escravizar-se a um papel, negando-se na diversidade que somos é um despenhadeiro que nos leva ao empobrecimento existencial e à vida de solidão...
Novamente, aqui, nos fala Guimarães Rosa: "viver é etecetera."
Pensando, no miudinho do concreto: se somos somente pais, nossos filhos não podem partir, e para sobreviver, então, criámos o abismo da co-dependência... se somos só trabalhadores, a aposentadoria nos enlouquece... se somos só políticos, perdemos o idealismo e nos tornamos um burocrata parasita do poder... se não exploramos a arte e ternura, a amizade e a suavidade, acabamos rígidos, rabugentos e asfixiado no cinza da nossa vida medíocre...
Viver é dar vida a multiplicidade de desejos e sonhos que temos vivos na nossa subjetividade e não temer a experimentação do novo que alisando os caminhos da vida nos enriquece com os nossos eus ainda não-paridos...
Só assim incorporamos no nosso dia-a-dia a beleza e a grandeza da imensidão que vemos no fora e que nos fascina; e que é, de fato, uma imensidão que abrigamos em nós... como n possibilidades de existir alegre e terno, solidário e livre na efervescência vital da multiplicidade que nos faz filhos do infinito...26 DE AGOSTO - ATIVIDADES DE COMEMORAÇÃO DOS 20 ANOS DE TRABALHO DA FUNDAÇÃO GREGORIO F BAREMBLITT
2 comentários:
Dr. Jorge,
Onde está o Frei Beto?
Carinho, De
A Postagem está do lado, basta clicá-la... mesmo depois de um mês... permanece no blog... Abs ternos, jorge
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