JORGE BICHUETTI
A vida canta... os pássaros piam, degustando o alpiste jogado no chão... e o céu nunca está alheio a sua missão de nos penetrar, desterritorilizando os espaços e nos dando acesso ao território chamado imensidão.
Minha vida é a vida de um homem comum, e meu caminho é o perambular de quem à procura dos sonhos denuncia ou anuncia que esta vida necessita ser, urgentemente, transformada.
Me encanta as paixões alegres... Ainda mesmo quando vejo minhas lágrimas secando no varal.. as paixões tristes devem nos motivar a seguir , procurando um bom encontro e nele, a mágica e a poesia da alegria.
Um corpo tudo pode... As dores do tempo e tanto tempo de dores me levaram a crer que o corpo que tudo pode, pode se coletiviza-se , se solidariza-se, se desindividualizando-se, vislumbra-se corpo social...
Me quero livre, creio na liberdade, porém, descubro no caminho que entre a palavra e e o ato, há um uma tempestade, um abismo, um perigo que ronda e assombra; sendo necessário sempre guerrear...
O desejo vibra, constrói e inventa... Ele é sempre a novidade que surge no horizonte, colorindo-se sem que tenhamos os domínios das cores e dos desenhos... E me adoeço sempre que me esqueço do horizonte e me prendo nos percalços da estrada. Aí, onde penso que desejo, só respiro o fel envenenado das repetições traiçoeiras que nos fazem viscosos e pantanosos , quando a vida florescente nos oferece asas e brisa para ir um pouco além...
Reclamo, rogo, mendigo... Louca louvação... Não somos a falta, a falta se foi e se esfumaçou ma poeira do nada, somos a potência do novo e perdemos tempo e energia restaurando múmias que podem ser tingidas, mas nunca ressuscitarão... O novo nos chama, é chama viva e incandescente... cheia de calor e ternura, e nós querendo a vida, rondando os abutres que se alimentam dos restos de um cemitério.
Sou tantos ... e nego-me, aprisionando-me nos limites de um dos que sou, mas que já tem vigor e brilho para me levar aos encantos que vida produz, incessantemente, e se não desfrutamos é porque fechamos a boca no escroto da vida que recusamos vomitar...
Meu canto anda mudo, meus passos lentificados: não é vida que me falta, sou eu longe da vida, querendo a morte revivida numa paródia ridícula, onde a tristeza impera, no canto lúgubre de quem não vê o baile da vida, valsando alegrias e novas possibidades de caminhos e de vidas reinstaurando-se no invenção de um novo dia.
Quero o novo... A vida e o belo... Que nascem do homem que já se não faz prisioneiro do poder ilusório de suas
velhas opiniões... De suas dependências... De sua escravidão...
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4 comentários:
Madrugada gelada, eu aqui trabalhando, resolvi descansar um pouquinho e matar a saudade da Utopia e encontro vc assim parece meio chateado. Não posso lhe consolar, infelizmente, a não ser o consolo metafísico: apesar de tudo, a vida está inteira e em devir.
O Nelson Rodrigues dizia, "a vida não é para amadores". E eu digo: demora muito para deixar de ser amador sem ser amargurado. Eu tô na pré-escola...
Adorei sua louca louvação.
beijo Jorge da
Marta
Querida, caminhos e espinhos são o palco dos sonhos. A gente resiste e insurgentes, seguimos. Obrigado pelo carinho..
abraços jorge
Foço nossas, se me permite Jorge, as palavras de um poeta que admiro: "Não acomodar com o que incomoda mais!" (Fernando Anitelli)
Estou aprendendo que é preciso abrir mão do passado seja ele bom ou ruim; aliás é preciso abrir mão do que houve de ruim e não lamentar pela perda do que houve de bom. Só assim é possível dar espaço para novos 'bons e ruins', claro, com o desejo, a fé e a perserverança de ter ao menos mais bons do que ruins.
Abraço fraterno, amigo.
Asim, vamos... para frente e para o alto... jorge
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