quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

MESTRES DO CAMINHO: O NATAL DE DOM PEDRO CASALDÁLIGA

Natal...?

É difícil detectar O Anúncio
em meio a tantos anúncios que nos invadem.

Ainda existe Natal?
Natal é a Boa Nova?
Natal é também Páscoa?

Sabemos que «não há lugar para eles».
Sabemos que há lugar para todos,
até para Deus...

O boi e a mula,
fugindo do latifúndio,
se refugiaram nos olhos desta Criança.

A fome não é só um problema social,
é um crime mundial.

Contra o Agro-Negócio capitalista,
a Agro-Vida, o Bem Viver.

Tudo pode ser mentira,
menos a verdade de que Deus é Amor
e de que toda a Humanidade
é uma só família.

Deus continua entrando por debaixo,
pequeno, pobre, impotente,
mas trazendo-nos a sua Paz.
A dona Maria e o seu José
continuam na comunidade.
A Veva continua sendo tapirapé.
O sangue dos mártires
continua fecundando a primavera alternativa.
Os cajados dos pastores
(e do Parkinson também),
as bandeiras militantes,
as mãos solidárias
e os cantos da juventude
continuam alentando a Caminhada.

As estrelas só se enxergam de noite.
E de noite surge o Ressuscitado.

«Não tenhais medo».

Em coerência, com teimosia e na Esperança,
sejamos cada dia Natal,
cada dia sejamos Páscoa.

Amém, Axé, Awire, Aleluia.

Pedro Casaldáliga,

Natal 2010, ano novo 2011.

( Bispo Emérito da Prelazia de São Félix do Araguaia)

 

2 comentários:

Anônimo disse...

Infelizmente é assim, como disse no meu comentário lá embaixo: as pessoas devem ter cuidado e muita responsabilidade com as palavras ou elas podem, ao contrário do que se espera, produzir o mal.
Assim vejo Gândhi, Martin Luther King, Madre tereza e outros numa posição contrária a de Casaldáliga, que afirma que o agronegócio e o capitalismo fazem mal a todos. Isto não tem correspondência com a realidade, pelo menos para quem tem informação suficiente sobre as atividades humanas e mais, sobre o próprio humano e sua condição. Nada é mal ou bom inteiramente. Todos sabemos.
Não estamos no século XVIII e XIX, em que surgiram as ideologias que salvariam a humanidade e nesta época a realidade era terrível para a maioria das pessoas. No século seguinte estas ideologias foram experimentadas com resultados nefastos. No Cambodja , um desses loucos matou 2 milhões de pessoas em 4 anos, pois queria que todos fossem para a lavoura. Ele queria fazer o bem, mas deu no que deu.
Hoje temos foros especializados em promover a justiça que se chamam judiciário. É o caminho civilizado para que a justiça seja feita, se é que isto é possível.
Na democracia pode se criar cooperativas e grupos, com bons advogados e reivindicar o que se deseja. É a luta civilizada.
Quem é contra se dar terras a quem não tem?
O Brasil tem terras sobrando e estão na mão do governo.
Agora, destriuir o que está funcionando é ser radical. Se está funcionando injustamente, o caminho é corrigir e não destruir. Radicalimos trazem fome, miséria e violência. A História já demonstrou isso.
A maioria esmagadora das pessoas são boas e ninguém em sã consciência quer o mal do próximo. Mas ser bom não é suficiente. Tem que se usar um mínimo de razão para contrapor ao sentimentalismo.
Viva a Paz.
Abraços, anônima

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Contra fome e a exclusão, contra o desamor e a injustiça, reafirmamos a vida como vocação e luta, sonho e esperança...
Nosso olhar sobre o mundo nos leva a pensar que um outro mundo é possível e necessário.
Outros se encontram felizes com este...
São olhares...
Eu canto a esperança e a vida. Vida Nova que plenifique a solidariedade e a alegria, a ternura e a justiça...
Abraço carinhoso, jorge