quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Diário de Bordo: direitos humanos

DIÁRIO DE BORDO: DIREITOS HUMANOS , POTÊNCIA DE VIDA - LIBERDADE E JUSTIÇA SOCIAL

                                      jorge bichuetti






Chove. Entretanto, não é o cinzento do céu com suas nuvens que me oprime o peito.

Chove e não se ouve nada além neste incompreensível silêncio.

Nem o som de uma canção; nem o piado de um pássaro, só este silêncio enlouquecedor.

Maldito silêncio...

Nele, grita, uiva, troveja... o passado.

A história não deixa de assombrar se persiste, nebulosa.

O Programa Nacional de Direitos Humanos - 3 está em cena, mas o Brasil não percebeu que a hora é agora.

Hora de libertar-se de uma vez por todas do nosso espúrio passado.

Tortutas, desaparecidos, assassinatos: crimes cruéis de um fascismo que um dia calou os sonhos de um povo e de uma pátria. Nossa pátria – mãe tão gentil...

O PNDH – 3 vem com o papel de instituir a inclusão social, a cidadania plena, a liberdade e a justiça.

... Os que temem os direitos do homem, com estatuto de proteção à vida e a liberdade, já se levantaram.

O plano é polêmico, dizem.

De onde falam: falam do poder falocêntrico e opressivo que não deseja um basta, não deseja que se cure as chagas da nossa vida social e da nossa história.

Negam:

- a Comissão da Verdade que deverá examinar os crimes cometidos pela ditadura militar no período de 1964 – 1985. Não querem punidos os responsáveis pela tortura, pelos desaparecimento e pelos assassinatos. Querem o esquecimento, pois , assim, esquecido o mal, ele volta sem dificuldades na hora que julgarem, de novo, necessário matar o sonho, castrar a liberdade e destruir os cidadãos;

O silêncio pesa...

É possível esquecer...

Tortura, nunca mais...

O fascismo de ontem silenciava, destruindo, hoje, ele destrói a possibilidade de uma sociedade se afirmar pela vida, destruíndo a memória, a história, sua palavra e seu julgamento, assim, querem o siilêncio.

Pau-de-arara, choque elétrico... As balas do fuzil... Agiram, mortificaram a vida e seus sonhos.

... Quem são autores destes crimes?

Silêncio.

Que país é este? – pergunta a canção.

Cazuza pede ¨Brasil mostra sua cara, quero ver quem paga pra gente ser assim...¨

E nós?

O silêncio me machuca...

Sem Gonzaguinha na vitrola, sem Elis na corda-bamba, sem os cartuns de Henfil...

Ah! Como machuca este silêncio...

Deixemos a comodidade do berço explêndido, e digamos algo...

Este silêncio, não!...

Que sejam julgados e condenados os culpados, sim; e que possamos retomar nossa história com a coragem de optar pelo radical respeito aos direitos humanos, pelo direito à diferença, pelo justiça e pela liberdade.

Portanto, quebremos o silêncio e falemos...

Comissão da Verdade, sim; pois, nós cantamoscom Dom Pedro Casaldáliga: eu creio na justiça e na esperança...

Obs. abordaremos na sequencia os outros pontos polêmicos do PNDH-3_

4 comentários:

Priscila Almeida disse...

Uma das maiores restrições aos direitos humanos é o PL do ato médico... Precisamos sim manifestar por nossos direitos e pelo direito do futuro. Pensar em um "nós" como força capaz de promover mudanças!

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Penso, e sinto que os atos de exclusão são sempre atos que mercadejam com a vida garatindo a dominação de dados espaços.
Cada profissão tem uma especificidade, que só quando no pôlo paranóico se afirma, na negação do outro.
A especialidade e a categoria em si, é uma segmentariedade circular que impede o novo.
Assim, o atomédico nega o novo que é a construção de uma equipe transversal e inventiva.
Nega- que a potência não se dá na dominação do específico excludente, mas na invenção de uma singulariladade.
... Todavia, o mais valioso seria pensar e construir zonas de transversalidade entre e no entre das trabalhadores de saúde.
- Contra o ato médico, e pela construção da singularidade do trabalhador de saude, lutemos...
Afinal, o médico , se aprovado o ato médico, se veria num posição difícil: saúde é direito de todos, e direito constitucional.
Nuclear, centralizando, é obrigar o médico a estar em toda parte e a toda hora para que se cumpra a constituição.
Contudo, esta impossibilidade não se faz necessário: o conceito de equipe e o agenciamento de ações transvesais viabliza o cuidado que o ato médico, por (des)ventura, aprovado tornaria impossíve.
Pelo direito à saúde, avancemos; retroceder a ferir a constituição.
Por um Pl da vida,
Por um Pl da liberdade,
e por um PL da trans-solidariedade...
Lutemos.jorge bichuetti

Camila Bahia Leite disse...

O PL do ato médico, fere tudo que vem sendo proposto em termos de sáude dentro do país, além de desrespeitar os direitos individuais, a possibilidade de escolha do usuário,impede a atuação dos outros profissionais, em sua autonomia e ética. Em outras palavras, manicomiza as relações, a saúde, a ética, e os próprios médicos, que se veriam presos em seu próprio engôdo e tirania.É um ato político, contra a própria política, uma vez que política, é a ética da "polis", da cidade, ou seja, do povo.Em si, é anti-democrático.
Cabe a nós profissionais (agentes sociais e de vida), a percepção crítica da delicadeza do momento e a sensibilidade na luta conscientizante sobre os direitos civis, humanos e éticos, em prol de uma vida comum solidária, justa e verdadeiramente democrática.
Que os gritos por liberdade, direitos e vida ecoem por toda parte...

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Assim, revivemos o sonho... com respeito aos direitos e sem desejo de tranformar nosso trabalho num negócio que se afirme na negação do outro.