domingo, 31 de janeiro de 2010

Lições de Baremblitt : meter o o corpo

METER O CORPO NO ESQUIZODRAMA

                                                 jorge bichueti






Casa do Folclore, Encontro de Esquizodrama, Uberaba. Era um fim de tarde com o sonoro canto da natureza e com o céu já num rosa-lilás-vermelho que chamava à quietude e à meditação.

Ocorria o último esquizodrama, final de encontro: conversas, abraços, alegria...

Chegando para plenária final, e vendo um intenso esquizodrama, vivo e alegre, potente e encantado, Gregorio afirmou, com voz firme e clara:

- En esquizodrama, hay que meter el cuerpo...

De fato, o esquizodrama - drama do devir – é um trabalho de experimentações na intensidade onde é fundamental ter-se nele o corpo – de todos, coordenadores e participantes, ter-se metido o corpo

Spinoza puro – o que pode um corpo...

A dramatização que é intensidade visceral de Deleuze- Foucault.

Então, pensamos é...

Tentando aprofundar meu entendimento, já que sempre pressinto nos comentários do professor Gregorio férteis linhas de produção.

Multipliquei o escutado, com singelas anotações que fiz nos dicionários...

Meter, do latin mittêre – voltar, enviar...

Nosso corpo vive ausente, somos demasidos racionais, se necessitamos de sua potência, urge presentificá-lo, fazê-lo voltar a cena, enviá-lo ao encontro, para que não seja este encontro-trabalho mero bla-bla-bla ou representação cinematográfica.

Para a Real Academia, meter é prender, introduzir, incluir em algo, ocasionar, isto é, poder criativo, colocar / por, gastar, dedicar, provocar...

E  meter-se é, então, refletir: refletir, elaborar, pensar com o corpo...

Na Argentina, metejón é enamoramento e grande atração... poder de sedução...

O corpo pode e no esquizodrama pode produzir-se novo, se presente, todo mergulhado no trabalho com paixão, e é por tudo isso, que podemos dizer que o importante no esquizodrama é a pele, as vísceras , o corpo presentificado na intensidade das paixões alegres e libertado do seu estropiamento cotidiano, para se meter na coisa como posição de desejo e vontade de potência.

Ali, um corpo pode ocasionar devires e, também, devir-se corpo novo.

E, assim, não é de extranhar-se que sempre nos surpreendamos com o que pode um esquizodrama...

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