Sobre a potência de um corpo e de uma equipe
jorge bichuetti
A saúde e sua expressão de clínica ampliada é potência?
A clínica passiva, ortopédica, de normatização é sempre captura, reprodução e antiprodução.¨´lá um corpo extendido no cão, em vez de uma prece, uma praga de alguém.
e um silêncio servindo de amém¨.
Assim, nesta perspectiva, Baremblitt conceituou Klínica: com K, de movimento, devir...
A clínica ampliada na potência da transversalidade de uma equipe tende a se dar como Klínica.
O que pode um corpo?
Pode produzir vida, alegria, ternura e suavidade.
Onde mora a potência?
Para a esquizoanálise, nos es e nos entres que alisando a vida possibilita a emergência do novo, do diferente, do devir.
A clínica ampliada é um processo de cuidado que gera alisamento, perda das segmentaridades típicas dos especialistas e das relações verticais e com centro.
Neste sentido, parece claro que uma clínica ampliada, se potente, o é por funcionar rizomaticamente.
Ela, então, se verá com dois problemas valiosos.
Primeiro, a necesidade de superar-se enquanto somatória de atos individuais de especialistas, para se construir no entre das singularidades dos seus atores e de suas ações, com, igualmente, se sentirá levada a gerar zonas de transversalidade.
Segundo, nosso conceito de saúde precisa modificar-se.
Na clínica tradicional, ele é dado por uma visão de que doença é negatividade, defeito, falência...
Consequentemente, o doente torna-se nulidade.
Deleuze, viu na doença um alisamento do Corpo Cheio e, assim, a defnia como potência.
... Uma nova potência. Negada por um mundo que vive a ditadura da vitória, da força bruta, da juventude e da felicidade ( Foucault ).
A potência que existe na doença é a da suavidade. Abre-se a possibilidade de se devir suavidade.
... Uma quebra do narcisismo das equipes e na sua rostridade.
... Uma quebra no nosso ideal de busca do elixir da vida eterna.
Novas buscas, novas interlocuções: a clínica agora é fonte de potência de vida que se abre ao devir.
Deste modo, voltamos a Canguilhen: saúde e doença são modos de andar a vida.
Nossas ações: intervenções de produção de alegria e ternura, solidariedade e suavidade.
Neste mesmo sentido, Rotelli ousou trocar o conceito de cura pelo de emancipação.
¨Viver e não ter a vergonha de ser feliz¨.
¨Viver não necessário. Necessário é criar¨.
Para todos, o direito de ¨um amor com sabor de fruta mordida¨
* Este é um diálogo com a amiga Cris de Chapecó. Provisório e descartável. Entre livros, poesias e canções... Tudo é fugaz, se não permeamos nossos atos e palavras com um ousado e insurgente desejo de libertação.
Por uma Klínica que sonhe com a NOVA TERRA, e com um POVO POR-VIR...
2 comentários:
Sempre aprendendo com vc!
Pamela, aprendemos na caminhanda. No entre dos nossos encontros...
E, principalmente, aprendemos na ousadia prudente de experimentar o novo e o diferente.
abraços
jorge bichuetti
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