quarta-feira, 22 de setembro de 2010

DIARIO DE BORDO: CONGRESSO DE ESQUIZOANÁLISE E ESQUIZODRAMA, BALANÇO E PERSPECTIVAS

                                                                                      JORGE BICHUETTI
Madrugada. Oa álamos bailam, mansamente; o lua discretamente adormecida e os pássaros já com suas cantigas de saudação ao sol, que presentem em suas penas encantadas.
Tudo me envolve para que possa começar uma avaliação do nosso congresso - uma avaliação que espero que todos acrescentem com seus comentários para que possamos sedimentar esta construção coletiva como um espaço de afirmação da vida e de produção de agenciamentos libertários.
O II Congresso Internacional de Esquizoanálise e Esquizodrama, para mim, foium explêndido acontecimento.
Debates ricos e densos, conversas singelas e fecundantes, esquizodramas intensos e alegres: um congresso que não consigo definir se foi um invasão de homens-passarinhos que ocuparam o Olimpo ou se o que aconteceu foi que os deuses andaram sapateando no chão da vida.
Totalizaram quase quinhentos participantes...
Portugal, Espanha, Argentina, Uruguay e gente de todas as regiões do Brasil...
O clima seco e árdo desta época do ano, se viu subvertido por um calor humano refrescante e vitalizante.
Quanto aprendemos!...
O novo e a realteridade não se dá na relação eu-outro, se realiza quando este espaço se alisa num nós comprometido e cúmplice.E é um nós que carrega uma multidão...
A falta não gera nem vida,nem cura: estas se processam por afirmação, divergência e criatividade.
O cuidado permeia a vida, numa normótica que esquateja o existir, urge , então, inventar um cuidado de encontro, vínculo e de alegria.
A arte... A performace... As lutas dos que buscam autonomia e dignidade...
Quanta gente boa!
Nomeá-las seria impossível.
A fogueira bailou, as sereias mergulharam num mar azul de paz e serenidade, a juventude, querubins turbinados de vida e liberdade...
Diante de tanto prazer, num mundo cinzento, apresento uma reinvindicação: que o Professor Gregorio Baremblitt, que a Dra Margarete Amorin e a Dra Maria de Fátima Oliveira, principais articulistas deste encontro mágico e poético, de sabedoria e experimentações possam se reunir e marcar o próximo encontro, na certeza de que a vida não sobrevive sem espaços de vida e que os sonhos não se consolidam sem os espaços de partilha, que na ternura dos bons encontros os transformam em realidade.

8 comentários:

Samara Dairel Ribeiro disse...

Oi amigo, que bom tê-lo de volta, com a força da vida pulsando em seu ser intensa e esperançosamente. Não há prazer maior que sentí-la assim, fonte inesgotável de amor...
Faço coro ao seu clamor, e peço àqueles que estão juntos nesta missão pela vida, que se apresentem para a construção do próximo passo. Gregorio, Fátima, Jorge, Margareth, NÓS. Vamos juntos!!!
beijos, samara

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Sim, amiga, a hora é de mirar o horizonte e semear juntos, todos nós, alvoreceres de vida e suavidade.
Juntos, construiremos nosso porto enossos vôos; entre sereias encantadas e estrelas bailarinas. Obrigado eplo carinho, jorge

Fernando Yonezawa disse...

Querido amigo e Mestre Jorge!
Se posso definir a multiplicidade que senti em Uberaba... só somos livres se estivermos fortes e juntos!

"Vivir combatiendo!" (Madres de la Plaza de Mayo) É isso que senti ficar mais claro e forte em mim, porque lá encontrei parceiros para isso.

Lá posso dizer que o afecto de guerrilha se fortaleceu ainda mais, porque lá fomos alegres. E só podemos ser alegres se somos fortes e só somos fortes estando juntos, compartilhando afectos, nos acompanhando.

Eu disse na assembléia "Tem muito deleuzeano por aí, mas quando a gente vê aqui pão de queijo a 50 centavos é porque se está fazendo economia solidária, se está fazendo esquizoanálise até no pão de queijo e isso, isso tá muito difícil de encontrar nos deleuzeanos por aí."

O Congresso foi construído coletivamente e foi capaz de produzir muita alegria, muito amor e companheirismo entre as pessoas. Como definiu bem o Kazi: política amorosa. Foi capaz de combater com muita força, em cada gesto, ao mesmo tempo que com muita alegria e carinho.

Ficamos, meu coletivo e eu, até o fim do esquizodrama coletivo, ou seja, até meia-noite. Há muito que não sentia o peito sufocado de sensações tão fortes e alegres, de amores tão genuínos e delicados. E posso dizer: é pouco! Que venha mais!

Vivemos entediados, num modo de subjetividade que faz tudo para sermos felizes, que coloca a meta da vida na felicidade... mas como bom artista marcial, digo: não vivemos para ser felizes, mas para sermos fortes, para combater, encontrar forças mais fortes que as nossas e tomá-las. Felicidade é essa miséria que encontramos no shopping. Mas a alegria, não! A alegria é uma força e só tem como ficar mais forte de alegria produzindo esses encontros como foi o congresso, cheio de cuidado e amor, misturado com guerrilha e combate. Combate-se não para destruir, para vencer, mas para ficarmos fortes, nos alegramos.

Em Uberaba encontrei o punho duro, o afecto projétil da máquina de guerra. Mas também encontrei o CsO do amor mais delicado, mais corajoso, de pessoas fortes, que não têm medo de abraçar de corpo inteiro, de tronco inteiro, de frente.

Em Uberaba não havia essa gente acadêmica, toda conformadinha, pudica e medrosa, que abraça a gente com as mãos, ou de lado. Eu cansei disso, desse jeitinho livresco e acadêmico de se apropriar de Deleuze (sem Guattari), de parecer nobre, quando se é apenas um burguês de barriga cheia, bem adaptado, bem conformado, comportadinho e envergonhado.

Uberaba me fez alegre, porque pude me surpreender com muita gente forte, porque saí mais forte e cheio de companhia de muita gente.

Só assim podemos ser livres: juntos e fortes!

Fernando Yonezawa disse...

Querido amigo e Mestre Jorge!
Se posso definir a multiplicidade que senti em Uberaba... só somos livres se estivermos fortes e juntos!

"Vivir combatiendo!" (Madres de la Plaza de Mayo) É isso que senti ficar mais claro e forte em mim, porque lá encontrei parceiros para isso.

Lá posso dizer que o afecto de guerrilha se fortaleceu ainda mais, porque lá fomos alegres. E só podemos ser alegres se somos fortes e só somos fortes estando juntos, compartilhando afectos, nos acompanhando.

Eu disse na assembléia "Tem muito deleuzeano por aí, mas quando a gente vê aqui pão de queijo a 50 centavos é porque se está fazendo economia solidária, se está fazendo esquizoanálise até no pão de queijo e isso, isso tá muito difícil de encontrar nos deleuzeanos por aí."

O Congresso foi construído coletivamente e foi capaz de produzir muita alegria, muito amor e companheirismo entre as pessoas. Como definiu bem o Kazi: política amorosa. Foi capaz de combater com muita força, em cada gesto, ao mesmo tempo que com muita alegria e carinho.

Ficamos, meu coletivo e eu, até o fim do esquizodrama coletivo, ou seja, até meia-noite. Há muito que não sentia o peito sufocado de sensações tão fortes e alegres, de amores tão genuínos e delicados. E posso dizer: é pouco! Que venha mais!

Vivemos entediados, num modo de subjetividade que faz tudo para sermos felizes, que coloca a meta da vida na felicidade... mas como bom artista marcial, digo: não vivemos para ser felizes, mas para sermos fortes, para combater, encontrar forças mais fortes que as nossas e tomá-las. Felicidade é essa miséria que encontramos no shopping. Mas a alegria, não! A alegria é uma força e só tem como ficar mais forte de alegria produzindo esses encontros como foi o congresso, cheio de cuidado e amor, misturado com guerrilha e combate. Combate-se não para destruir, para vencer, mas para ficarmos fortes, nos alegramos.

Em Uberaba encontrei o punho duro, o afecto projétil da máquina de guerra. Mas também encontrei o CsO do amor mais delicado, mais corajoso, de pessoas fortes, que não têm medo de abraçar de corpo inteiro, de tronco inteiro, de frente.

Fernando Yonezawa disse...

Em Uberaba não havia essa gente acadêmica, toda conformadinha, pudica e medrosa, que abraça a gente com as mãos, ou de lado. Eu cansei disso, desse jeitinho livresco e acadêmico de se apropriar de Deleuze (sem Guattari), de parecer nobre, quando se é apenas um burguês de barriga cheia, bem adaptado, bem conformado, comportadinho e envergonhado.

Uberaba me fez alegre, porque pude me surpreender com muita gente forte, porque saí mais forte e cheio de companhia de muita gente.

Só assim podemos ser livres: juntos e fortes!

Beijos e abraços!
Fernando Yonezawa

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Fernando, sua tenura-guerreira, e sua sabedoria humilde são forças que geram os entres deste Congresso que nos permitem voar e sonhar, num devir amor-amizade que quebra a solidão dos dias cinzentos. Obrigado, Fernando ,, amigo-companheiro e inventor de vidas nômades.Com carinho jorge

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Querido Fernando, um bis na alegria de vê-lo e sentir sua potência de quem coletiviza o devir para devir-se numa multiplicidade de vidas que se dão entre as flores e as estrelas, entre a semente e o fruto, entre o beijo e a compaixão.
Lhe amamos, guerreiro Fernando.

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

A esquizoanálise no congresso de Uberaba foi, como expressou Fernando, desejo-revolução num caminho de sonhos e ferment-ação.
Beijos jorge