domingo, 25 de novembro de 2012

DIÁRIO DE BORDO: E, AGORA, LUINHA???...

                                 Jorge Bichuetti

Chove, madrugada silenciosa... No quintal, o verde mato e as coloridas flores.... fazem poesia de gratidão ante a água da chuva que cai, mansa e serena... Aconchego maternal do cosmo.
Eu aqui acordado:  olhando a fumaça do cigarro, escuto a respiração leve da minha pequena Luinha...
Cuido, desajeitado... Amo-a com a intensidade da vida que acode, aqui e acolá, as peripécias da criação.
Luinha, é terna e amiga... e, como se mostrou corajosa... Ontem, num pequeno acidente perdeu sua unha... Sangue e desespero... Embora, ela continuasse brincando...
Dormiu um longo tempo comigo... na tarde que também a chuva nos deixava com a impressão de que rodopiamos no infinito no ventre do amor maternal que vela por tudo: vela pelos flores pequenas que margeiam os íngremes caminhos; vela pelas estrelas da imensidão que bailam na escuridão da noite...
Havia e há nuvens no luar que busco manter acesso, como uma vela, no casebre do meu coração...
Vejo os medicamentos, cronometro os curativos... Nino-a com mi'as cantigas de gente grande...
De hora em hora, observo-a: ela dorme. sono tranquilo... E eu só queria saber alguma bruxaria para dar-lhe sonhos de paz e alegria...
Ela, logo, estará travessa e encantadora...
Nunca havia sentido (sabia!) das longas vigílias que minha mãe realizou, dedicada e devotada, nas noites da minha infância, quando febril... machucado... ou triste... pedia com meus olhinhos de cão um cadinho de carinho, u'a presença que afugentasse a monstruosa solidão...
A solidão é monstro selvagem.... quando nos sentimos frágeis...
O carinho dela era carinho experiente; amor vivido nas agruras do se dar para cuidar...
O meu, amor-menino... Dedicação medrosa... Medo de não ser capaz...
Mas, recordo e me tranquilo: o amor-cuidado é a poesia instintiva da própria vida que ordena e desordena, para que superando-nos, desnudemos na solidariedade viva o fio do destino que tece manhãs e amanhãs...
Homens, mulheres... crianças, velhos... todos podemos aprender ( um recordar, na poesia da ternura; um descobrir na arte da compaixão)... podemos aprender a devir mãe ante a dor do outro... Mãe; amor-cuidado...
Assim, o ruído das balas que aniquilam, mortificam e matam... calarão; e, o mundo se reencontrará na beleza do amor que agrega, cuida, vela... Vela acesa na escuridão; vela-leme nas travessias do mar...


POESIA: MIRAGENS NO ENTRE DOS CAMINHOS

                       NO BARCO
                              Jorge Bichuetti

No barco, sigo... navego
mares serenos e agitados;
se me arrepia a pele, meu
coração só vê o azul do
horizonte e a multidão de
peixes que pulam, bailam
saltando ondas, no picadeiro
das aventuras circenses que 
revela  grandiosidades e nem
conta, que no fundo, há um
paraíso de peixinhos miúdos,
pintados à mão, um a um, na
beleza singular da vida fora
das enciclopédias, da vida
na ternura do húmus germinal
que tece deuses infinitesimais...


                          AMOR INVENTADO
                                       Jorge Bichuetti

Amores passaram, e, se doídos no ciúme,
foram miragens nos adeuses já esquecidos...

Amores brilharam, e, se a magia era bela,
o tempo os fizeram cinzas, pó nas amareladas
recordações que desencantadas, morreram
sem lágrimas que lhes dessem eternidade...

Ah!!! já os amores inventados na poesia
dos sonhos de felicidade imaculada, voam...
e, ainda hoje, são estrelas nas noites solitárias...


MESTRES DO CAMINHO: HÁ SEMPRE UMA LUA NO CAMINHO...

                  REFLEXÕES:

- "Existem noites em que os lobos ficam em silêncio, e apenas a lua uiva." George Carlin

- "Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive." Fernando Pessoa

- "Aqui de cima do telhado a lua prateava" Manoel de Barros








sexta-feira, 23 de novembro de 2012

DA CUMBIA DANÇANTE AOS POEMAS DE MARIO BENEDETTI - URUGUAY, TIERRA HERMANA

AREIA E MAR
    CORPOS
  ARDÊNCIA
A    FLOR   DA
    PAIXÃO
    ONDEIA PELE;
    FISGA CORAÇÃO...

                     JORGE BICHUETTI


ENTREVISTA COM MARIO BENEDETTI


O POEMA " SE DEUS FOSSE MULHER" - BENEDETTI


DIÁRIO DE BORDO: VIVER É FAZER CABER NO CAMINHO TODAS EXPRESSÕES DA VIDA...

                         Jorge Bichuetti

Céu estrelado; acordei... Em êxtase, eu e minha pequena Luinha miramos, com reverência a imensidão, e parecia que as estrelas brilhavam, bailando, suavemente... Uma ciranda trans-sideral... Havia beleza e eloqüência... Versos silenciosos percorriam o infinito, semeando sonhos. Sonhos Azuis.
No quintal, o cheiro de mato me trazia lembranças ancestrais... Um dia, os Caiapós aqui viram e foram vistos, amaram e foram amados pela imensidão do céu estrelado que é a grande epopeia do amor incondicional...
Tentei ver a Lua... A que incendeia de paixões e orações a quietude da noite... Não há vi... O céu não estava nublado...
Na cidade, é assim... Tem muitos muros, edifícios... A cidade é terra recortada...
Senti saudades da amplidão do cerrado... Mas, se chorei, não o fiz por mim...Cultivo a miragem do luar, diuturnamente... Pensei nas vidas maltratadas pela intolerância e pelos preconceitos... que são muros e cercas mentais e sociais que segregam, marginalizam, discriminam...
Na nossa aldeia global, pode... o que é vitorioso, glamouroso, vencedor... pode a normalidade institucionalizada... Não cabe a diferença; a singularidade... os novos modos de ser e existir...
As instituições normativas, ora usam da força bruta; ora, dissimuladas, excluem com o olhar maligno, com a palavra ferina, com as inibições que forjam no ato de marginalizar, menosprezar, desvalorizar...
Um mundo intolerante é naturalmente um mundo de violências...
Um mundo preconceituoso é expontaneamente um mundo que decreta a morte física ou civil...
A intolerância e o preconceito são forças antagônicas ao amor...
Mutilam a capacidade de ternura e compaixão que divinizam o humano...
Um árabe, um índio, um morador de rua, um gay, um louco... todos, e outros tantos, vivenciam no corpo e na alma o calvário de suportarem a cruz que carregam, a cruz das suas próprias vidas negadas...
Queremos paz...
Queremos a não-violência...
Queremos amor...
Mas, paz, não-violência e amor só existem se instituirmos na vida e no mundo o paradigma da Intolerância Zero...
A compreensão, o respeito, a inclusão social abre caminhos no coração da vida... A intolerância mata, inclemente, a própria vida...


POESIA: O VOO DAS PALAVRAS...

            O VOO DAS PALAVRAS
                                     Jorge Bichuetti

As palavras voam; aves
ávidas de céu e mar...

Na minha boca, saboreio-as:
umas me dão o o sabor doce
das comidas no fogão-de-lenha,
onde a vida proseava sobre o
mundo daqui e o outro, florido
de estrelas nas noites de luar...
Outras comidas eram... o pão;
pão místico na eucaristia profana
dos sonhos que pesavam o suor 
da luta, e, assim, era pão repartido
na utopia da vida remoçada no amor
que derrubaria muros e cercas para
os abraços da nossa terna humanidade...

As palavras voam; asas
da vida... contam o ontem
na incansável espera da aurora
que tarda... mas, que um dia, virá,
no canto matinal da liberade...

Aí, então, as palavras adormecerão
na quietude do silêncio de um mundo
vazio de lágrimas, chagas e dores...


                           Pão Nosso
                                 Jorge Bichuetti

Há fome; mas, há pão...
Pão no celeiro; pão nos lixões...
Há muitos pães... e tanta fome:
mãos opulentas e mãos vazias;
um reino de egos que sabem
tecer pontes sobre rios, mas não
sabem atar vidas nas asas do nosso,
palavra contida que tornou-se 
palavra rebelada:
- a voz olvidada dos deuses...


BONS ENCONTROS: O CORPO SEVICIADO NO CAPITALISMO - FALTA VERSUS EXCESSO...

         Excesso

               Amauri Ferreira

Apontamos o que seria a crise relacionada ao corpo reduzido ao hábito: o esgotamento e o embotamento dos sentidos são sintomas dessa crise. Não é novidade que o capitalismo nunca se opôs à crise ao fazer dela um problema para ser administrado, e não solucionado. Se os corpos confinados da sociedade disciplinar foram, num certo sentido, flexibilizados nas suas relações pela sociedade de controle, é evidente que essa composição entre disciplina-controle jamais resolveu a crise que assola os indivíduos. Percebemos que vivemos, de modo acentuado nos grandes centros urbanos, numa sociedade de excesso – excesso de estímulos que nos atingem (principalmente pelo uso estúpido das novas tecnologias), cuja quantidade e velocidade não acelera a produção de intensidades, mas, ao contrário, acelera a quase ausência de intensidades e seu correspondente imediato, que é a demanda cada vez maior por pequenas doses de prazer. Um pequeno prazer associado a um estímulo visual, por exemplo: a obtenção é cada vez mais facilitada, “democratizada”, todos têm direito ao prazer (afinal, diante da oferta por prazeres, por que ficar triste?). Como tudo acaba, surge uma angústia que é suspensa temporariamente de modo fácil, simples: basta estar conectado e “clicar”. “Conectados vivemos melhor”: este slogan, vindo de uma grande empresa de telecomunicações, nos leva a suspeitar daquilo que dizem ser “melhor” para nós... Na sociedade de excesso, o déficit de prazer não é o seu oposto. Mas, ao que nos parece, o excesso, ao invés de ser a carta na manga que o capitalismo lançou mão para administrar a crise que surge pela redução dos corpos ao hábito (mesmo quando os hábitos são substituídos por outros que são impostos de fora), pode conduzir os corpos esgotados no extremo da crise – um esgotamento que talvez não seja mais possível ser administrado. Portanto, a relação entre excesso-déficit pode, enfim, tornar-se fecunda porque essa crise não é mais disfarçada pela indústria do prazer efêmero e aí, neste ponto, as coisas começam a ficar realmente sérias do ponto de vista dos defensores de uma suposta “saúde”, “bem-estar”, “tranquilidade” e “equilíbrio” para os indivíduos esgotados – uma crise assim pode ameaçar seriamente a reprodução da matéria humana que é necessária para a manutenção do sistema econômico vigente.  
DO BLOG: http://amauriferreira.blogspot.com.br/ 
 

MESTRES DO CAMINHO: A VIDA NAS LIÇÕES DE JUVENAL ARDUNUI

 

                                                     REFLEXÕES:

- "Viver é a grande aspiração da humanidade." p. 57

- "Vida é potencial da evolução criadora. É preciso a densidade da vida humana. Vida não se banaliza. Desperdiçar a vida é estragar a humanidade. " p. 57

- "Não basta educar a vida, é preciso educar-se para a vida. Há que recolher os grâos da vida que estão espalhados pelo mundo. Importa manter a pulsação da vida e não largá-la como estorvo." p.57

- " Vida é morada dos segredos.É arquivo da sabedoria e esconderijos de absurdos." p. 57

- "A vida é pergrina. Não se cansa de caminhar.Ela chega, reflete e parte de novo. Não é preguiçosa. É andarilha. A paixão é concretizar a utopia. Acredita que pode fazer mais um passo. Vida é reboliço, não estagnação. É teimosia, não medrosa.Tem a coragem de carregar fardos. Não foge." p 57 e 58

- "Perder o rumo da vida é desorientar-se. É patinar e retroceder." p. 58

- "A humanidade é chamada a caçar o sentido da vida e a vida do sentido. Vida sem sentido é vida frustrada e vazia. Quanto falta o sentido, a vida rola pelos abismos." p. 58

- " Vida é solidariedade. Vida são olhares que se cruzam, mãos que se estreitam, passos que se interligam." p. 58

- "Cada vida é diferente. Mesmo nas multidões, as vidas não se repetem, há sempre um traço imprevisível, algum aceno inesperado." p. 58
- " O impulso vital supera obstáculos e leva a humanidade a verdejar." p 58

- "Da madrugada ao crepúsculo, somos todos responsáveis pela vida." p. 59
                                                             
                                                       JUVENAL ARDUINI, IN: TECIDO SOCIAL

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

DIÁRIO DE BORDO: A VIDA REVIGORA-SE NOS CAMINHOS DOS SONHOS

                              Jorge Bichuetti

O sol nasceu... entre nuvens que partiam e a passarada que despertava... No quintal, orvalho... o cheiro das rosas... o limoeiro, ávido de frutos... o pé de romã, preguiçoso... Meus álamos, quietos, meditam...
A vida não cansa... não desiste... brinca, não vence nem é derrotada...
Ela, aos meus olhos, fica sempre no limite dos sonhos: ora, onírica, vê o além das coisas; ora, contagia a realidade com as cores do sonho...
Muitos, desprezam os sonhos: metafísica, idealismo, magia transcendental...
Mas, os sonhos persistem... são incubadoras, sementeiras... profecias que atiçam o fogo da luta; acordando os germes da mudança.
Viver é mudar...
Mudamos sempre...
O que ontem era verdade incondicional; hoje, triturado pelo vento do tempo, é cinzas... poeira no caminho, turvando-nos a visão do novo nascido nas entrelinhas da vida onde esta mesclou-se com os sonhos germinativos, que florescem poesia do amanhã.
A razão matemática segmenta a vida... risca o espaço e petrifica as grutas da exclusão...
O sonho alisa caminhos... cria fontes e pontes... gera asas... dá o pulo sobre o abismo...
Viver é antecipar amanhãs, povoando o hoje com o que estaria por-vir...
Ousemos sonhar; ousemos lutar...
Semeemos flores, entre pedras... sonhos, entre espinhos...
Busquemos um tempo de ternura e compaixão...
O solidão é a aridez da terra rachada na ausência das mãos que semeiam flores e sonhos.
Não deixemos o mundo seguir moribundo, agônico...
Cantemos o canto da vida...
Dancemos com os tambores da alegria...
Andemos guiados pelo farol da esperança...
A vida só fenece na escuridão do negativismo, daqueles que fizeram da desistência um estar no mundo, vegetando...  numa apatia cinzenta...
Há cores no jardim... cantos nos quintais... estrelas na noite...


segunda-feira, 19 de novembro de 2012

DIÁRIO DE BORDO: PALAVRAS DA MANHÃ...

                      Jorge Bichuetti

O céu claro... com nuvens bailarinas que rodopiam, graciosas...O quintal, florido e verdejante... Os álamos teimam em tocar com suas folhas o horizonte azul... Pássaros cantam; ruídos distantes falam da cidade acordada... Luinha dorme: dengosa, abriu um olhinho, escondendo o outro, e suspirou desejos de sono prolongado...Feliz, a acomodei nas almofadas... Triste, sinto sua falta...
Busco palavras e elas fogem... parecem fantasmas da mente que diáfanos nunca permanecem visíveis muito tempo.
Tendo caçar uma e outra... O orvalho da manhã retêm consigo mais palavras...
Fala, canta, conta histórias...
A manhã é um livro aberto às cenas do próximo capítulo... Mas, a manhã é ávida, deseja revelar seus enigmas...
Aprendo tanto com as manhãs...
Acho que teimam para que eu diga: viver é recomeçar... Se colore de esperança; acentua os cantos da alegria... Há paz no amanhecer...
Não uma paz alienada das dores das guerras, das violências diárias... Uma paz que advinha no humano a sua ternura encolhida; a sua suavidade camuflada...
A manhã é vigorosa; mas, alija de si a força bruta...
Para muitos caminhar é conquistar, dominar, subjugar...
A suavidade das manhãs falam de outras realizações...
Canta a fecundidade do orvalho; o nomadismo procriador do vento... Dialoga com as cores do infinito; e não entende o por que reduzimos nossas vidas da trágico-comédia dos redemoinhos da infelicidade...
Regateira, a roseira multiplica-se e se dá...
Nós fazemos tanto por nós mesmos; somos tão contidos na arte de alegrar a vida e dar-se, generosamente...
Gastamos palavras na economia das ações dignificantes...
Perturbamos silêncio com palavras hostis e invejosas...
A manhã nasce e abre caminhos para o sol... desaparecendo imperceptível; porém, deixa o húmus e o cio da vida nova...


POESIA: VIDA DE MENINO

                  HÁ UM MENINO
                            Jorge Bichuetti

Há a um menino
que me doma e assume
meu corpo velho e cansado...

Ele chega e já 
tece sonhos e cirandas;
nem pensa nas mi'as dores reumáticas...

Gosta de rir e
de pensar que pode desenhar,
nos caminhos íngremes, o voo

e voando nas asas
do meu menino, eu sei...
que entre o hoje e o amanhã,
há o alvorcer do arco e da flecha,
há o florescer das estrelas cadentes
que riscam o céu, chamando
o homem para inventá-lo no chão...


                AS PIPAS
                       Jorge Bichuetti

Bailando, no céu, uma pipa é
u'a poesia de liberdade que trisca o infinito,
roubando-lhe o picadeiro; logo, dele,
que a lona circense das alegrias humanos
da casa dos deuses... onde palhaços e mágicos
inventam num chapéu velho novas alegrias...



MESTRES DO CAMINHO: O QUE PODE UM SONHO...

                      REFLEXÕES:

- "O meu maior desejo sempre foi o de aumentar a noite para a conseguir encher de sonhos" Virginia Woolf

- "Matar o sonho é matarmo-nos. É mutilar a nossa alma. O sonho é o que temos de realmente nosso, de impenetravelmente e inexpugnavelmente nosso." Fernando Pessoa

- "Sonhar é acordar-se para dentro." Mario Quintana

- "Sonha e serás livre de espírito... luta e serás livre na vida." Che Guevara





domingo, 18 de novembro de 2012

DIÁRIO DE BORDO: NAS CORDAS DO TEMPO, A MÚSICA DA FELICIDADE...

                        Jorge Bichuetti

Madruguei... escrevendo me pequei atordoado pelo fuso da internet que jogava, impetuosa, para o ontem... O tempo nunca é igual: os relógios ludibriam as pessoas, para que elas nunca perguntem: qual é o tempo do meu coração?...
O café quente; o canto dos passarinhos... a Luinha no seu vaivém, com dengos e jogos, querendo o dia, me fez crer na força da aurora... Sol nascente; a última estrela... Era domingo...
A Luinha me fiscaliza; assim, se ela não reclama, confio... é hora de trabalhar, escrever, pensar...
Dormimos muito cedo... Adiantamos, deste modo, um dia...
Converso com o vento e ele, velho andarilho, só sabe do tempo nas pulsações dos acontecimentos.
Toda hora é tempo de viver... E sonhar é um viver, que como a poesia, subverte o cronos... e fala de outras temporalidades...
O tempo das dores, das dificuldades, das frustrações parecem, só parecem, tempo infindável...
O tempo das alegrias, dos bons encontros, da criatividade é acelerado, veloz cavalga no vento...
Dele, pucos, usufruem... já que poucos aprendem a deixar a vida tatuar os acontecimentos na tela dos nossos corações...
Olhamos para ele nostálgicos; como se ele não tivesse marcado definitivamente nossas vidas...
O tempo perdido é tão-somente o tempo da completa inutilidade...
Mas, aqui, cabe uma indagação: o que é útil?...Para um banqueiro, é o cofre recheado; para um passarinho, é a rosa desabrochada...
Para os que amam, é o beijo, o carinho... o caminho percorrido de mãos dadas...
Para os que desconhecem o que pode o amor, é tempo ruídos... pois, nele, cala-se o coração...
A criança brinca... o jovem aventura-se... o adulto trabalha... o velho recorda... Tempos segmentados e robotizados; excludentes...
Sempre podemos viver brincadeiras, aventuras, trabalhos criativos, recordações fecundas e fecundantes onde o tempo é subvertido e que foi ontem gera a invenção de novos amanhãs...
Viver é caminhar no tempo, semeando as floradas do próprio porvir...
Existir, sendo consumido pelo passar do tempo é só um modo de existir...
Um existir que nega o que pode um coração... Ele é muscular, ósseo: petrificado....
O coração é atemporal...dialoga com caminhos e sonhos; tece mar e cais...
Muitos olham o tempo e, afoitos, declaram-se inúteis... somos sempre capazes de mar, sonhar, brincar, acolher, acariciar, dar-se e receber... somos sempre capazes de desenhar no infinito nossa vida de suavidade e ternura, arte e magia... Podemos...
Sempre podemos viver na intensidade amorosa e terna do que pode um coração...
A impotência declarada, de fora, pelo status quo, é uma avaliação da capacidade de explorar e ser explorado, de dominar e ser dominado...
Há outra potência...
Há outra primavera...
Há a vida que se alegra nos voos da ternura e da liberdade; que se intensifica na suavidade das sociabilidades solidárias...
A morte antecipada é uma castração das experiências não-vividas... clamadas pelo horizonte azul...
O tempo nem o sonho acabou...
Eles que estiveram tantos anos divorciados, encontram no tempo livre a oportunidade de se abraçarem para inventar a vida de alegria e paz, suavidade e ternura...
Ontem, tempo era dinheiro; agora, pode ser vida... felicidade tristeza partilhadas... arte e aventura nos caminhos que acabam com os desertos humanos na sementeira das floradas estelares, cósmicas... da vida que cria e se reinventa na alegria de jamis parar de amar...
Busquemos nossa vida passarinheira...


POESIA: ENTRE CANÇÕES, POESIAS... PALAVRAS NOS SOPROS DO CORAÇÃO...

              VAGALUME
                   Jorge Bichuetti

 VAGO    no    LUME
Estrelas E Fagulhas
clareiras da mi'a noite:
sonhos alados na arte
  de ser no espinho
         FLORES;
   na escuridão, u'a
           VELA
 No Barco Do Infinito.


                           MEU DESTINO
                                     Jorge Bichuetti

Meu destino joguei nas cartas
de amor; búzios e tarôs: depois,
esperei olhares e beijos nas flores
que plantei na mi'a pele para ser
no ardor da paixão u'a suave primavera...



MESTRES DO CAMINHO: MANOEL DE BARROS; O POETA DA VIDA MIÚDA ONDE ENCONTRA OS GRANES SONHOS...


                        REFLEXÕES:

- "Um fim de mar colore os horizontes."

- "Poesia é voar fora da asa."

- "A voz de uma passarinho me recita."

                MANOEL DE BARROS


sábado, 17 de novembro de 2012

POESIA: EU E O MEU CORAÇÃO

                             MEU CORAÇÃO...
                                       Jorge Bichuetti

Não entendo meu coração:
ele é tão, tão meu; mas, alado
o perco... ficando de mim tão
alheio que chego a pensar que
nele mora outras vidas, vidas
que andam e sonham, de mim, apartadas...

Muitas vezes, esqueço-o
nas mãos amadas; como se ele
fosse, pouco a pouco, apagar
as dores cortantes do adeus dado...

Um dia, ele ficou distraído numa capela:
deliro, e, ali, o vejo com promessas e penitências,
rogando de joelhos pela minha esquecida felicidade...

Já ficou na esquina, nos becos... nas noites de
luar, serestas, dionísicas festas... mergulhado
no mel dos prazeres humanos, buscando reviver
as loucuras inocentes da mi'a frágil humanidade...

Tendo-o distante... descubro-o, pulsante
no meu já cansado peito: longe e perto,
calado ou falante... ele é mi'a sombra e
mi'a esperança de luz... Um luar incrustado no peito,
o mistério de ser tantos... no seu colo reunido, eu:
- eu, fagulhas da vida dispersas nos arrítmicos
tambores que o movem, embora, ele permaneça
no calor com que, triste ou alegre, sempre me abraça...


SOCIEDADE DE AMIGOS: A POESIA DE PAULO CECÍLIO; NO TEMPO ENOVELADO, NASCE UM PÁSSARO...

         TRAVESSIA
                     Paulo Cecílio

então veio o tempo gelado e duro 
e enterrei meu sorriso na neve.
e meu coração pedrou. 
e corria em  mim viscoso caldo vermelho.
 
enxuguei todas lágrimas. 
esqueci de mim pra esquecer partidas 
e penetrei no longo inverno
 
e sob vertigem abismos píncaros despenhadeiros
teci meu destino com os fios de seda da juventude que perdia.
 
e entreguei nacos de minha carne em silencio,
 
pra que não ouvissem meu coração supenso. 

esqueci. 
esqueci. 

deixei meus tênis e camiseta sob uma  árvore seca 
e calcei dentes de aço pra viver assim. 
vendo passar a cor de meu cabelos a força de meus braços
 
pra cuidar do ninho de seda e desespero.
 
onde só as aves sabem 

em meu crepúsculo 
quando já de joelhos olhos baixos 
chegas em mim como um raio dizendo fica! 

fica! 
ainda há um menino em ti!
 
venha! 
há sol e derretem-se as águas em caudalosas  piracemas.
 
o solo traz as rosas que tanto amas. vem! 

acabou a guerra. foram-se todos.
acabou o deserto de pedra e gelo. 
vem florir ainda é outono!
 
tire esta roupa molhada! 
deixe o sol penetrar tua tez teu corpo surrado.
 
e senti tuas mãos quentes sobre a minha pele . 
e caminhei devagar com tuas pernas. 
e vôce dizendo: vem! 
vem menino esquecido,

a dor passou.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

DIÁRIO DE BORDO: ESTE AZUL NO CÉU...

                                   Jorge Bichuetti

Luinha pulou da cama, cedo... Madrugadeira, a conheço: pensa em festa, encontros, cantigas e risos soltos no vento para que o tempo se curve ante a alegria, tornando-se tempo de de cumplidade entre o chão áspero da existência e o azul cristalino da imensidão, que é templo pagão, lar do olhar de crentes e ateus... 
Olhando o horizonte, o ser humano ora... Conversa consigo mesmo, pensando falar com Deus... E conversando com seu próprio coração, poetiza a vida, emocionando os deuses...
"Viver é perigoso"- ensina Rosa... Mas não viver é naufrágio no oceano do tédio...
Assim, aceitemos o convite do horizonte azul e coloquemos nossos pés na estrada...
Estar na estrada não é, necessariamente, deslocar-se com o corpo físico de um lugar para outro... Caminhar é experimentar, ser tomado por novos sonhos... Ler, ouvir canções, dialogar com os amigos, meditar é caminhar... Caminhar é sair do lugar comum... É desnudar nas entrelinhas da existência novos voos, novos ninhos...
A generosidade solidária é caminho nômade... Pois, nos germina com outras existências singulares... Outramos...
O ego rígido é o avesso da vida dada no caminho...
"Somos metamorfoseantes" -afirma o filósofo Orlandi.
Daí, podemos entender o que vemos no dia-a-dia: egos hipertrofiados conjugam-se com vidas mesquinhas...
Matar o ego não é perder nossa própria singularidade... É deixar-se fecundar pela beleza e novidade que vida do outro nos traz...
Só somos solitários, quando evitamos o povoamento mental que se realiza em cada encontro...
Podemos nos povoar... agigantar nosso mundo interno...
Uma poesia, uma canção... um amigo... uma causa... são incontáveis as possibilidades de povoamento psíquico.
Já dizia Deleuze: " somos todos desertos, povoados de tribos, faunas e floras."
A perda, a partida de um ente querido nos deixa, num primeiro momento, profundamente despovoados...
Cabe, então, extrair vida e encontro das lições inolvidáveis de Rosa: "saudade é ser, depois, de ter"...
Ah! Este céu azul...
O horizonte azul é permanente convite de afirmação da vida...
Não há, entretanto, vida sem a presença do outro... do que cotidianamente chamamos o próximo...
Todos somos próximos no carisma mágico do horizonte azul...
Falta-nos tecer elos, criar vínculos... Inventar redes de vida...
Dizem que vivemos um tempo de solidão...
Miro Luinha e lhe digo que temos uma casa povoada com u'a multidão: passarinhos, rosas, poetas, filósofos, amigos... Cantigas e sambas...
Escuto Benedetti, Lorca, Neruda, Antonio Machado Miguel Hernandéz... Gabriel García dialoga com Mia Couto e Jorge Amado... Clarisse, Meireles, Cora, escutam Mercedes e Bethânia... os tambores tocam... os índios dançam... e os amigos chegam: alegres, carinhoso e ternos... Boa prosa; riso cúmplice... AH! meus amores não cabem no azul do céu; assim, já sei que uma multidão de céus no infinito do amor...


POESIA: "VERDE QUE TE QUERO VERDE"

                        RIO GRANDE
                                Jorge Bichuetti

Na curva do rio
fiquei... pedra de
sonhos que se aninham
na relva verdejante...
Ali, sou verme e passarinho:
húmus da fertilidade inibida
pelas árvores martirizadas 
no fio cortante dos machados;
e sou... a espera do mar, 
no delírio de que ele, um dia,
virá apagar os rastros incendiários
das cruéis e vis queimadas...

No Rio Grande... eu sou
a saudade... do sol e do luar
que choram no infinito,
o desejo incontido de serem
refletidos pela beleza alegre
das nossas nostálgicas matas...


                  Ave, verde florido das matas!!!
                                      Jorge Bichuetti

No mato, cresci:
verde que se floria;
ramos que frutificavam...

Nas matas, aprendi:
a mar o luar e o céu
estrelado de vagalumes e
versos, sonhos singelos
do suor que nuca cansa 
de antever os frutos da colheita...

Ave, verde florido das matas!!!
Mar de folhas e bichos, flores
que desenharam na mi'a infância
a certeza de que ali a vida era
u'a catedral ante o azul sem fim
do próprio infinito... e as folhas
secas nutriam a memória no vento
gravando as singelas histórias dos
que oravam, fertilizando a eternidade da vida...


                         VERDE-ROSA
                                Jorge Bichuetti

As folhas secas
da Mangueira do quintal
na minha infância
era palco de alegria; 
brincávamos, noite e dia,
sibilando um canto
que depois descobri
era um hino da amizade...

Na Mangueira, o morro
celebra com dança e poesia
a vida que nunca descansa
de fazer da avenida 
uma negação da senzala...

Meu quintal era 
taba e barracão;
vida na meninice 
que livre não sabia
que no mundo de cinzas e sangue 
a igualdade
é, tão-somente,... 
um sonho de liberdade...


SOCIEDADE DE AMIGOS: A POESIA DE ANNE M MOOR; VERSOS QUE ACARICIAM NOSSA PELE E TRISCAM O VENTRE DO INFINITO...

Momentos nas entrelinhas de uma vida

           Anne M Moor


Flores, pedras e cantos
Lembram de outros tempos
Em que cheiros, toques e música
Perpassavam pela vida com os avós
Memórias nostálgicas e gostosas
Que trazem à mente jardins,
Árvores, maçãs e vagalumes...

DO BLOG: http://anne-lifeliving.blogspot.com.br/ 



MESTRES DO CAMINHO: LIÇÕES DA TRADIÇÃO BUDISTA...

                      REFLEXÕES:

-  "A água turva não mostra os peixes ou conchas em baixo; o mesmo faz a mente nublada."

- "Nem no ar, nem nas profundezas do oceano, nem nas cavernas das montanhas, em nenhum lugar do mundo nos podemos abrigar do resultado do mal praticado."

- "O nosso próprio eu é o mais difícil de dominar."





quinta-feira, 15 de novembro de 2012

POLÍTICA E ARTE: O OUTRO MUNDO POSSÍVEL E NECESSÁRIO...

                                             Jorge Bichuetti

Ante as tramas da vida, podemos recuar e acomodar nosso coração no ventre árido do conformismo, da alienação e da apatia existencial. As crises que vivo e as que me afetam, nas encruzilhadas que percebo colocadas para o mundo, me fazem reafirmar minha Utopia Ativa: eu creio no socialismo libertário, associação de livres produtores, um socius autogestivo, de relações transversais, vida de inclusão e cidadania, liberdade e justiça social... Creio na ética da amizade; na potência dos bons encontros e da alegria; na sustentabilidade ecológica e nos direitos humanos... Creio... na superação de todo fascismo e de todos microfascismos... No fim das instituições totais... Na sociabilidade solidária e terna, nova suavidade...
Eu creio no amor... Não creio na intolerância e nos preconceitos... Não creio na estigmatição marginalizante das minorias... Não creio na força bruta... nem no egoísmo e no orgulho... Vejo a ternura governando a vida no horizonte azul e nas noites enluaradas; nas flores e frutos da estrada...
Na dor do crack miro a vida e vejo pássaros... muitos de asas quebradas pelo vendavais da exclusão... Creio no cuidado... que acolhe nas potências insurgentes e rebeldes do amor... Os que querem engaiolarem a cidadania tresloucada e nômade do povo da rua e dos usuários de crack reeditam a violência da repressão quando a vida é questionada na sua realidade cinzenta e engravatada... Não se cuida sem alegria e arte, compaixão e rebeldia criativa...
O alarme já se acendeu: em nome da vida, andam decretando a morte física ou a morte civil da diferença, das singularidades nômades que não se enquadram na nossa perversa lógica de exploração e triunfo midíatico...
Urge descrimanalizar as drogas ilícitas e montar uma rede de cuidado baseada na cidadania, na vida de alegria e partilha e na arte-guerrilheira que sepulta as cinzas do cotidiano ao martelar a existência acordando
as forças inovadoras do alvorecer, do por-vir já dado no desejo e sonho dos que negam o status quo...
A arte é política militante... não por reduzir-se aos panfletos partidários... mas, por ser agenciamento que singulariza, subjetiva novos modos de viver e andar a vida...
O mundo está na rua... Na rua, lutando...
Não sejamos a covardia ressuscitada de Pilatos...
"O sangue da humanidade é sangue nosso" - escreveu Juvenal Arduini...
É sangue nosso o sangue doído dos povos guaranis-caiovás; é sangue nosso o sangue, hoje sob a navalha das forças repressivas, dos povos da rua, dos meninos do crack, das minorias violadas nos territórios dos becos escuros das nossas cidades...
O amor não é virtude abstrata; é vínculo e relação concreta de cumplicidade, ternura e partilha solidária...
Há cruzes no caminho; há povos crucificados... cidadania violada; assassinatos e mortificações arbitrárias...
Se cuidar é amar e incluir; acolhendo com carinho, ternura e solidariedade... Temos que gritar e dizer o nosso não à barbárie que nega, violenta e mata a vida e os sonhos dos que solitários sofrem as chibatas da exclusão...
Pelos povos indígenas... pelo povo da rua... pelos usuários de crack... pelos oprimidos e explorados... pelas minorias, inventemos a poética da resistência e canto de luta... que desperte na vida nosso afirmação de que não negociaremos as asas da liberdade...

Entre pedras, flores...
A vida voa nas asas da liberdade...


DIÁRIO DE BORDO: APRENDENDO A SER FELIZ...

                                          Jorge Bichuetti

Sol claro; céu azul... Aurora bela que pressinto, embora, não a tenha visto... Dormi além da rotina...
Só senti o amanhecer quando o carinho de Luinha acercou-se de mim sem condenações, mas incisiva me dizia que a hora era de agir no caminho e não de degustar sonhos na insondável imensidão...
Luinha ama a vida de agir... e agir para ela é brincar e amar... Só a chuva mutila o seu relógio interno...
Na chuva, ela, minha pequena, gosta de se aninhar, sonolenta... num carinho continuado e permeado de sonhos...
Conhecendo-a, penso que age, assim, tendo que brincar é um sonhar acordado... entre flores e passarinhos; bonecas de pano e dengos de mel...
No quintal, árvores e pássaros dizem que o dia é de festejar, carnavalizar a rotina...  Tecem odes à liberdade...
Brincamos pouco ( quase nunca); amamos deformados ( somos escravos do "ser amado", pouco disponíveis ao amor-doação, amor de quem se dá por inteiro na arte de bem-querer pela alegria de alegrar)...
Sisudos e rabugentos, não brincamos... êta, mundo racional e de servidão!...
Assim, não vemos mais pipas aladas no céu e piões bailando no chão...
Somos um povo triste... Existimos numa vida banal...
Vida para o mercado, vida para o sucesso... Vida sem tempo para os pequenos engenhos da alegria silvestre...
Sérios, falamos de política e de ciência; dos vitoriosos e dos medos que assaltam a nossa perene insegurança...
Sim, somos medrosos e inseguros... Não sabemos tecer escadas com as pedras do caminho; não sabemos engendrar asas para o voo sobre os abismos...
Só conseguimos acumular os tesouros do vil metal; só logramos minutos de esplendor no palco das ilusões efêmeras...
Não sabemos viver com alegria e coragem...
Por isso, ante, nossas debilidades e idiossicrancias, a voz das geraes emerge neste dia que começa coma força inovadora da palavra de Guimarães Rosa:
- "O correr da vida embrulha tudo.
A vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."

-  "Felicidade se acha é em horinhas de descuido."
- "Viver é um descuido prosseguido.
Mas quem é que sabe como?
Viver...
o senhor já sabe: viver é etcétera..."