sexta-feira, 16 de novembro de 2012

POESIA: "VERDE QUE TE QUERO VERDE"

                        RIO GRANDE
                                Jorge Bichuetti

Na curva do rio
fiquei... pedra de
sonhos que se aninham
na relva verdejante...
Ali, sou verme e passarinho:
húmus da fertilidade inibida
pelas árvores martirizadas 
no fio cortante dos machados;
e sou... a espera do mar, 
no delírio de que ele, um dia,
virá apagar os rastros incendiários
das cruéis e vis queimadas...

No Rio Grande... eu sou
a saudade... do sol e do luar
que choram no infinito,
o desejo incontido de serem
refletidos pela beleza alegre
das nossas nostálgicas matas...


                  Ave, verde florido das matas!!!
                                      Jorge Bichuetti

No mato, cresci:
verde que se floria;
ramos que frutificavam...

Nas matas, aprendi:
a mar o luar e o céu
estrelado de vagalumes e
versos, sonhos singelos
do suor que nuca cansa 
de antever os frutos da colheita...

Ave, verde florido das matas!!!
Mar de folhas e bichos, flores
que desenharam na mi'a infância
a certeza de que ali a vida era
u'a catedral ante o azul sem fim
do próprio infinito... e as folhas
secas nutriam a memória no vento
gravando as singelas histórias dos
que oravam, fertilizando a eternidade da vida...


                         VERDE-ROSA
                                Jorge Bichuetti

As folhas secas
da Mangueira do quintal
na minha infância
era palco de alegria; 
brincávamos, noite e dia,
sibilando um canto
que depois descobri
era um hino da amizade...

Na Mangueira, o morro
celebra com dança e poesia
a vida que nunca descansa
de fazer da avenida 
uma negação da senzala...

Meu quintal era 
taba e barracão;
vida na meninice 
que livre não sabia
que no mundo de cinzas e sangue 
a igualdade
é, tão-somente,... 
um sonho de liberdade...


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