Jorge Bichuetti
Na curva do rio
fiquei... pedra de
sonhos que se aninham
na relva verdejante...
Ali, sou verme e passarinho:
húmus da fertilidade inibida
pelas árvores martirizadas
no fio cortante dos machados;
e sou... a espera do mar,
no delírio de que ele, um dia,
virá apagar os rastros incendiários
das cruéis e vis queimadas...
No Rio Grande... eu sou
a saudade... do sol e do luar
que choram no infinito,
o desejo incontido de serem
refletidos pela beleza alegre
das nossas nostálgicas matas...
Ave, verde florido das matas!!!
Jorge Bichuetti
No mato, cresci:
verde que se floria;
ramos que frutificavam...
Nas matas, aprendi:
a mar o luar e o céu
estrelado de vagalumes e
versos, sonhos singelos
do suor que nuca cansa
de antever os frutos da colheita...
Ave, verde florido das matas!!!
Mar de folhas e bichos, flores
que desenharam na mi'a infância
a certeza de que ali a vida era
u'a catedral ante o azul sem fim
do próprio infinito... e as folhas
secas nutriam a memória no vento
gravando as singelas histórias dos
que oravam, fertilizando a eternidade da vida...
VERDE-ROSA
Jorge Bichuetti
As folhas secas
da Mangueira do quintal
na minha infância
era palco de alegria;
brincávamos, noite e dia,
sibilando um canto
que depois descobri
era um hino da amizade...
Na Mangueira, o morro
celebra com dança e poesia
a vida que nunca descansa
de fazer da avenida
uma negação da senzala...
Meu quintal era
taba e barracão;
vida na meninice
que livre não sabia
que no mundo de cinzas e sangue
a igualdade
é, tão-somente,...
um sonho de liberdade...
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