domingo, 25 de novembro de 2012

DIÁRIO DE BORDO: E, AGORA, LUINHA???...

                                 Jorge Bichuetti

Chove, madrugada silenciosa... No quintal, o verde mato e as coloridas flores.... fazem poesia de gratidão ante a água da chuva que cai, mansa e serena... Aconchego maternal do cosmo.
Eu aqui acordado:  olhando a fumaça do cigarro, escuto a respiração leve da minha pequena Luinha...
Cuido, desajeitado... Amo-a com a intensidade da vida que acode, aqui e acolá, as peripécias da criação.
Luinha, é terna e amiga... e, como se mostrou corajosa... Ontem, num pequeno acidente perdeu sua unha... Sangue e desespero... Embora, ela continuasse brincando...
Dormiu um longo tempo comigo... na tarde que também a chuva nos deixava com a impressão de que rodopiamos no infinito no ventre do amor maternal que vela por tudo: vela pelos flores pequenas que margeiam os íngremes caminhos; vela pelas estrelas da imensidão que bailam na escuridão da noite...
Havia e há nuvens no luar que busco manter acesso, como uma vela, no casebre do meu coração...
Vejo os medicamentos, cronometro os curativos... Nino-a com mi'as cantigas de gente grande...
De hora em hora, observo-a: ela dorme. sono tranquilo... E eu só queria saber alguma bruxaria para dar-lhe sonhos de paz e alegria...
Ela, logo, estará travessa e encantadora...
Nunca havia sentido (sabia!) das longas vigílias que minha mãe realizou, dedicada e devotada, nas noites da minha infância, quando febril... machucado... ou triste... pedia com meus olhinhos de cão um cadinho de carinho, u'a presença que afugentasse a monstruosa solidão...
A solidão é monstro selvagem.... quando nos sentimos frágeis...
O carinho dela era carinho experiente; amor vivido nas agruras do se dar para cuidar...
O meu, amor-menino... Dedicação medrosa... Medo de não ser capaz...
Mas, recordo e me tranquilo: o amor-cuidado é a poesia instintiva da própria vida que ordena e desordena, para que superando-nos, desnudemos na solidariedade viva o fio do destino que tece manhãs e amanhãs...
Homens, mulheres... crianças, velhos... todos podemos aprender ( um recordar, na poesia da ternura; um descobrir na arte da compaixão)... podemos aprender a devir mãe ante a dor do outro... Mãe; amor-cuidado...
Assim, o ruído das balas que aniquilam, mortificam e matam... calarão; e, o mundo se reencontrará na beleza do amor que agrega, cuida, vela... Vela acesa na escuridão; vela-leme nas travessias do mar...


Um comentário:

Josiane Souza disse...

Samba faz o coração dançar? Então, amigo, preciso de um repertório, pois o meu se pôs a calar, a parar...