Jorge Bichuetti
Céu estrelado; acordei... Em êxtase, eu e minha pequena Luinha miramos, com reverência a imensidão, e parecia que as estrelas brilhavam, bailando, suavemente... Uma ciranda trans-sideral... Havia beleza e eloqüência... Versos silenciosos percorriam o infinito, semeando sonhos. Sonhos Azuis.
No quintal, o cheiro de mato me trazia lembranças ancestrais... Um dia, os Caiapós aqui viram e foram vistos, amaram e foram amados pela imensidão do céu estrelado que é a grande epopeia do amor incondicional...
Tentei ver a Lua... A que incendeia de paixões e orações a quietude da noite... Não há vi... O céu não estava nublado...
Na cidade, é assim... Tem muitos muros, edifícios... A cidade é terra recortada...
Senti saudades da amplidão do cerrado... Mas, se chorei, não o fiz por mim...Cultivo a miragem do luar, diuturnamente... Pensei nas vidas maltratadas pela intolerância e pelos preconceitos... que são muros e cercas mentais e sociais que segregam, marginalizam, discriminam...
Na nossa aldeia global, pode... o que é vitorioso, glamouroso, vencedor... pode a normalidade institucionalizada... Não cabe a diferença; a singularidade... os novos modos de ser e existir...
As instituições normativas, ora usam da força bruta; ora, dissimuladas, excluem com o olhar maligno, com a palavra ferina, com as inibições que forjam no ato de marginalizar, menosprezar, desvalorizar...
Um mundo intolerante é naturalmente um mundo de violências...
Um mundo preconceituoso é expontaneamente um mundo que decreta a morte física ou civil...
A intolerância e o preconceito são forças antagônicas ao amor...
Mutilam a capacidade de ternura e compaixão que divinizam o humano...
Um árabe, um índio, um morador de rua, um gay, um louco... todos, e outros tantos, vivenciam no corpo e na alma o calvário de suportarem a cruz que carregam, a cruz das suas próprias vidas negadas...
Queremos paz...
Queremos a não-violência...
Queremos amor...
Mas, paz, não-violência e amor só existem se instituirmos na vida e no mundo o paradigma da Intolerância Zero...
A compreensão, o respeito, a inclusão social abre caminhos no coração da vida... A intolerância mata, inclemente, a própria vida...
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário