quinta-feira, 15 de novembro de 2012

DIÁRIO DE BORDO: APRENDENDO A SER FELIZ...

                                          Jorge Bichuetti

Sol claro; céu azul... Aurora bela que pressinto, embora, não a tenha visto... Dormi além da rotina...
Só senti o amanhecer quando o carinho de Luinha acercou-se de mim sem condenações, mas incisiva me dizia que a hora era de agir no caminho e não de degustar sonhos na insondável imensidão...
Luinha ama a vida de agir... e agir para ela é brincar e amar... Só a chuva mutila o seu relógio interno...
Na chuva, ela, minha pequena, gosta de se aninhar, sonolenta... num carinho continuado e permeado de sonhos...
Conhecendo-a, penso que age, assim, tendo que brincar é um sonhar acordado... entre flores e passarinhos; bonecas de pano e dengos de mel...
No quintal, árvores e pássaros dizem que o dia é de festejar, carnavalizar a rotina...  Tecem odes à liberdade...
Brincamos pouco ( quase nunca); amamos deformados ( somos escravos do "ser amado", pouco disponíveis ao amor-doação, amor de quem se dá por inteiro na arte de bem-querer pela alegria de alegrar)...
Sisudos e rabugentos, não brincamos... êta, mundo racional e de servidão!...
Assim, não vemos mais pipas aladas no céu e piões bailando no chão...
Somos um povo triste... Existimos numa vida banal...
Vida para o mercado, vida para o sucesso... Vida sem tempo para os pequenos engenhos da alegria silvestre...
Sérios, falamos de política e de ciência; dos vitoriosos e dos medos que assaltam a nossa perene insegurança...
Sim, somos medrosos e inseguros... Não sabemos tecer escadas com as pedras do caminho; não sabemos engendrar asas para o voo sobre os abismos...
Só conseguimos acumular os tesouros do vil metal; só logramos minutos de esplendor no palco das ilusões efêmeras...
Não sabemos viver com alegria e coragem...
Por isso, ante, nossas debilidades e idiossicrancias, a voz das geraes emerge neste dia que começa coma força inovadora da palavra de Guimarães Rosa:
- "O correr da vida embrulha tudo.
A vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."

-  "Felicidade se acha é em horinhas de descuido."
- "Viver é um descuido prosseguido.
Mas quem é que sabe como?
Viver...
o senhor já sabe: viver é etcétera..."


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