Sentindo o orvalho, cheiro de terra molhada... o canto matinal dos passarinhos; o perfume da roseira... e a alegria dos álamos... me pego pensando: viver é lutar... Uns lutam, maquiavélicos e paranóicos, dividem o mundo e a vida, em estanques gavetas: há o bem, há o mal... Outros, lutam, tecendo utopias, sonhos e caminhos; aspiram um novo tempo de ternura e compaixão, justiça cidadã e inclusão social... Estes lutam com a vida, acendendo faróis para nos livrar das sinistras noites escuras que se prologam, negando na exploração, na dominação e na mistificação o que pode vida...
E a vida é pode nos voos da liberdade; a vida pode nos ninhos da solidariedade...
Acordei, assim... reflexivo; com a pele triscando na poesia do amor as dores do mundo...
Como dói existir, se existimos cúmplices com lágrimas que sufocam vidas, inundam caminhos e despedaçam sonhos...
Mineiramente, fiz meu café: café forte... Acolhi os dengos da minha pequenina Luinha... Nela, aprendo os mistérios do amor incondicional...
Viver é lutar... Vida ativa; não é vida reativa...
Viver é caminhar, semeando... Sonhar, tecendo cais e ninhos... É ativamente forjar a mudança que emerge dos versos de uma utopia...
Ulpiano, traduzindo o processo de viver, lutando, disse que todos deveríamos buscar novos devires, eus não-paridos: o devir anjo e o devir guerreiro...
A luta bélica, a violência brutal... não são lutas imanentes a invenção do novo; são lutas que servem ao ordenamento excludente e nublam o horizonte com o cinzento da anti-produção, da vida negada e da morte imposta...
O mundo de mercado e de triunfos banais encontra-se exarcebado na globalização neoliberal... Nela, não há caminhos; pois, os sonhos e as utopias, a arte e magia se revelam aprisionados... torturados, aniquilados...
Lutar com os pés do coração no território do porvir exige retomar nossa capacidade de sonhar, de fazer brilhar a estrela das utopias, de transformar nossas vidas em obra de arte ( Ghandi) e de ser feiticeiro, indo passos além da lucidez paralítica...
Um outro mundo é possível e necessário...
A política de tecer "amanhãs", onde a vida se encontra esfacelado pelas sombras de incontáveis "ontens" é viver, lutando, partilhando e dando-se no caminho... é exercício da ética do Bem Comum e da ética da Amizade...
Vida passarinheira... Luta nos madrigais do amor sem fronteiras...
Uma luta, caminhos... Nela, somos chamados a assinar a autoria do nosso tempo...
O que buscamos?... Luta-se, na busca de de um mundo aonde o existir é voo na magia dos sonhos... Voo de todos e com todos... Pão, terra, liberdade, seresta e oração no cio do caminho que desenha no horizonte azul as cores da aurora para que todos, a humanidade, possam extrair com coragem a alegria de ser... singular e múltiplo... arte e magia... força viva na ternura dos abraços e das mãos dadas... vida que mata egos, traves, cercas e traças... para ser um permanente brincar no riso dos que juntos carregam o fel das tristezas, alimentados pelo mel da afirmação de um novo nós... que derrotando o individualismo e banalidade dos encontros dissimulados, constrói um nós... nós, nova humanidade, além do humano... na felicidade sem fim das artimanhas do amor maior...
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