Jorge Bichuetti
Ratos no porão
perambulam pela noite
roendo os cacos de sonhos
que deixamos cair
na poeira do mundo...
Eram estrelas,
flores e pássaros...
Eram um novo dia
nos rodopios atemporais
da vida que voa no céu
azul das ternas fantasias...
Ratos no porão
roem os sete véus
da poesia enluarada
na magia de ser na escuridão
a claridade remoçada
dos caminhos do amanhã...
Oh! ratos no porão
quebram o silêncio;
onde ecoava a música
da vida primaveril
na sua alucinada gestação...
E, assim, o espanto
afugenta dia-a-dia
a força insurgente
que não conhece o medo,
que é, somente, ânsia e paixão
nos en-cantos da imaginação...
No porão, o pesadelo...
a traça roendo as bordas da imensidão;
e, o homem naufragrando-se
no desejo de borboletear
nas vielas da vida
que brotam dos voos além do chão...
QUERO-QUERO...
Jorge Bichuetti
O pássaro canta
acordando a vida
das letargias indolentes...
Ele canta... um querer distante
que de tão ausente
tornou-se apenas
um insolente estribillho...
ENTRE PEDRAS, FLORES...
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