O VOO DAS PALAVRAS
Jorge Bichuetti
As palavras voam; aves
ávidas de céu e mar...
Na minha boca, saboreio-as:
umas me dão o o sabor doce
das comidas no fogão-de-lenha,
onde a vida proseava sobre o
mundo daqui e o outro, florido
de estrelas nas noites de luar...
Outras comidas eram... o pão;
pão místico na eucaristia profana
dos sonhos que pesavam o suor
da luta, e, assim, era pão repartido
na utopia da vida remoçada no amor
que derrubaria muros e cercas para
os abraços da nossa terna humanidade...
As palavras voam; asas
da vida... contam o ontem
na incansável espera da aurora
que tarda... mas, que um dia, virá,
no canto matinal da liberade...
Aí, então, as palavras adormecerão
na quietude do silêncio de um mundo
vazio de lágrimas, chagas e dores...
Pão Nosso
Jorge Bichuetti
Há fome; mas, há pão...
Pão no celeiro; pão nos lixões...
Há muitos pães... e tanta fome:
mãos opulentas e mãos vazias;
um reino de egos que sabem
tecer pontes sobre rios, mas não
sabem atar vidas nas asas do nosso,
palavra contida que tornou-se
palavra rebelada:
- a voz olvidada dos deuses...
sexta-feira, 23 de novembro de 2012
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