Natal...?
É difícil detectar O Anúncio 
em meio a tantos anúncios que nos invadem.
Ainda existe Natal? 
Natal é a Boa Nova? 
Natal é também Páscoa?
Sabemos que «não há lugar para eles». 
Sabemos que há lugar para todos, 
até para Deus...
O boi e a mula, 
fugindo do latifúndio, 
se refugiaram nos olhos desta Criança.
A fome não é só um problema social, 
é um crime mundial.
Contra o Agro-Negócio capitalista, 
a Agro-Vida, o Bem Viver.
Tudo pode ser mentira,
menos a verdade de que Deus é Amor 
e de que toda a Humanidade 
é uma só família.
Deus continua entrando por debaixo, 
pequeno, pobre, impotente, 
mas trazendo-nos a sua Paz. 
A dona Maria e o seu José 
continuam na comunidade. 
A Veva continua sendo tapirapé. 
O sangue dos mártires 
continua fecundando a primavera alternativa. 
Os cajados dos pastores 
(e do Parkinson também), 
as bandeiras militantes, 
as mãos solidárias 
e os cantos da juventude 
continuam alentando a Caminhada.
As estrelas só se enxergam de noite. 
E de noite surge o Ressuscitado.
«Não tenhais medo».
Em coerência, com teimosia e na Esperança, 
sejamos cada dia Natal, 
cada dia sejamos Páscoa.
Amém, Axé, Awire, Aleluia.
Pedro Casaldáliga,
Natal 2010, ano novo 2011.
( Bispo Emérito da Prelazia de São Félix do Araguaia)
 
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2 comentários:
Infelizmente é assim, como disse no meu comentário lá embaixo: as pessoas devem ter cuidado e muita responsabilidade com as palavras ou elas podem, ao contrário do que se espera, produzir o mal.
Assim vejo Gândhi, Martin Luther King, Madre tereza e outros numa posição contrária a de Casaldáliga, que afirma que o agronegócio e o capitalismo fazem mal a todos. Isto não tem correspondência com a realidade, pelo menos para quem tem informação suficiente sobre as atividades humanas e mais, sobre o próprio humano e sua condição. Nada é mal ou bom inteiramente. Todos sabemos.
Não estamos no século XVIII e XIX, em que surgiram as ideologias que salvariam a humanidade e nesta época a realidade era terrível para a maioria das pessoas. No século seguinte estas ideologias foram experimentadas com resultados nefastos. No Cambodja , um desses loucos matou 2 milhões de pessoas em 4 anos, pois queria que todos fossem para a lavoura. Ele queria fazer o bem, mas deu no que deu.
Hoje temos foros especializados em promover a justiça que se chamam judiciário. É o caminho civilizado para que a justiça seja feita, se é que isto é possível.
Na democracia pode se criar cooperativas e grupos, com bons advogados e reivindicar o que se deseja. É a luta civilizada.
Quem é contra se dar terras a quem não tem?
O Brasil tem terras sobrando e estão na mão do governo.
Agora, destriuir o que está funcionando é ser radical. Se está funcionando injustamente, o caminho é corrigir e não destruir. Radicalimos trazem fome, miséria e violência. A História já demonstrou isso.
A maioria esmagadora das pessoas são boas e ninguém em sã consciência quer o mal do próximo. Mas ser bom não é suficiente. Tem que se usar um mínimo de razão para contrapor ao sentimentalismo.
Viva a Paz.
Abraços, anônima
Contra fome e a exclusão, contra o desamor e a injustiça, reafirmamos a vida como vocação e luta, sonho e esperança...
Nosso olhar sobre o mundo nos leva a pensar que um outro mundo é possível e necessário.
Outros se encontram felizes com este...
São olhares...
Eu canto a esperança e a vida. Vida Nova que plenifique a solidariedade e a alegria, a ternura e a justiça...
Abraço carinhoso, jorge
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