quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

DIÁRIO DE BORDO: O DOM DA ESPERANÇA...

                            Jorge Bichuetti

Alvorecer com os passarinhos, sentindo o orvalho e o cheiro-da-terra... cria na nossa alma um estado psíquico fecundado pelo dom da esperança...
A esperança é muito mais do que a vida valsando nos compassos da espera... Esperança é caminho; voo... Busca incessante; luta aguerrida...
A esperança é sonho menino... que brinca, olha o infinito e alada, deseja os confins da imensidão.
Espera ativa; luta tecida por sonhos... vida que caminha sem medo das curvas do destino.
A esperança é subversiva: rompe o tempo e acorda a fúria dos ventos transformadores...
Colore as cinzas deste nosso tempo tão transbordante de ontens; tão vazio de amanhãs...
A manhã - sol nascente, estrelas na despedida... pássaros no regozijo dos cantos de ternura e compaixão... a relva molhada, cio da vida nas entranhas da alma... a manhã é grávida de esperança... Conta-nos sobre as cinzas de tantas mortes o que pode a vida parideira...
O amanhecer é a rebeldia indignada do tempo que se quer novo...
Acordamos e nem bem degustamos nosso café, já vemos corpos no sangue das sarjetas, guerras na bestialidade dos preconceitos e na ganância da força bruta...
Escutamos o choro da vida...
Mas, também, a vida canta... e pede, roga ajoelhada, clama por atitude, solidariedade ativa... luta por por justiça...
Ter esperança é no homem ver o anjo sideral; no mundo, u'a nova realidade de paz... sociabilidade transversal, terna, libertária...
A esperança, filha das manhãs, quer parir vida e mundo reinventados na conjugação do verbo amar... Amor incondicional... sem fronteiras... sem trapaças... sem repressão...
Para a sonhadora esperança, os grupos de extermínio, as usinas que asfixiam povos e tradições, os interesses particulares urrando para silenciar o Bem Comum... tudo isso é fantasma de um pretérito não-sepultado que se tornou zumbis das nossas tristezas e desilusões atuais...
Longe, grita o povo guarani-caiovás... Perto de nós, luzes se apagam...
A CEMIG diz não... Anúncio que desvela a nossa mesquinha escuridão...
Acendamos velas... Inventemos estrelas...
A esperança pode onde metais e o poder só enxergam a ferida narcísica dos próprios umbigos hipertrofiados pelo jogo que suprime o nós, a pátria... a alegria geral...
Urge que deixemos a esperança nascer, crescer e lutar...
Antes, que tenhamos que sepultar nas pregas do poder disputado os nossos sonhos de ternura e compaixão...
Muitos, acomodam-se...
Embora, o choro das mães que que carregam seus filhos ensanguentados, diga, silencioso: basta! a vida só pode voar nas asas da liberdade; e não liberdade quando os fuzis decretam o ódio... e as lágrimas nublam com sangue nossos sonhos de igualdade, fraternidade e paz...


2 comentários:

paulo cecilio disse...

Liberdade, ou ódio.
Fraternidade, ou vingança.
Paz, ou ressentimento.
É só escolher, né, Amigo Jorge?

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Sim, amigo, escolher e carregar a leveza ou algemas... abs, jorge