quinta-feira, 15 de abril de 2010

Que país é este?... Hoje, como estamos?

                                    EXCLUSÃO E CIDADANIA: QUE PAÍS É ESTE?

                                                                                                 Jorge Bichuetti

A loucura é objeto de análise e um analisador. Ela conta o drama do cotidiano humano.
Quando a aprendemos a partir do conceito de doença da medicina científica, construímos um pensar e um agir vigilante. Materializamos o “Vigiar e Punir” do sábio Foucault, e damos um código, um número e um destino e esquecemos de ver, diante de nós, a pessoa humana, ela e sua história, ela e o retrato de uma dada realidade.
Os loucos foram excluídos... A loucura asilada...
Rompendo com este enfoque, quis ver a vida e tentar codificar o sobrevivente do universo da normalidade.
Na rua, avistei crianças descalças e emagrecidas. Lembrei dos meus tempos de criança, procurei, mas não vi a bola, o papagaio, o carrinho de madeira... Vi a angústia de um olhar esgazeado, mendigando um níquel, qualquer trocado. Que loucura! Se Jesus, o Mestre que um dia disse “vinde a mim os pequeninos, pudesse de novo ser ouvido, com certeza, ele perguntaria: Que país é este?...
Andando pela cidade, quis ser míope, mas não consegui desviar o olhar e vi: os sem-teto. Morando debaixo de lonas, dormindo sob as marquises das lojas, esquentando-se do frio da noite no calor de um jornal ensangüentado. Que loucura! Se Jesus, o Homem-Deus que sentenciou categórico “há muitas moradas na Casa do Pai”, tivesse novamente uma voz que ecoasse no coração do homem, ele indagaria: Que País e este?
Pensei, então, na dor dos povos indígenas, do negro ainda escravizado pelo preconceito social, nas mulheres espancadas... Pensei... Vi os presídios e a tortura, os velhos esquecidos nos asilos... Os orfanatos. Pensei, mais... Os sem-terra marchando na luta-sacrifício de quem sonha e espera um reino de amor.
Folheei o texto sagrado: “Amai-vos uns aos outros”... E ouvindo a voz do Cristo, desconcertei-me; comparando a nossa dura realidade e o hino de esperança do Evangelho Santo.
Universidade Privada. Perguntando a um estudante o preço da mensalidade, enlouqueci com as cifras e só escutei: “Conhecerei a verdade e ela vós fará livres”;
Salário Mínimo e Fome. Analisando estatísticas quando me deparei com a situação de miséria de todo um povo, alucinado ajoelhei-me e em silêncio ouvi: “O Pão Nosso de cada dia, dai-nos, hoje, Senhor...”
Que loucura! Morre-se de fome, nas filas de espera de um Sistema de Saúde caótico e excludente, morre-se... por carência de medicamentos e morre-se por medicamentos falsificados... Morre-se de dengue e overdose, de “Chagas” ainda se morre.
Que loucura! Eldorado, Carandiru, Candelária... Morre-se... No trânsito, e morre-se na solidão de uma vida estropiada.
Esqueceram-te: “Eu vim para que todos tenham vida.”
Cidadania, Senhor? É ainda um sonho, e uma luta diária... Uma luta dos guerreiros que não te esquecendo, não temem exclamar: Que País é este, Senhor? É o Brasil que se nega a ser pátria - mãe gentil e continua sendo um grande hospício de exclusão e morte de um povo oprimido, de um povo que sofrendo te lembra “As Bem-aventuranças” e lutando pela construção de uma nação de solidariedade e paz, sustenta seus sonhos e o seu ideal, repetindo com Paulo, o apóstolo, “A sabedoria de Deus é loucura para os homens”... Mas para os que sofrem e almejam humanizar a vida é libertação.
                       OBS. Texto escrito nos anos noventa... E hoje, como estamos?...








 
 
 
 
 
 

Um comentário:

Anônimo disse...

Se Deus é incomparável, onipotente ele não tem sabedoria.
Ele é Ele e pronto.Ou é a mina da sabedoria.
A casa do meu Pai tem varias moradas.
Essa morada em que vivemos por um tempo (de cada um)está contaminada pelo baixo nivel dos habitantes que praticam atos totalmente condenáveis:
o ORGULHO e o EGOÍSMO.
Eu acredito em melhores moradas ternas, felizes,um amando os outros.De