Jorge Bichuetti. Médico, Psicoterapeuta. Analista Institucional e esquizoanalista. Diretor Clínico da Fundação Gregorio F. Baremblitti/ Uberaba. Professor do Instituto Felix Guatarri/ BH.
Autor de Lembranças da Loucura, Crisevida e Estrelas Cadentes. Poeta, militante, sonhador...
... Entre amigos, madrigais e a Lua é um nômade caçando o seu devir passarinho.
Alegria, flor que dá luz e caminho, um ninho no arvoredo da paixão...
A lágrima fica no espinho, quando chega o amor, a vida se dá entre o mar e novos luares..
jorge bichuetti
no canto, é alegria; o samba é a poesia de um povo que crê na liberdade, na luta: é raça, cumplicidade da estrela d'alva com os raios de um novo dia...
Noite alta... Os álamos bailam, valsando com o tempo... O vento que arrepia minha pele, perfuma... A roseira com seus cachos, o limoeiro com seus sonhos de samba e caipirinha; a romã com promessas de amor... Meu quintal é mi'a Igreja: fé na vida, esperança no caminho, escola de humanidade...
O sono, entre dores e inquietações de malabarista, se foi... Ficaram os Sonhos, ficou Luinha... Carinhosa, deita-se no meu ombro... Juntos espiamos a noite, o luar e as estrelas... Tudo é tão belo... As próprias nuvens discretas parecem leitos siderais...
O meu café quente, me abraça por dentro, e por fora, me dá saudades...
A saudade é a voz do coração que presentifica o passado... o que partiu, ficando. E dá presença aos que distantes nunca se ausentam...
O silêncio é a poesia escrita pelo infinito no coração que sonha...
Entre suspiros, palavras... escritos na pele... desenhadas na alma.
A poesia é a vida que rompendo o silêncio dá voz as cantigas do infinito... as que cantadas, foram esquecidas... e as que estão por nascerem...
No silêncio, entre poesias e canções, vendo que viver é recomeçar... não tenho dúvidas: a utopia não é uma miragem, uma ilusão... È ânsia da vida... da vida parideira... vida metamorfoseante... vida que se deseja realizar no balançar das mudanças...
Quieto, atencioso... o universo desnuda meu analfabetismo: nos tiraram a audácia de escrever no caminho, lutando... o amanhã, a aurora, o despertar...
No além-mar, uma pérola numa concha nos sussurra a visceralidade cósmica das pulsações da nossa própria humanidade...Com paus e pedras, constato, vendo o poder das florescências que insurgentes nos chamam para o salto... Um salto vitalizante, inovador... criativo e germinativo: há u'a humanidade de suavidade e paz, dentro de nós, esperando inquieta, pois deseja ser parida para aniquilar as desumanidades...
Aprendo, sempre... Não falo do que sei... sei tão pouco... Eu grito o canto da vida que rebelde e insurgente é ternura e compaixão, contida e negada pelos canhões de ferro e de palavras, que vão impedindo-a de ser parida... E, assim, seguimos... desligados do pedido da vida que nos quer hoje como ventre do amanhã.
"Não é preciso conquistar o mundo. Basta fazê-lo novo. Hoje. Nós. " Subcomandante insurgente do EZLN.
Não sei, ao certo, o que faz o horizonte pulsar, cantar e bailar; mergulhado na poeira do mundo, pouco sei das magias e travesuras que moram além do que vê e sente as batidas trôpegas do meu pobre e solitário coração...
Não sei... Nada sei do além...
Somente, ajoelho-me ante a revoada de estrelas que dão vida a miserável vida dos becos esquecidos... Nela, eu vejo a ternura dos abraços que agigantam os pequenos no carinho das mãos macias dos anônimos deuses...
UM ANJO Jorge Bichuetti
Há um anjo no coração das flores, dos passarinhos e das canções... Um anjo azul... de sonhos que voam além dos abismos.
Há um anjo nas tuas mãos que com ternura e carinho me adormece; para que eu... possa estar co'o coração no azul do céu... pintando miragens das alegrias saltitantes que ainda nem mesmo nasceram...
Vida agreste cáctus e canção da semente... no pilão.
jorge Bichuetti
GRUPO CORPO; SANTAGUSTIN
Noite entre corpos; paixão e fluxos faíscantes - na travesa, a vida... um voo no azul do horizonte; estrelas - ponteiam abismos e re-cantos siderais...
jorge bichuetti
MILTON NASCIMENTO; CAIS...
Cais e ninho, voo pelo mundo Geraes; montes e cachoeiras na soleira do quarto numa flor, o amor - mina cristalina, saliva de mel...
jorge bichuetti
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Nietzsche afirmava que não se vence o diabo com palavras; mas, sim, com riso, música e dança...
O espesso véu de neblina que se
estende sobre a rua e as coisas, que não vejo. Encobre os passos dos
pensamentos que soturnos correm, e não escuto. As sombras das casas
desenham nas calçadas os submundos,
que não sinto. Enlaça com a neblina a fragrância dos meios fios, que não
cheiro. A noite vibra misteriosa e fria no fora, que não entro. E
dentro o dia arde nas cortinas do quarto e eu saio.
PONTILHADO
Deslizam as vozes suadas pelas
gargantas dos dedos
Gritantes, ventosas dos lábios
estilhaçando molduras
Caricatas, emersão de pelos
borbulhando na espinha
É um lixeiro-ecologista: varre, limpa e recicla a podridão da vida que nos marcam com feridas e cicatrizes, lágrimas e mágoas... E, igualmente, é um mágico: bruxo: semeador: materializa o novo, a ternura radical e o amor sem fronteiras do porvir no solo árido do presente...
Creio que meus olhos me enganam, embaralham a vida e o mundo: se procuro meu corpo, miro os voos da mi'a mente; se ando atrás da mi'a mente, ai, vejo, as cicatrizes do mundo que feriram inclementes a pele do meu corpo... e, assim, meu coração enlouquecido ganhou vida própria... imponente e destemido, le sonha e espera... guerreiro, ele se crê, altivo e esperançoso, asas, asas da vida para saltar abismos e mergular na paz que nasce na aura do luar e nas vozes da aurora...
Louco, meu coração quer o amanhã; pois o pobrezinho anda indiganado com passado que atrevido bloqueia a poesia do presente - os sonhos que são sementes; a fé que é resistência...
Ele não entende a vida longe do alvorecer do amor incondicional que sopra as cinzas do tempo e faz florescer os caminhos encantados do porvir...
Amanheci cedo... Céu azul borrado de cinzas... Nuvens claras e calmas... No ar, o canto de uma multidão de pássaros... Ali, no quintal, junto ao burburinho dos álamos, vi e saudei o novo dia....
Luinha ficou no cálido aconchego dos cobertores... Faz frio. O café quente é carícia no coração inquieto...
Ontem, no Encontro de Educadores de Creches pude ver o valor do trabalho que é amor e compaixão...
Quantas Marias cuidando das pequenas aves que cantarão na aurora do tempo quando no caminho nossa luta semear uma nova primavera de suavidade e inclusão.
Fui feliz; embora, atrapalhado entre mi'a incapacidade com as máquinas... o telefone caía quando o amor queria dizer mais uma palavra; meu corpo teimoso, noutros momentos, falou demais quando somente devia admirar e aprender... lições de solidariedade das dores contadas e no trabalho vivido que relatado me fazia desejoso de cantar para todos os que labutam com o0s desafios da educação:
Penso que ando meio louco. Desejo a todos que amo, aos que vejo sofrendo e aos que encontro lutando, dar com carinho e ternura uma lua branca...
O luar me alimenta; a aurora me aquece e energiza... Mas, o olhar do ser humano, na dor e na alegria, me contagia e dá sentido e vontade de viver... de viver, guerreando... sonhando com um novo mundo de paz e serenidade, amor e compaixão...
Com é belo a vida tecida no horizonte azul das amizades cristalinas...
Como será belo o mundo erguido pelo perfume das floradas da solidariedade, que flor no território dos corações.
Eis minha loucura...
Não sou o único...
Afirma o professor Antônio Cândido que a utopia socialista pode não nos assegurar o paraíso, mas que sem ela já estamos no inferno...
- "Não haverá borboletas se a vida não passar por longas e silenciosas metamorfoses."
- "A vida não pode ser economizada para amanhã. Acontece sempre no presente "
- "Todo jardim começa com uma história de amor, antes que qualquer árvore
seja plantada ou um lago construído é preciso que eles tenham nascido
dentro da alma.
Quem não planta jardim por dentro, não planta jardins por fora e nem passeia por eles."
No chão, encontro a magia da tristeza que lágrimas caídas a depositaram no chão; olho, cheiro e sinto... a dor do mundo aduba a florescência das rosas... E as rosas orvalhadas de sonhos secam o pranto da vida...
Assim, corre o tempo... Assim, brota as manhãs... Assim, o ontem é sepultado, na vida que renasce no verdejar de u'a nova primavera...
No chão, entre vermes, os deuses reciclam os expurgos do mundo...
NOUTRO MUNDO Jorge Bichuetti
Noutro mundo, que virá, os caminhos serão floridos; pois, um dia, o homem cansará de ser, da vida, o espinho...
Noutro mundo, que virá, a ternura será a lei e o chão onde brotarão alegres novos sonhos: e a paz, então, cantará num coral de rosas e estrelas que diariamente celebrarão no direito de amar o embrião da vida...
A vida voará, então, encantando deuses e monstros que só saberão conjugar serestas e cirandas no carinho, da terra e do céu, que verdejarão os caminhos no celeste azul do horizonte da alegria...
Noutro mundo, u'a sociedade de amigos fará do chão um jardim estrelado e do céu... um teto cósmico para abrigar as sementes vivas da solidariedade...
- "Eu quase que nada não sei. Mas desconfio de muita coisa."
- "O correr da vida embrulha tudo.
A vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem "
AMANHÃ, 14/07/2012 - REUNIÃO MENSAL DA UNIVERSIDADE POPULAR... PLANEJAMENTO SEMESTRAL E TROCAS PELA CONSTRUÇÃO DE UMA CAMINHO DE EDUCAÇÃO, ARTE, ECOLOGIA, PRRRÁTICAS DE SAÚDE, E SOCIAIS DE CIDADANIA...
AV NOSSA SENHORA DO DESTERRO, 545. CRECHE CORAÇÃO DE MARIA. UBERABA...
DIVULGUE... PARTICIPE... O SONHO É O CAMINHO DA PRIMAVERA QUE NASCE NO CORAÇÃO DO POVO...
Os passarinhos cantam...Escuto a melodia suave do bailado dos álamos... e a voz cândida da última estrela. Um novo dia chega...
Luinha, já mocinha rebelde, dorme; mas, de quando em quando, escuta as canções da vida que na manhã falam de suavidade e paz...
Viver é simplificar o caminho, sem economizar nossos sonhos azuis...
Conta a minha Luinha que Dona Dilma, embora não tenha ainda conhecido a serenidade das manhãs no nosso quintal, ontem glorificou-o, chamando a atenção para o Produto Interno de Suavidade...
Ouro, Dólar, reais... falam do produto bruto; mas, nossas crianças e adolescentes, nossos rios e riachos, nossas matas... conta da luta que se dá para que tenhamos um país de suavidade e paz...
No SUS, luta-se por acolhimento...
Nas favelas, por reabilitação criativa...
Precisamos criar um país de suavidade e paz...
Sinto que os passarinhos auscultam meu texto e concordam... andam mais tranquilos.Viram que o Veta, Dilma!... confirmada pela nossa maternal presidenta, deu suavidade e paz a nossa mãe natureza.
Nas nossas vidas, também, urge que mudemos a lógica de medir nosso crescimento...
Podemos crescer na acumulação de bens e recursos; como podemos crescer na alegria de viver intensamente a suavidade a paz que pinta de azul nossos mares e nosso horizonte.
A truculência e a soberba não irradiam vida nos entornos da paz...
A paz mora no coração das cirandas infantis e dos velhos seresteiros...
É roda-de-samba... onde Cartola relembra que o sol nascerá... e Caymmi, nos ensina a viver com coragem e ousadia, dizendo que é doce morrer no mar... Nela, a filosofia é Noel Rosa asseverando que a aristocracia troca alegria por hipocrisia.
Precisamos de alegria, suavidade e paz... e a multidão não encontra estes produtos no mercado...
Moram na poesia que nos educam capacitando-nos aos voos da paixão com a prudência de não juntar amor e dor.
Vive na altivez da Comissão da Verdade que pouco-a-pouco vai nos trazendo a cantoria dos sabiás...
Suavidade é vida partilhada, solidariedade ativa... ternura vital e compaixão generosa...
É liberdade na ética do Bem Comum...
Palavra e silêncio... amigos, discos e nada mais...
A hora é de colorir o país... Celebrar e festar, borboletear...
Quem dera... suavemente, pudéssemos dizer somos o país que na paz, na amizade, na superação dos preconceitos, na inclusão social e na cidadania... temos suavidade e paz... por sermos o maior produto interno de alegria...
Eis a alma que sonhamos para o pais e para o nosso coração...
Navegar é meu destino, pois busco no horizonte a mi'a estrela tão bela, u' flor demais menina....
Meu barco segue sem leme, ondeia nas cordas... do meu próprio coração... às vezes, entre estrelas... doutras, no mel da paixão...
Nele, mar e céu vivem juntos, aninhando meus sentimentos: há amor e canto, magia; e há lágrimas cósmicas de saudade da vida que um dia virá entre a areia e o azul encantado no sonho mareado pelos ventos que sopram o ondear da poesia...
SÓ LOUCO... Jorge Bichuetti
Navego na loucura de amar no azul anil das ondas tresloucadas da paixão que é delírio - onda no mar do destino sem praia pra se aquietar...
- "Simplicidade é a sofisticação máxima.' Leonardo da Vinci
- "Simplicidade, simplicidade, simplicidade!
Tenha dois ou três afazeres e não cem ou mil em vez de um milhão, conte
meia dúzia... No meio desse mar agitado da vida
civilizada há tantas nuvens, tempestades, areias movediças e mil e um
itens a considerar, que o ser humano tem que se orientar - se ele não
afundar e definitivamente acabar não fazendo sua parte - por uma técnica
simples de previsão, além de ser um grande calculista para ter sucesso. Simplifique, simplifique." Henry Thoreau
- "Sempre reverenciei, não a verbosa rusticidade, mas a santa simplicidade." São Jerônimo
Escrevo com a borra de café que, se não fala do futuro, conta-me histórias do passado e, nelas, a vida vivida, o caminho percorrido... amores e paisagens que moram no meu coração. Luinha saltitante é a alegria permanente... Ela seca minhas lágrimas...Vê no hoje a força do eterno retorno... Assim, sua saudade é canto de magia, evocando canções e poesias, amigos e manhãs que afirmam que a vida é o voo do nosso coração, com as asas da luta, buscando na linha do horizonte a vida remoçado no carinho da aurora...
Tudo passa... volta metamorfoseado, com a riqueza formosa das experiências vividas.
Tento madrugar; ela tenta me convencer que que se pode esperar e lutar, sonhando...
Molho, então, meus pés no Rio Grande que o tenho vivo na memória... e canto.
Povôo de canções e poesias... o caminho. Ele é a própria vida, no tricotar dos nossos passos...
No quintal, a suavidade dos álamos bailarinos e das rosas regateiras me ensinam que alegria é desengaiolar-se e voar... Voar, outrando-se... voar, reencontrando-se com os que partiram e com os que irão chegar...
O individualismo da globalização neoliberal turvou nossa visão... Corroeu a força do nós...
Somos tribos... O coração não se intimida com as medições da distância.
Ele é pulsação viva que pede a alegria dos bons encontros...
Nossos passos no caminho podem acorrentados nos aprisionar na solidão e no isolamento; se insurgentes, rompem os os elos da corrente e ganham asas... alados, então, conseguimos criar um rede de amigos, uma tribo... Vida comum na roda-de-samba; na seresta... na prosa no fogão-de-lenha...
Não é normal voar... parece que anda proibido sonhar... Regras da normalidade instituída...
A vida é potência no encontro; alegria no horizonte azul...
As barreiras são todas do nosso ego, que é, tão-somente, a parte de nós que introjetou as restrições e inibições do socius... somos mais...
A tirania exclui a transversalidade que nos permitiria acessar nossos eus não-paridos, nossas potências desconhecidas...
A submissão à rotina nos entristece; nos apequena...
Há um Super-homem na vulnerabilidade humana criativa que nos marca a existência.
Ativar nossas potências; desbravar clareiras na escuridão... desnudar bifurcações nas encruzilhadas é a arte de alijar de si a servidão e dominar o próprio destino...
E, assim, ir pela vida florescendo sem medo de ser feliz...
Já teci sonhos dourados com fios recolhidos no baú; viajei pelo infinito... pousei no luar...
Já amei com volúpia e ternura, numa suave loucura de ser a eternidade de mãos dadas...
Depois, a quietude sonâmbula me deixou só... no chão sentado. Mirando o horizonte com saudade...
Embora, resta-me a fumaça, com nuvens e paisagens, no sopro do cigarro... um xícara de café quente e a velha flor seca... no livro fechado.
ADEUS Jorge Bichuetti
Não creio nos fúnebres adeuses da vida tímida no terror do amor negado...
Não choro no lenço branco das despedidas; guardo-os orvalhados no vento... pois, no apito do trem, o adeus soa agônico... nos trinados da volta que nos enrola no manto cálido da vida que rodopia no malabarismo dos fios que tecem o eterno retorno: música do tempo; magia do vento...