NÍDIA MODESTO
jorge bichuetti
Estamos tristes e solitários...
Deleuze dizia que " somos todos desertos , povoados de tribos, faunas e floras."
Agora, estamos com a nossa tribo sentindo a dor da partida de uma terna amiga e de uma destemida guerreira.
A Saúde Pública e a Luta Antimanicomial se vê, hoje, sob o peso da partida de quem tanto fez, lutou e sonhou, realizou...
Nídia Modesto partiu... Sua morte é dor e lamento para nós, seus amigos; e para a psicologia e a saúde coletiva, um terrível vazio...
Num tempo de poucos guerreiros, quando falta criatividade e coragem, ousadia e perseverança, sofremos a partida da pessoa meiga e sensível, sempre cúmplice dos projetos de vanguarda que tratavam de materializar o direito à saúde.
... O céu ganha uma estrela... Ela e seu devir ternura e generosidade, amizade e liberdade
Prossigamos... honrando seu legado.
Na dor, perguntemos:
- O SUS permanecerá no campo dos sonhos?
- A Reforma Psiquiátrica viverá no campo dos discursos?
- Enfim, quando se materializará a radicalidade da constituição que não tergiversa, garante a todos o direito à saude?
As lágrimas são férteis...
Cada perda, nos deve acordar e diante da realidade sofrida do nosso povo, ainda excluído e na miséria, intensificar em nós o desejo de caminhar, lutando pela concretização dos sonhos.
E para ela a amiga que parte, lhe entregamos a suavidade de Cecília Meireles:
"No mistério do sem-fim
E, no planeta, um jardim,
e, no jardim, um canteiro;
no canteiro uma violeta,
e, sobre ela, o dia inteiro,
entre o planeta e o sem-fim,
a asa de uma borboleta."
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