ENTRE-LINHAS, ENTRE-TANTOS...
A VOLTA
jorge bichuetti
Longa é a espera...
O trem passa,
o avião aterrissa
e, até mesmo, o cavalo,
galopante e veloz,
vem e vai;
no entanto, nada: você não volta...
Talvez, não será sua volta
uma obra humana.
Penso que, de hoje para sempre,
hei de lhe esperar
nos rodopios de uma estrela cadente,
nos giros acrobaltas de um pássaro encantado,
ou, ainda, talvez,
nas asas de um anjo peralta...
E, nesta espera, tecerei
um campo de relva e margaridas,
alecrim e flocos de algodão;
onde nosso cansaço
adormecerá
num sonho mágico
de uma vida sem adeus.
O SABIÁ
jorge bichuetti
Pela manhã, ele canta e me desperta,
acordando sonhos esquecidos.
Com o sol, ele brilha e me enternece,
tecendo preces maternais.
Companheiro de todo dia,
compõe alegre o próprio alvorecer.
Os álamos bailam,
A terra perfuma...
... mas é o seu canto,
o canto do meu sabiá
que me anuncia o caminho,
dando-me o desejo de viver,,
de sempre, sempre, viver...
ANDANÇAS
jorge bichuetti
De pés descalços, perambulamos
e os nossos calos
contam
os morros,
as pedras
e os espinhos
que sinalizam os percursos da existência.
De mãos dadas, caminhamos
por alamedas de jasmins,
por trilhos retilíneos,
por praças enfeitiçadas...
O tempo passou e nos perdemos.
... Mas ainda sinto
o calor de suas mãos
e como dói
seguir,
seguir, agora, quando és
a minha própria solidão.
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