JORGE BICHUETTI
Na loucura, sempre enxergamos uma patologia, um defeito, uma anomalia...
Nos asilos, era ela humilhada, violentada, discriminada e excluida, como se fora uma excrescência da própria vida.
A medicina legislou, patologizando-a... E no mito de que era perigosa, pueril e improdutiva ( Foucault), a sociedade a trancafiou numa instituição total.
As intituições totais, commo o manicômio, caracterizam pelo grau zero de trocas e pelas respostas prontas, pelas barreiras arquitetônicas e pela desapropiação do espaço, do tempo e da palavra, que faz do potador de sofrimento mental um trapo autista.
Podemos romper os horreres dos hospícios e continuar manicomializando a vida.
Separando normais de anormais; desqualificando a diferença; desvalorizando a singularidade...
A clínica antimanicomial - no mundo onde a moiria pade de transtornos mentais - vem resgatar a cidadania, dando um lugar para o sofrimento que não mais é o do isolamento e da desvalis. O sofrimento compõe o humano e somente o recusamos porque vivemos na ditadura da vitória, da alegria e da beleza.
A reforma psiquiátrica desde muito já não só uma denúncia dos verdadeiros campos de concentração que é/era o hospício.
Ela afirma: somos singulares e diferentes e a normalidade foi um artefato de nivelamento do humano num processo de robotização do comportamento adequado à construção da subjetividade capitalística.
Somos diferentes e a diferença é potência que enquriquece a vida.
Assim, uma verdadeira clínica antimanicomial vê as dores humanas e as acolhe com carinho, ternura e solidariedade; e diante delas, não trabalha o recondicionamento do homem à normalidade perdida numa crise; ausculta na crise a necessidade de se reinventar uo modo de existir.
Porisso, é sempre uma clínica do devir...
Explorando nossas multiplicidades, intensificando e materializando nossa singularidade, alisamos os espaços e nos damos aos devires que nos permitem emergir do abismo de desespero e agonia, com nossos sonhos, novos projetos e um novo modo de viver e existir onde já não somos escravos da racionalidade técnico-instrumental, mas somos a diferença num vôo libertário de uma singularidade que se consubstancia entre a poesia e a magia, entre a arte e as artimanhas de ser um metamarfosente.
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
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