Meu Povo
jorge bichuetti
Meu povo sonha pouco,
levanta e a labuta o consome;
de tarde, maltrapilho espia
e não vê nada, pois cego
ficou com olhos inundados de suor.
... Já de noitinha, sob o céu estrelado,
ele canta seu lamento, tamborilando
numa caixa-de-fósforos suas dores...
E canta, dança e festeja, numa teimosia
que mais parece um jeito de não morrer.
Assim, é o meu povo... um povo cansado,
um povo teimoso, um povo cabisbaixo,
que vence o sangue das feridas, cantando...
Meu povo não sonha. Canta,
e Deus que o escuta
por ele sonha e clama...
Centelhas
jorge bichuetti
Quanto frio! Não se aquece a alma,
sem as fagulhas de um abraço.
Quanto medo! O caminho é ingreme,
se não caminhamos de mãos dadas.
Quantas lágrimas! Lágrimas que nunca secarão
se me dás teu lenço, e me negas teus beijos.
O amor é um delírio que nos eleva ao paraíso,
centelhas de uma fogueira cujas cinzas,
não se dissolvem nas nuvens...
Não seria, amor, loucura, deixar o azul do alto
e me contorcer no lodo profundo do abismo?
Não quero cinzas, não te fantasiarei numa nuvem,
estou decidido: te encontrarei depois da tormenta
num novo e encantado arco-íris...
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
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