segunda-feira, 15 de novembro de 2010

GEOGRAFIA DA VIOLÊNCIA

                                                                                 JORGE BICHUETTI

Paz! Clamamos por paz e persistimos vivendo num mundo violento....
Violência privada e pública... Na casa e na rua... E nas guerras que ceifam vidas inocentes, num jogo, onde quem ganha são apenas as indústrias armamentistas.
A violência fere os direitos humanos, a cidadania e a solidariedade - única força capaz de nos tirar deste absurdo que nossa vida individualista, consumista, de competição, exploração e opressão.
Toda violência tem raízes sociais...
O mito da loucura como violência já não se sustenta....
Fannon, psiquiatra argelino, a dividia em violência horizontal e violência vertical.
As classes dominantes violentam, através da exploração, da opressão, da humilhação, e as classes dominadas não podendo reagir pela sua necessidade de sobrevivência agem horizontalmente, com seus iguais ou inferiores, de forma truculenta e violenta.
A fome, a miséria e a exclusão determinam padrões violentos de comportamento... Violência-desespero e desencantamento.
A defesa de um território ou a necessidade de se testar os limites explicam alguns atos violentos.
Já estudamos no livro lembranças da Loucura, inúmeros modos de funcionamento da violência.
Aqui, porém, concentro-me nesta violência diária que nos assusta e desumaniza...
A mulher espancada, a criança abusada, o velho ferido, o mendigo esbofeteado... são cenas do nosso cotidiano.
Os gays, os negros, os loucos, os andarilhos, as mulheres, as crianças e os velhos, todas as minorias, são comumente vítimas de violência... O fascismo impera com seus preconceitos e suas atrocidades, objetivando a marginalização e desmoralização do que não é os modos de existir do poder.
Que fazer? Indignar-se e agir...
A impunidade engendra um convite à violência... Igualmente, a nossa aceitação....
Quase classificamos as violências como se fossem de ordem privada ou policial, são , também, de ordem comunitária e exigem um posicionamento de todos: estado, sociedade civil, cidadãos...
Coloquemo-nos ao lado das vítimas e as apoiemos, luutando por justiça...
Passemos a impedir os atos violentos que ocorrem diante dos nossos olhos...
Critiquemos abertamente os violentos e os denunciemos...
Apoiemos as políticas sociais de apoio e rehabilitação psicossocial das vítimas...
Defendamos a não-violência... Criando grupos de discussão e intervenção... Incorporemos em nossas vidas e comunidades a ética dos direitos humanos, fazendo-os parte da engregem social e individual de afirmação da vida.
Direitos Humanos, sim; violência, não!...

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