sexta-feira, 27 de julho de 2012

DIÁRIO DE BORDO: UM ETERNO APRENDIZ...

                               Jorge Bichuetti

Noite alta... Os álamos bailam, valsando com o tempo... O vento que arrepia minha pele, perfuma... A roseira com seus cachos, o limoeiro com seus sonhos de samba e caipirinha; a romã com promessas de amor... Meu quintal é mi'a Igreja: fé na vida, esperança no caminho, escola de humanidade...
O sono, entre dores e inquietações de malabarista, se foi... Ficaram os Sonhos, ficou Luinha... Carinhosa, deita-se no meu ombro... Juntos espiamos a noite, o luar e as estrelas... Tudo é tão belo... As próprias nuvens discretas parecem leitos siderais...
O meu café quente, me abraça por dentro, e por fora, me dá saudades...
A saudade é a voz do coração que presentifica o passado... o que partiu, ficando. E dá presença aos que distantes nunca se ausentam...
O silêncio é a poesia escrita pelo infinito no coração que sonha...
Entre suspiros, palavras... escritos na pele... desenhadas na alma.
A poesia é a vida que rompendo o silêncio dá voz as cantigas do infinito... as que cantadas, foram esquecidas... e as que estão por nascerem...
No silêncio, entre poesias e canções, vendo que viver é recomeçar... não tenho dúvidas: a utopia não é uma miragem, uma ilusão... È ânsia da vida... da vida parideira... vida metamorfoseante... vida que se deseja realizar no balançar das mudanças...
Quieto, atencioso... o universo desnuda meu analfabetismo: nos tiraram a audácia de escrever no caminho, lutando... o amanhã, a aurora, o despertar...
No além-mar, uma pérola numa concha nos sussurra a visceralidade cósmica das pulsações da nossa própria humanidade...Com paus e pedras, constato, vendo o poder das florescências que insurgentes nos chamam para o salto... Um salto vitalizante, inovador... criativo e germinativo: há u'a humanidade de suavidade e paz, dentro de nós, esperando inquieta, pois deseja ser parida para aniquilar as desumanidades...
Aprendo, sempre... Não falo do que sei... sei tão pouco... Eu grito o canto da vida que rebelde e insurgente é ternura e compaixão, contida e negada pelos canhões de ferro e de palavras, que vão impedindo-a de ser parida... E, assim, seguimos... desligados do pedido da vida que nos quer hoje como ventre do amanhã.
"Não é preciso conquistar o mundo. Basta fazê-lo novo. Hoje. Nós. " Subcomandante insurgente do EZLN.


2 comentários:

paulo cecilio disse...

Ah! este café demorou pra sair... era capricho do mestre cuca... saiu melhor que a encomenda. pois é, companheiro trazemos a ansia de paz conosco, e às vezes a esquecemos. Trazemos os espíritos dos navegadores e às vezes não navegamos. Com este "bom dia", os economistas diriam que o fim de semana tá garantido, os fisicos diriam que a inércia foi quebrada, e nosso coração diz apenas: apenas aspire os cachos de rosas...

maria alice disse...

Bálsamo para minha alma ler estes dois poetas. Jorge e Paulo.

".....apenas aspire os cachos de rosa, deixe perfumar o coração e viva.

Atrevida, eu, né!!!!!!

Bjos. Maria Alice