POESIAS DE JOSIANE SOUZA
SECREÇÃO
Espremidos pela noite que nos
desemboca nas fissuras eternas do universo,
Apalpando com os fios de cabelo as
assombrações do inverno,
Queimamos na fogueira dos desejos
nossos sonetos frios e sonâmbulos,
E
através da fumaça dos sonhos, alcançamos nas epidermes incendiadas
O
encontro flutuante das almas enigmáticas.
Desvelado o cardume do que agora
escorre de nós,
Permeio o bálsamo fresco que com a
língua capturamos,
Garatuja o vento que nos arranha os
pensamentos.
Rasteja o temor que nos envenena os
corpos mordidos,
E a noite, então, passa a ser apenas
um lençol escuro,
Sobre o qual adormecem nossas
ardências soturnas,
E nossos tropeços
perdidos.
O espesso véu de neblina que se
estende sobre a rua e as coisas,
que não vejo.
Encobre os passos dos pensamentos que soturnos correm,
e não escuto.
As sombras das casas desenham nas calçadas os submundos,
que não sinto.
Enlaça com a neblina a fragrância dos meios fios,
que não cheiro.
A noite vibra misteriosa e fria no fora,
que não entro.
E dentro o dia arde nas cortinas do quarto
e eu saio.
que não vejo.
Encobre os passos dos pensamentos que soturnos correm,
e não escuto.
As sombras das casas desenham nas calçadas os submundos,
que não sinto.
Enlaça com a neblina a fragrância dos meios fios,
que não cheiro.
A noite vibra misteriosa e fria no fora,
que não entro.
E dentro o dia arde nas cortinas do quarto
e eu saio.
PONTILHADO
Deslizam as vozes suadas pelas
gargantas dos dedos
Gritantes, ventosas dos lábios
estilhaçando molduras
Caricatas, emersão de pelos
borbulhando na espinha
Efusiva, cratera de delírios, de
lírios, de rios.
Ponta
de passo, no meio do braço, abraço
E
passo.
Na beira das pernas laço um
calço
E
alço.
Subo e sumo
Derreto e desço
Afogo
no fogo e morro.
Um comentário:
Josiane, quero mais!
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