JORGE BICHUETTI
Quem cuida, mobiliza ternura e compaixão, amor e doação; e dedica-se... E, muitas vezes, se irrita por ver outro consumido pelas forças da destrutividade...
Se não aprofundamos o nosso entendimento sobre o funcionamento humano, desistiremos facilmente de nosso esforço de cuidado, e sairemos dele aborrecidos, frustrados e com hostilidade para com o coração que mesmo recebendo tanto, manteve-se enamorado do abismo.
O que passa é que não tranquilo, nem sereno enfrentar os processos inconscientes de anti-produção.
A anti-produção organiza-se numa tentativa de captura do novo emergente. Solapa as forças da vida e funciona como um buraco negro, que esvazia os outros sentidos da vida e esta passa a ser sugada, vampirizada, desvitalizada e enegrecida. Um exemplo, é o alcoolista que o único sentido de vida é o próximo copo.
A anti-produção não aparece somente na dependência química... Está na overdose, como nas nossas pequenas sabotagens onde efetuamos uma evitação das bifurcações e saídas necessárias para a superação das nossas dores e feridas e nos mantemos rodopiando no num giro cego sem sair do lugar...
Procuremos afirmar a vida... E no cuidado dos que se vêem sob as sombras da anti-produção sejamos mais sedutores e agenciemos com mais força e alegria a potência da vida, que floresce sempre que ativada...
Anulemos o canto de sereia da anti-produção com carinho, ternura, compaixão, apoio, doação, mas, também, com atividades que acionem a capacidade de produção do inconsciente da própria vida.
Este é o sentido do conceito de maternagem de Winicott: sustentamos, para que em pé, com o empréstimo de nossas forças e luz, possa o outro caminhar no seu momento de florescência...Uma mãe continente acolhe o seu filho, sabendo-o e aceitando o limite do seu momento.
Cuidar é amar... e a vida que vence a morte, nada mais mais é do que o amor plenificado...
domingo, 28 de novembro de 2010
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