JORGE BICHUETTI
Adoecemo-nos...Entristecemo-nos... Fragilizamo-nos... Necessitamos de cuidado. e o cuidado, na medicina, vê nosso sofrimento como negatividade, desvio, anomalia... O vitalismo pensava a saúde e a doença como modos de andar a vida...
Queremos ser curados... Embora, a ideia da cura nos revele na enfermidade uma deficiência, um fracasso...
Rotelli diria que se trata de emancipar-se. Re-tomar a vida com autonomia e alegria.
O importante na hora da dor, do estado febril , da perda de consciência não é a epistemologia da medicina, é a retomada da potência do viver. E ela depende do cuidado: o cuidado ortopédico nos remenda e o cuidado-acolhimento nos reinventa...
Se na fragilidade não houvesse potência seria fantasioso os casos de curas miraculosas.
O que acontece é o reverso: no sofrimento, nós ganhamos potência para o novo, para a autorestauração, para o devir... A doença é, também, um alisamento do espaço estriado do corpo cheio de órgãos. Desterritorializado pela fragilidade imposta pela enfermidade, ele pode bifurcar, traçar linhas de fuga, multiplicitar, rizomatizar-se, escavar em si mesmo potências da arte e do brincar, singularizar-se e devir...
" A normalidade é a mediocridade institucionalizada". ( Lineu Miziara)
O novo é emancipação, não é um remendo ortopédico; é o devir de um novo corpo, inclusive, por e para o que pode um corpo...
Neste sentido, não depreciamos o auxílio farmacológicó... São aparatos numa guerra maior, a de se emancipar e devir-se um homem novo, alheio às repetições que nos vulnerabilizam e potente pelas multiplicidades e singularidades incorporadas no modo de existir que nos retira do lugar comum..
segunda-feira, 15 de novembro de 2010
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Um comentário:
um texto que cura!!!, e ainda esnoba a belíssima frase do mestre Lineu...
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