Tudo começa de uma utopia... O hospício já é suportável, sua violência não cuida e sua segregação marginaliza e cronifica...
Os portadores de sofrimento mental necessitam de dispositivos abertos, amorosos, com trocas solidárias e ternura, com alegria e cuidado libertário... E, assim nascem os CAPS - dispositivos substitutivos ao manicômio e que se baseiam nos conceitos de cidadania, solidariedade, direito à singularidade e potência de reinventar a vida num socius onde caiba a loucura...
O CAPS-MARIA BONECA da Fundação Gregorio F Baremblitt é o primeiro CAPS de Minas Gerais...
Dá seus primeiros passos, desmistificando o conceito de crise: crise é dor, angústia e caos, porém, a falência do vivido e a possibilidade de se reinventar-se e reinventar a vida.
Se instutui como uma clínica de acolhimento de crises e de reabilitação psicossocial.
Se desenha através de um coletivo transdisciplinar, onde é dado ênfase na autogestão, no carinho, na ternura, no diálogo sincero e franco, na solidariedade e numa política radical de defesa dos direitos humanos.
Ali, ocorre tudo... Vida: oficinas de economia solidária, de artes, de artesanato, o jornal, a poesia e pintura, os encontros de cidadania, os passeios e um multidão de atividades marcadas pela alegria, convivência transversal e amor generoso.
Há todo tipo de recurso: a medicação, a psicoterapia, os cuidados de enfermagem, o trabalho social, as intervenções familiares... e mais....
Há convivência.... e um espaço liso que subjetivam os usuários como protagonistas de um processo realizadoem parceria e direção da equipe.
Não parece clínica.... Parece lar, escola, fábrica, praça.... vida florescente nas trocas amáveis e respeitosos, onde se orienta pela clínica esquizoanalítica: da raspagem do velho instituido, dos complexos e limitações e da fermentação de linhas e fuga, singularidades, multiplicidades e devires...
Ela se realiza entre a resistência e o sonho, a poesia e a luta, a magia e a construção de novos caminhos de vida e para a vida.
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