Patríca Ayer, professora do Curso de especialização em Análise Institucional e esquizoanálise, é psicóloga, e tem trabalhado uma pesquisa onde revela que as práticas de saúde são apolíneas e não dionísicas. Gerando, assim, um cinza que desgasta o trabalhador e impede o acolhimento dos que sofrem e buscam no sistema de saúde apoio, alívio e cura-emancipação.
Hoje, lhe entrevistamos:
1. Patrícia, a falta do aspecto dionísico na clínica a torna limitada e ineficiente?
2. Vivemos e caminhamos... O que pensa: falta dionísio nas relações de amor?
3. A dita pós-modernidade imprimiu no cotiano um cinza generalizado. Perguntamos: o que pode a alegria?
4. É possível sonhar com um socialismo libertário sem Spinosa?
5. Como você vê e espera o congresso Internacional de Esquizoanálise e esquizodrama?
Eis as respostas da nossa querida Patrícia Ayer:
1)Tendo a pensar que tanto Apolo qto Dionísio são importantes nos afazeres clínicos e sociais.Sem dúvida, o primeiro permite a individuação. O segundo, é o deus da afirmação e da transmutação, o que envolve uma abertura sensível ao acaso, ao devir da vida e à criatividade na clínica.
Além disso, Dionísio é o estrangeiro do interior, portador da estranheza.Esta formulação, desde que a li pela primeira vez, parece-me ampla o bastante para expressar três aspectos importantes para os afazeres clínicos: aquilo que nos é desconhecido,que não é reconhecível por nós, e finalmente que é dessemelhante de si próprio, ou seja, em processo de diferenciação contínua.
Trabalhamos com isto!,não é?
Mire e veja: a potência dionisíaca,inspira-se em muitos campos de saberes e artes, não tem modelo. Trata-se da potência de um humor vital, a paixão de criar a vida em sua multiplicidade infinita. E como diz uma música brasileira "ninguém quer a morte, só saúde e sorte". Podemos criar modos de existência que potencializem a saúde!
2)Dionísio é o experimentador de infinitas formas de vida. Não teme o sofrimento, não adere a ele.Inventa contínuamente um sentido novo por onde a vida possa se expandir:é o mensageiro da alegria de criar.
Se potencializarmos Dionísio em nós, teremos boas chances de reinventarmos o amor, sem pieguice; amor pelo mais estrangeiro em nós e no outro.O homem, diz Nietzsche, cria qdo ele ama, qdo mergulha no amor, qdo acredita de maneira apaixonada que algo é justo.
3)Vou pedir a Guimarães Rosa uma 'ajuda': A vida inventa! a ALEGRIA ativa em nós a autodeterminação do pensamento e a capacidade de criar -- porque, afinal, a existência é mesmo mutirão de todos e mutirão de diferenciações em tudo e todos.
A alegria é potência impulsionadora de processos autogestionários, nos quais indivíduos e coletivos não delegam sua existência aos Poderes: do Estado, da Ciência, do Ideal, da Moral, da Lei.
4)Para responder esta questão ocorre-me que em Espinosa encontramos uma ética imanente, inspiradora de práticas constitutivas de relações caracterizadas pela pluralidade, diversidade, multiplicidade... o que, sem dúvida, exige a eterna autodestruição (olha aí Dionísio com Espinosa!) de tudo aquilo que empobrece e desfavorece a existência e a eterna autocriação de formas de existência vitalizadas e diversificadas.
5)Puxa! qtas mentes e corações na montagem deste encontro! Qtas conexões em direções variadas, que vão produzindo novas variações.Qtos coletivos engajados!Não tenho dúvidas: será um bom encontro. Lembrando a bela formulação de Baremblitt:um bom encontro é aquele que atualiza virtualidades, inventa novidades, cria sentidos-acontecimentos, intensifica expressões.
E vcs, da FGB de Uberaba, são amantes de bons encontros.
Carinhos e obrigada pela oportunidade de responder
1)Tendo a pensar que tanto Apolo qto Dionísio são importantes nos afazeres clínicos e sociais.Sem dúvida, o primeiro permite a individuação. O segundo, é o deus da afirmação e da transmutação, o que envolve uma abertura sensível ao acaso, ao devir da vida e à criatividade na clínica.
Além disso, Dionísio é o estrangeiro do interior, portador da estranheza.Esta formulação, desde que a li pela primeira vez, parece-me ampla o bastante para expressar três aspectos importantes para os afazeres clínicos: aquilo que nos é desconhecido,que não é reconhecível por nós, e finalmente que é dessemelhante de si próprio, ou seja, em processo de diferenciação contínua.
Trabalhamos com isto!,não é?
Mire e veja: a potência dionisíaca,inspira-se em muitos campos de saberes e artes, não tem modelo. Trata-se da potência de um humor vital, a paixão de criar a vida em sua multiplicidade infinita. E como diz uma música brasileira "ninguém quer a morte, só saúde e sorte". Podemos criar modos de existência que potencializem a saúde!
2)Dionísio é o experimentador de infinitas formas de vida. Não teme o sofrimento, não adere a ele.Inventa contínuamente um sentido novo por onde a vida possa se expandir:é o mensageiro da alegria de criar.
Se potencializarmos Dionísio em nós, teremos boas chances de reinventarmos o amor, sem pieguice; amor pelo mais estrangeiro em nós e no outro.O homem, diz Nietzsche, cria qdo ele ama, qdo mergulha no amor, qdo acredita de maneira apaixonada que algo é justo.
3)Vou pedir a Guimarães Rosa uma 'ajuda': A vida inventa! a ALEGRIA ativa em nós a autodeterminação do pensamento e a capacidade de criar -- porque, afinal, a existência é mesmo mutirão de todos e mutirão de diferenciações em tudo e todos.
A alegria é potência impulsionadora de processos autogestionários, nos quais indivíduos e coletivos não delegam sua existência aos Poderes: do Estado, da Ciência, do Ideal, da Moral, da Lei.
4)Para responder esta questão ocorre-me que em Espinosa encontramos uma ética imanente, inspiradora de práticas constitutivas de relações caracterizadas pela pluralidade, diversidade, multiplicidade... o que, sem dúvida, exige a eterna autodestruição (olha aí Dionísio com Espinosa!) de tudo aquilo que empobrece e desfavorece a existência e a eterna autocriação de formas de existência vitalizadas e diversificadas.
5)Puxa! qtas mentes e corações na montagem deste encontro! Qtas conexões em direções variadas, que vão produzindo novas variações.Qtos coletivos engajados!Não tenho dúvidas: será um bom encontro. Lembrando a bela formulação de Baremblitt:um bom encontro é aquele que atualiza virtualidades, inventa novidades, cria sentidos-acontecimentos, intensifica expressões.
E vcs, da FGB de Uberaba, são amantes de bons encontros.
Carinhos e obrigada pela oportunidade de responder
1)Tendo a pensar que tanto Apolo qto Dionísio são importantes nos afazeres clínicos e sociais.Sem dúvida, o primeiro permite a individuação. O segundo, é o deus da afirmação e da transmutação, o que envolve uma abertura sensível ao acaso, ao devir da vida e à criatividade na clínica.
Além disso, Dionísio é o estrangeiro do interior, portador da estranheza.Esta formulação, desde que a li pela primeira vez, parece-me ampla o bastante para expressar três aspectos importantes para os afazeres clínicos: aquilo que nos é desconhecido,que não é reconhecível por nós, e finalmente que é dessemelhante de si próprio, ou seja, em processo de diferenciação contínua.
Trabalhamos com isto!,não é?
Mire e veja: a potência dionisíaca,inspira-se em muitos campos de saberes e artes, não tem modelo. Trata-se da potência de um humor vital, a paixão de criar a vida em sua multiplicidade infinita. E como diz uma música brasileira "ninguém quer a morte, só saúde e sorte". Podemos criar modos de existência que potencializem a saúde!
2)Dionísio é o experimentador de infinitas formas de vida. Não teme o sofrimento, não adere a ele.Inventa contínuamente um sentido novo por onde a vida possa se expandir:é o mensageiro da alegria de criar.
Se potencializarmos Dionísio em nós, teremos boas chances de reinventarmos o amor, sem pieguice; amor pelo mais estrangeiro em nós e no outro.O homem, diz Nietzsche, cria qdo ele ama, qdo mergulha no amor, qdo acredita de maneira apaixonada que algo é justo.
3)Vou pedir a Guimarães Rosa uma 'ajuda': A vida inventa! a ALEGRIA ativa em nós a autodeterminação do pensamento e a capacidade de criar -- porque, afinal, a existência é mesmo mutirão de todos e mutirão de diferenciações em tudo e todos.
A alegria é potência impulsionadora de processos autogestionários, nos quais indivíduos e coletivos não delegam sua existência aos Poderes: do Estado, da Ciência, do Ideal, da Moral, da Lei.
4)Para responder esta questão ocorre-me que em Espinosa encontramos uma ética imanente, inspiradora de práticas constitutivas de relações caracterizadas pela pluralidade, diversidade, multiplicidade... o que, sem dúvida, exige a eterna autodestruição (olha aí Dionísio com Espinosa!) de tudo aquilo que empobrece e desfavorece a existência e a eterna autocriação de formas de existência vitalizadas e diversificadas.
5)Puxa! qtas mentes e corações na montagem deste encontro! Qtas conexões em direções variadas, que vão produzindo novas variações.Qtos coletivos engajados!Não tenho dúvidas: será um bom encontro. Lembrando a bela formulação de Baremblitt:um bom encontro é aquele que atualiza virtualidades, inventa novidades, cria sentidos-acontecimentos, intensifica expressões.
E vcs, da FGB de Uberaba, são amantes de bons encontros.
Carinhos e obrigada pela oportunidade de responder
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5 comentários:
A Máquina do Mundo (trecho de Drummond)
E como eu palmilhasse vagamente
uma estrada de Minas, pedregosa,
e no fecho da tarde um sino rouco
se misturasse ao som de meus sapatos
que era pausado e seco; e aves pairassem
no céu de chumbo, e suas formas pretas
lentamente se fossem diluindo
na escuridão maior, vinda dos montes
e de meu próprio ser desenganado,
a máquina do mundo se entreabriu
para quem de a romper já se esquivava
e só de o ter pensado se carpia.
Viver sem as praticas do companheiro Dionisio é um marasmo,depressão,falta de graça.
Rir é um ótimo remédio.Rei do Baco,
Dionísia já foi meu apelido. Adoro dar risada, beber uma bebida de primeira linha, mas o amor só a dois.Dar a luz (anestesia claro)um orgasmo.
Apolo o sério, o estudioso, construtor, artista, escritor, cultura. O homem não tem útero mas tem cabeça.Pura ciencia, sempre quis mostrar isso.A inveja vem de quem? Do dar a luz ou do penis?Freud???????????????
O homem também ama Dionísio. Então a coisa fica feia.Homem bicho,
selvagem,incansável atrás da sua presa.Delíiiiicia! De
A alegria, como afirmação da vida, é , para mim, o caminho onde se encontram o sonho e as estrelas, as flores e os beijos, o suor da labuta e a roda de samba, o ombro da amizade e as asas de uma oração abraços jorge bichuetti
Jorge, estou até agora profundamente afetada pela existência e pela potência de Patrícia Ayer. E como ela mesma diz, quando deixamos de reverenciar o ego, é possível "passar a um grau de ser" quem sabe mais dionisíaco. Por isso, sem pestanejar o encontro de Esquizos foi potencializado por uma velocidade dionisíaca de afectos, perceptos, transmutações e intensos pensamentos e ações porvir!
Agradecida sempre a todos e inteiramente a ti!
ela é suavidade e ternura num redemoinho de novidades. abraços jorge
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