JORGE BICHUETTI
Nunca sinto certo, o incerto da solidão...
Nunca me parece perto, o vazio da devastação...
Nunca... nunca acordo, quando meus olhos
choram o pesadelo, o frio da desilusão...
Como viver se o céu se fez cinza,
se o riso descoloriu-se, de medo
da escuridão...
Como seguir se meus pés, antes valentes,
agora, sangram calados,
já não miram o horizonte,
pois o abismo vive...ao lado.
Do lado direito, um abismo...
Assim, sigo temeroso
e não degusto a estrada.
Paz, paz , ó, minha paz...
Amante tão esperada.
Procura-a e não a encontro
nos desencontros da estrada.
Paz, paz , ó, minha paz...
Procurando-a, me encontrei
na outra margem da estrada...
Paz, paz, ó, minha paz...
Ali, estava e não a vi.
Esperava a mim e a todos,
Entre flores e estrelas,
na outra margem da estrada,
invisível, mas presente,
nos sonhos de vida
nos cantos da lida
que desbrava na noite
as luzes da alvorada.
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