sábado, 5 de junho de 2010

EXCESSO OU FALTA

             RABISCOS SOBRE A PROBLEMÁTICA DO PAPEL DO EXCESSO E DA FALTA
                                                                     JORGE BICHUETTI

Já no diálogo sobre a passagem da sociedade comunitária-tribal à sociedade de classes, este dilema norteou o debate. Para Sartre, a escassez determinou a mudança, para Mandel, a abundância gerou as condições necessárias à transformação.
No dia-a-dia, pensamos a vida pela falta... Isto é inegável...
Inegável, porém, não natural.
O império da falta vem da lógica da subjetividade capitalística.
Somos edípicos... Triangulamos, competimos, excluímos ... e buscamos a falta: o narcisismo primário, o castrado e o terceiro excluído.
Economicamente, vivemos induzidos a produzir uma demanda do que posto como necessário pela sociedade.
Sempre, queremos algo... e nem sempre realmente necessitamos deste algo que nos falta.
Socialmente, atribuimos valor de destaque ao outro: ele é a felicidade e a vitória; assim, almejamos estar em seu lugar enos enchemos de falta.
Deleuze- Guattari trouxe uma revolução, dizendo que o inconsciente não possui falta.
A falta é somente um lamento de um "pedaço" irrissório do inconsciente que é produção desejante incessante e criação de novidades e singularidades, é potência.
De fato, a vida muda quando descocamos a questão para a exploração viva de nossas potências que pulsam abundantes como uma realteridade que almeja atualizar-se.
Podemos viver e conviver, com alegria e intensidade.
Podemos ousar com o excesso que abunda em nossas vidas o diferente, o acontecimento...
O que pode um corpo? pergunta Spinoza.
Pode amar, sonhar, criar... vibrar, pulsar, brilhar...
Um corpo pode saber, experienciando e aprendendo com suas experimentações.
E podemos ousar caminhar com a ética dionísica dos bons encontros e das paixões alegre.



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