sexta-feira, 12 de novembro de 2010

SOBRE AMOR: E ESTA FERIDA QUE SANGRA?

                                                                                         JORGE BICHUETTI

Ressoa na alma a voz de Caetano, cantarolando a canção do compositor Peninha:" às vezes, no silêncio da noite"...
O amor é o caminho do encantamento, do êxtase e da alegria, porém, comumente, é ferda que sangra... Dor que enlouquece, lágrimas que nublam o nosso olhar... É mágoa, ciúme, insegurança, abandono e solidão.
Podemos e haveremos de construir modos de amar criativos e produtivos... Com felicidade e plenitude...
Hoje, muitas vezes, nos vemos vítimas dos desencontros amorosos...
Amamos e o coração amado não nos vê... O desprezo nos fere, e feridos, mergulhamo-nos num redemoinho de desilusão.
Amamos e investimos, florindo nosso destino, e, inesperadamente, vemos as flores encantadas da nossa alegria, ceifados num adeus silencioso.
Amamos e nos dedicamos, nos damos maquinando cuidado e ternura, e somos navalhados pela notícia de uma traição...
Os amores e suas dores... Incontáveis. Nelas, "somos feras feridas"...
Sofremos, nos deprimimos e perdemos um quantum valioso de encanto e ilusão.
São feridas que ferem a prórpia natureza do amor como encontro, vínculo e ética, todavia, o compõe na sua realidade de relação com o outro e um outro livre, possível de se desncantar, de machucar, de descobrir outros sonhos.
A minha questtão é como sobreviver, sem cristalizar amargura e sofrimento eterno...
O amor é uma linha da vida... Ela não pode esvaziar as diversas linhas da nossa subjetividade, nem alijar de nosso dia-a-dia as presenças amadas que povoam a nossa história... Nunca se sustenta a própria potência de vida, focando todo investimento existencial no amor-paixão, fazendo dele um óasis num deserto.
Somos muitos... Muitos sonhos, muitos encontros, muitas vias de atualização da nossa potência de vida.
Assim, mantemos nossa capacidade de resistência e reinvenção da vida...
A tristeza, então, será um período de refazimento, para que esgotado na dor, sintamos visceralmente a necessidade-possibilidade de buscar as paixões alegres de um novo amor...

6 comentários:

Maria Alice disse...

Hoje vou abusar deste espaço. Senti muita tristeza ao ler e reler este texto. Tristeza na sua alma.
Também, me fez recordar das minhas feridas de amor, que sangraram muito. Segue dois lindos poemas.
Um abraço com muita amor, da amiga Maria Alice

”...já viu o tamanho do diamante polido, lapidado? Sabemos quanto se tira de excesso para chegar ao seu âmago.
É lá que está o verdadeiro valor... Pois, Deus fez a cada um de nós com um âmago bem forte e muito parecido com o diamante bruto, constituído de muitos elementos,
mas essencialmente de amor. Deus deu a cada um de nós essa capacidade, a de amar... Mas temos que aprender como.
Para chegarmos a esse âmago, temos que nos permitir, através dos relacionamentos, ir desbastando todos os excessos que nos impedem de usá-lo, de fazê-lo brilhar
Por muito tempo em minha vida acreditei que amar significava evitar sentimentos ruins.
Não entendia que ferir e ser ferido, ter e provocar raiva, ignorar e ser ignorado faz parte da construção do aprendizado do amor.
Não compreendia que se aprende a amar sentindo todos esses sentimentos contraditórios e... os superando. Ora, esses sentimentos simplesmente não ocorrem se não houver envolvimento... E envolvimento gera atrito. Minha palavra final: ATRITE-SE!
Não existe outra forma de descobrir o amor. E sem ele a vida não tem significado”. (Roberto Crema: Atrite-se)


Dr Jorge, a mais bela oração em forma de música.

Humano Amor de Deus
Pe. Fábio de Melo

Tens o dom de ver estradas onde eu vejo o fim
Me convences quando falas: não é bem assim!
Se me esqueço, me recordas, se não sei, me ensinas.
E se perco a direção, vens me encontrar
Tens o dom de ouvir segredos mesmo se me calo
E se falo me escutas, queres compreender
Se pela força da distância, tu te ausentas
Pelo poder que há na saudade, voltarás!
Quando a solidão doeu em mim
Quando o meu passado não passou por mim
Quando eu não soube compreender a vida
Tu vieste compreender por mim
Quando os meus olhos não podiam ver
Tua mão segura me ajudou a andar
Quando eu não tinha mais amor no peito
Teu amor me ajudou a amar
Quando os meus sonhos vi desmoronar
Me trouxeste outros pra recomeçar
Quando me esqueci que era alguém na vida
Teu amor veio me relembrar
Que Deus me ama, que não estou só
Que Deus cuida de mim quando fala pela tua voz
E me diz: coragem!

Josiane disse...

"Sonhar só pode ofender aqueles que não sonham"!

Sonhar com o amor em sua mais doce e suave magnetude é também tremer sobre os lençóis durante um pesadelo horrendo.
Assim como dois corpos e duas almas possuem potência para o bom encontro, possuem também potência para o mal encontro.
E, o que podemos nós, facas de dois gumes, faces de uma mesma moeda, fazer diante da sofregante dor do amor?
Bailar com a dor?
Talvez!
Se torna muito confuso pensar que dor também é amor...digamos, numa versão menos querida!
Pobre sofrimento, tão renegado por todos.
Há quem diga que a verdadeira criatividade e potência surge das condições adversas da vida, da dor, das tragédias e talvez por isso, nós, seres humanos, inconscientemente ou não, gostamos tanto das tragédias e dores, porque sabemos que são, por mais bizarro que pareça, férteis!

Maria Alice disse...

"Amor é um não-sei-quê, que surge não sei de onde, e acaba não sei como". (Madeleine de Scudéry)

Abraços. maria alice

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Josie, no temporal, nos confundimos e tememos o fim..
Na vida, o desamor surge como um abismo e diante dele não perbemos que temos asas; nossas estavam temporiamente emprestada para os vôos dos nossos sonhos de amor...
Dor é amor? Ou um efeito da vida ante as derrotas do amor..
Amemos, com a coragem do navegador que enfrenta o mar, sabendo dos dos perigos do mar...
Um beijo carinho, minha irmã, jorge

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Maria Alice, eis os dilemas da vida: as feridas sangram, mas só não tem os que ddesistem de caminhar...
Seus poemas são bálsamo...
No sofrimento, sempre invento coisas que me transporte ao mundo dos sonhos.
Falar de feridas antigas, não me causa sofrimento; pois vendo-as cicatrizadas sei o quanto lutei e quanto ousei...
Sobrevivo na força dos amigos, noo carinho que dá ninho, e aninhado nem vejo a força do temporal...
Abraços. a Lua pode ser visitada, pode fazer visitas : ela não gosta, também de saudades.
abraços jorge e Lua

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

O amor é um barco... Mar azul e peixes sonhados.. se fizer bom tempo, ele volta... Se chover, aí, ninguém sabe... Como são lindos os amores felizes e infelizes na poesia ena música...
Penso que a arte é o território do amor..
Abraços
jorge e Lua