quinta-feira, 30 de junho de 2011

SOLIDARIEDADE E DEVIR... UM OUTRO MUNDO É POSSÍVEL; O SONHO NÃO ACABOU...

                                         Jorge Bichuetti

                  ( DEDICO ESTE TEXTO A HEBE DE BONAFINI, DE MADRES DE PLAZA DE MAYO - MÃE, ANJO E GUERREIRA, UM FAROL E UM VENTRE ACOLHEDOR... ONDE RENASCEM OS QUE NAS LÁGRIMAS DA OPRESSÃO SUBMERGEM NO ABISMO DO DESESPERO E DA DESILUSÃO; E ONDE RENASCEM OS QUE NELA ENCONTRAM FORÇA E INSPIRAÇÃO PARA LUTAREM, SONHANDO COM O HORIZONTE AZUL DA LIBERTAÇÃO E DA JUSTIÇA SOCIAL.)

Muitos já não crêem na possibilidade de uma nova vida e de um novo mundo. O pessmismo e o niilismo, o fatalismo e o individualismo saqueou a humanidade e a humanidade se viu despossuída da sua maior riqueza: a esperança, a utopia, o sonho... Viver sem sonhar e mergulhar-se num lamaçal escuro e denso, pegajoso, que nos impede de ver e caminhar. Estagnados, nos corroemos e nas pústulas das nossas feridas pesam o vazio, a falta de sentido, o existir   em densas trevas sem a esperança das luzes do alvorecer...
O socialismo burocrático se revelou insuficiente e incapaz de dar conta do que pode o ser humano: vida efervescente e cheia de desejos de liberdade e de voos criativos no céu da ternura e do amor partilhado.
O neoliberalismo agravou a fragmentação, o individualismo narcisista e a competição bruta e violenta... O ser humano tem anseios viscerais de liberdade e de encontro com o outro e com a paz.
Quando tudo parecia um labirinto Kafkaniano, surge uma luz no túnel: a solidariedade.
A solidariedade é os pés e as mãos do amor... Através dela, o amor caminha e age, multiplicando ternura, doação, partilha e carinho. Ela- a solidariedade - é o espaço acolhedor e florido da legítima inclusão social.
Ela redesenha o horizonte da humanidade, humanidade que se encontrava perdida nos descaminhos da desumanidade.
Nasce, então, um nosso olhar, um novo sentir, um novo caminhar, um novo sonhar, um novo existir...
A solidariedade nos pare vidas de amor partilhado.
A solidão e a angústia, a depressão e a violência se enraízam na racionalidade pragmática e mercantil e no individualismo segregatório...
Assim, a solidariedade é um corpo-de-passagem para o novo, para a mudança, para o devir...
Ela quebra a lógica da exclusão e a lógica do mundo de vendedores e vencedores...
Dilui fronteiras; derruba barreiras e muros; pulveriza egos e tronos, coroas e fuzis...
O outro já não é, para ela, um alheio, um estranho, um empecilho... O outro nos compõe, tanto quanto o compomos...
Floresce, deste modo, a ética do amor, da amizade, da alegria e do cuidado...
Nos percebemos, agora, num rizoma: somos redes, multiplicidades... coletivos e grupalidades partilhando as agruras e os sonhos da caminhada.
Que mundo nascerá da solidariedade?...
Um mundo para além do sim e do não, dos és, um mundo de es... de conjunções que irmanizam e nos conectam, fraternalmente.
Um mundo onde a lágrima de um é lágrima da humanidade; como o riso de um é alegria de todos...
Um mundo de paz... porque é um mundo que se compreende toda violência é auto-mutilação.
Um mundo de ternura e partilha, de comunhão... e de respeito à singularidade do outro. Amor vivo e atuante, ativo...
Um mundo verdejante... pois a natureza já não será a serva estuprado dos interesses mesquinhos da ganância de alguns... Será mãe e irmã, casa e companhia...
Muitos lerão e dirão: que sonhador!... Sonhos de amor; sonhos da aurora... Sonhos de quem vê na solidariedade a força da vida, impedindo-nos que escrevamos na história da humanidade um nevoento e dantesco ponto final...

RODA DE SAMBA: ONDE O AMOR SE ETERNIZA NA ALEGRIA DE VOAR...

a sua benção, meu Pai!... o mundo é
uma  roga gigante de samba de bambas
de cirandas e velhos e novos passarinheiros
que no prosear no cantar no borboletear
encontram no rio o espelho da magia da alegria
de ser e estar no caminho, sonhando os mesmos versos
que um dia eram meus versos de ninar e de amar...

o povo anda triste com medo do espelho se quebrar...
o samba e a roda é só um jeito dena vida se encantar.. jorge bichuetti


um riso... um canto... uma roda e a fogueira
navega a vida e o mar espera... a dor amainar;
um candeeiro clareia uma vela leme do céu e
no chão estrelas tambores e flores sambam
entre o espinho e a flor, tecendo uma rede
de nas nuvens sonhos ir lá pescar... axé, oxalá!... jorge bichuetti



velho pescador... outros mares... outros curiós...
mandingas e rezas...  na roda... um clamor e o
nosso interminável e permanente amor... novas
flores no chão, no céu... o azul e a lágrima da
saudade que o samba dá corpo de oração...

e a vida caminha na roda que gira, sonhando
um mundo onde poesia dê o calor do teu abraço,
nos teus braços sigo pescando os raios do alvorecer
na verdade da alegria semente asas ternas da gratidão... jorge bichuetti


a cadeira vazia... o assobio das aves-marias ... no morro
nas tuas mãos... no grito do gol... rubro e negro, cores e
um grande e infinito amor. O passado não passou, ele é
e será sempre o carinho o verdejar o riacho o sabiá e a
coragem de viver, caminhando na luta... labuta na roda
que gira e desenho no horizonte azul o teu amor e o teu
olhar protetor. Na saudade, o samba reza um louvor... jorge bichuetti



Com minha voz silenciosa ecoando a eterna sinfonia de pardais, digo: Ave, Jorge!... Eterna saudade...


DEDICO ESTA POSTAGEM A MAGA E LU, DANIEL E BETO, GUTO, DANI, LÊ E LALA...

O samba e a saudade ecoam nos tambores
que ruflam triscando as células do infinito... jorge bichuetti


Jorgito... você, meu velho, está presente...



DIA 9 DE JULHO DE 2011 - ENCONTRO MENSAL DA UNIVERSIDADE POPULAR JUVENAL ARDUINI. 
A EDUCAÇÃO EM MOVIMENTO NOS CAMINHOS DA LIBERTAÇÃO...

REDES SOCIAIS E ECONOMIA SOLIDÁRIA

" Quando o pescador estende sua rede no chão ou na água, ela se deita horizontalmente, espraiada para alcançar o espaço mais amplo que puder.
Nenhum nó está acima dos outros, nem é mais importante do que os outros.
Nenhum nó pode pensar os outros nós como competidores, adversários ou inimigos.
Cada nó sabe que, fazendo parte da rede, está indissoluvelmente ligados a quatro nós ao seu redor,
que por sua vez estão ligados cada um a quatro outros nós, numa progressão exponencial... para formar a rede.
Portanto, cada nó tem consciência de sua responsabilidade por si próprio, pela sua ligação com os quatro nós seus vizinhos, e pela integridade da rede inteira.
Cada nó sabe que é único e que os outros nós também são únicos.
É esta diversidade de nós que forma a unidade da rede.
Quando o pescador reflete sobre esta maravilhosamente simples complexidade, lágrimas de emoção escorrem dos seus olhos.
Ele ama a rede, pois ela é obra dele, e é bela e eficaz.
ela reflete a maravilhosamente simples complexidade que ele é.

Assim, é a Economia solidária.
ela trata de muito mais do que a mera atividade de produzir para sobreviver.
Ela é uma arte da vida.
Ela ( eco=casa; nomia=gestão ) nos desafia à gestão e ao cuidado das diversas casas que habitamos ( o corpo, a morada da família, a comunidade, o município, o ecossistema, o país, o planeta). "

MARCOS ARRUDA. REDES QUE TECEM DEMOCRACIA E LIBERDADE

POESIA: ANDARILHOS DA UTOPIA

                                              IDÍLICA AMOROSA
                                                             Jorge Bichuetti

Na penunbra da noite,
sugo favos de mel em
beijos roubados ou rogados,
sob a bênção do luar...
enquando, longe, a viola canta
versos de paixão eterna...

Sonho com o amor ideal,
mas, não posso viver sem
os amores casuais da madrugada,
onde a vida sopra o foga
das paixões ardentes,
ardências ocasionais
que serão esquecidas
no primeiro minuto do sonho:
corpo cansado do fugaz,
viajando na utopia amorosa
e nela não querendo despertar...


                                      AMOR DE BEIJA-FLOR
                                                           Jorge Bichuetti

O beija-flor ama o jardim.
De flor em flor, vaga e não
encontra o casulo que o aquecia,
nem o musgo em que serpenteava...

O beija-flor gosta mesmo é de voar!

As flores são amadas, de verdade, 
pelos versos do poeta que ela só
pressente no silêncio da madrugada
e o insandecido brilho do luar...


                              ANDARILHOS DA ARTE
                                                      Jorge Bichuetti

Os tambores chamam, a poesia diz amém...
na roda, índios e crianças
cantam:
o alvorecer pode ser 
à meia-noite
e o luar
pode pratear o meio-dia...

Arte - é fome, sede...
Um sonho no caminho,
um ninho no mar;
e na rua, a lua
o nosso louco amar...

E, assim, vamos
de pé na fé...
mais do que comunhão,
somos as entranhas da paixão,
um jeito de ser e lutar,
feito anjo-guerreiro,
ternura e ousadia:
faróis neón passarinhos e flores
nos quintais
nos varais
a vida parindo o amor...

Entre pedras, flores...


                                                HAIKAI DO RECOMEÇO
                                                                         Jorge Bichuetti

a semente cai,
numa cova o chão a enterra;
pelo orvalho brota.


DIÁRIO DE BORDO: O PASSARINHO E O GRÃO...

                                                     Jorge Bichuetti

No quintal, a madrugada me acolhe com carícias maternais... Penumbra, sombras. Todavia, me sinto alentado. Aspiro o orvalho que levanta do chão miasmas silvestres. A Lua dorme, minha pequena não se sente animada com o frio. Digo: isso se não houver a possibilidade de uma travessura. O silêncio é um rosário de glórias e nele escuto, nos acordes do coração, a voz da minha saudosa mãezinha. A roseira perfuma com uma só rosa - brilha com o esplendor dos diaas de cachos incontáveis. No céu, as estrelas e um tímido luar...
Um passarinho boêmio caminha entre as pedras do quintal e sorri ao descobrir no meio do escuro da noite um grão... Voa feliz...
Me sinto envergonhado. Ele que voa entre as nuvens e o horizonte azul, se sente feliz, irradiante, com o minúsculo grão que ele encontra esquecido no chão.
Não descobrimos ainda a liberdade e a alegria que pulsa e cresce nas entranhas da vida singela, a simplicidade é um atalho... um atalho entre o ser humanoo e os seus sonhos de felicidade.
Como seremos livres?... Como seremos felizes?... Livres e felizes pela simples incorporação da simplicidade no nosso cootidiano e nas inquietações do nosso coração.
Criamos demasiadas expectativas, acumulamos o horizonte e o caminhode exigências, queremos muito e sempre mais... Nunca paramos para saborear, celebrar, desfrutar do que temos e do que colhemos no caminho e no horizonte. Um desejo realizado... é seguido de outros enem oaramos para viver e glorificar nossas conquistas.
O passarinho, não; um grão e ele já estava a festejar... Depois, voou livre. Ele não desconfia da vida. Ele a sabe celeiro pródigo e generoso... Nós somos paranóicos emedrosos. Queremos tudo e todos, e queremos para já... E vivemos sem usufruir o que vida nos doa de bens, coisas, natureza e amores...
A vida [e singela e a vida é pra ser saboreada, celebrada, cantada na alegria das rodas festeiros e dos sorrisos agradecidos.
Pensemos...
A vida não é adereço para a fotografia, nem peça de museu... A vida gosta mesmo é de ser alegremente vivida.

SOCIEDADE DE AMIGOS: NOS CAMINHOS DO AMOR, O CIO...

                              CIO DO RENASCER
                                             LINCOHN ALMEIDA

Frio intenso nas montanhas Geraes.
Cronos me devora a alma
nessa geografia cruel que nos separa. 
Coração moído
a cada segundo apartado desse
sorriso maroto,
levado...

Lembrança boa: 
teu corpo moreno e 
suado
deitado em
exatidão oriental junto ao meu.

Teus lábios quentes,
molhados;
Vesúvvio em erupção. 
Polpa macia,
néctar divino...

Somos gatos vadios,
à toa,
no cio. 
Inveja aos casais dormentes,
aos normais de vida morna,
aos da rotina
do gris do dia-a-dia...

Uivo de loba.
Olhar que devora,
come,
suga,
invade as entranhas...

palavras vulgares,
estranhas e
sensuais. Jamis ditas:
confiança plena de corpo e alma:
antigos cúmplices de tantos segredos...

Faz-me homem ereto.
Membro insaciável,
pulsante
entre tuas coxas;
Vênus rubra, 
molhada, 
desejante.

Gratidão por parir-me vida.
Felicidade imensa por fazer-te fogosa:
deusa renascida da fênix dormente.

Revivemos um ao outro em
prazeres há tempos olvidados.
Amor antigo, amor entre órfãos
de outros tempos,
de outra era...

Eis o mistério de quem ama:
a tragédia,
a chama,
a beleza infinita e fugaz
das flores na primavera.

Pois, ouve! Nossa ária toca
em sol,
em sombra.
Vadia, vaga pelo espaço
há séculos
a espera de nosso encontro.

Diz em qual planeta habitas e
cruzo todo o universo
pra te fazer a corte
rainha,
gazela,
leoa...

Recolho-me, por fim, ao breu do quarto
Aprisionado em sonhos e
espasmos de saudade:
não estás ao meu lado.
Frio siberiano,
Anjo, 
demônio...

Pela volúpia!
Pelos gemidos que encheram de música os momentos,
pelo cheiro de prazer que nos guiou na penumbra,
pelo rir, pelo chorar...
Pelo jeito de menina e firmeza de mulher:
pelo vinho, pela dança,
pelo respeito ao outro...
pelas longas conversas terminadas
em prazer, após mínimo e despretensioso olhar...

Por tudo isso: te adoro!
Te cravo as unhas, 
Te quero em mim,
Te amo,
Te devoro.

DO LIVRO: ENTRE BORBOLETAS E SALMÕES / LINCOHN ALMEIDA



MESTRES DO CAMINHO: SOBRE A UTOPIA E A POTÊNCIA ANDARILHA DO VIAJAR...

                                    REFLEXÕES:

- " Um mapa do mundo que não inclua a utopia não é digno de ser consultado. Ele ignora o único território em que a humanidade sempre atraca para depois partir de novo em busca de terras ainda melhores." Oscar Wilde

- "A viagem não acaba nunca. Só os viajantes acabam. E mesmo estes podem prolongar-se em memória, em lembrança, em narrativa. Quando o visitante sentou na areia da praia e disse: ‘Não há mais o que ver’, saiba que não era assim. O fim de uma viagem é apenas o começo de outra. É preciso ver o que não foi visto, ver outra vez o que se viu já, ver na primavera o que se vira no verão, ver de dia o que se viu de noite, com o sol onde primeiramente a chuva caía, ver a seara verde, o fruto maduro, a pedra que mudou de lugar, a sombra que aqui não estava. É preciso voltar aos passos que foram dados, para repetir e para traçar caminhos novos ao lado deles. É preciso recomeçar a viagem. Sempre." José Saramago

- " A felicidade, fique o leitor sabendo, tem muitos rostos. Viajar é, provavelmente, um deles. Entregue suas flores a quem cuidar delas, e comece. Ou recomece. Nenhuma viagem é definitiva." Jose Saramago


DIA 09 DE JULHO - ENCONTRO MENSAL DA UNIVERSIDADE POPULAR JUVENAL ARDUINI
         A EDUCAÇÃO EM MOVIMENTO NOS CAMINHOS DA LIBERTAÇÃO

BONS ENCONTROS: OS JOVENS NA RUA RECONSQUISTAM O DIREITO DE SONHAR...

                    JUVENTUDE E A INSURGÊNCIA; UM CAMINHO PARA O SONHO

                                      EMIR SADER

Entre tantas frases estimulantes e provocadoras que as rebeliões populares no mundo árabe e agora na Europa, essencialmente protagonizada por jovens, fizeram ecoar pelo mundo afora, a que mais nos incomoda – com toda razão – é aquela que diz: “E quando os jovens saíram às ruas, todos os partidos pareceram velhos.”

Aí nos demos conta – se ainda não tínhamos nos dado – da imensa ausência da juventude na vida política brasileira. O fenômeno é ainda mais contrastante, porque temos governos com enorme apoio popular, que indiscutivelmente tornaram o Brasil um país melhor, menos injusto, elevaram nossa auto estima, resgataram o papel da política e do Estado.

Mas e os jovens nisso tudo? Onde estão? O que pensam do governo Lula e da sua indiscutível liderança? Por que se situaram muito mais com a Marina no primeiro turno do que com a Dilma (mesmo se tivessem votado, em grande medida, nesta no segundo turno, em parte por medo do retrocesso que significava o Serra)?

A idade considerada de juventude é caracterizada pela disponibilidade para os sonhos, as utopias, a rejeição do velho mundo, dos clichês, dos comportamentos vinculados à corrupção, da defesa mesquinha dos pequenos interesses privados. No Brasil tivemos a geração da resistência à ditadura e aquela da transição democrática, seguida pela que resistiu ao neoliberalismo dos anos 90 e que encontrou nos ideais do Fórum Social Mundial de construção do “outro mundo possível” seu espaço privilegiado.

Desde então dois movimentos concorreram para seu esgotamento: o FSM foi se esvaziando, controlado pelas ONGs, que se negaram à construção de alternativas, enquanto governos latino-americanos se puseram concretamente na construção de alternativas ao neoliberalismo; e os partidos de esquerda - incluídos os protagonistas destas novas alternativas na América Latina -, envelheceram, desgastaram suas imagens no tradicional jogo parlamentar e governamental, não souberam renovar-se e hoje estão totalmente distanciados da juventude.

Quando alguém desses partidos tradicionais – mesmo os de esquerda – falam de “politicas para a juventude”, mencionam escolas técnicas, possibilidades de emprego e outras medidas de caráter econômico-social, de cunho objetivo, sem se dar conta que jovem é subjetividade, é sonho, é desafio de assaltar o céu, de construir sociedades de liberdade, de luta pela emancipação de todos.

O governo brasileiro não aquilata os danos que causam a sua imagem diante dos jovens, episódios como a tolerância com a promiscuidade entre interesses privados e públicos de Palocci, ou ter e manter uma ministra da Cultura que, literalmente, odeia a internet, e corta assim qualquer possibilidade de diálogo com a juventude – além de todos os retrocessos nas políticas culturais, que tinham aberto canais concretos de trabalho com a juventude. Não aquilata como a falta de discurso e de diálogo com os jovens distancia o governo das novas gerações. (Com quantos grupos de pessoas da sociedade a Dilma já se reuniu e não se conhece grandes encontros com jovens, por exemplo?)

Perdendo conexão com os jovens, os partidos envelhecem, perdem importância, se burocratizam, buscam a população apenas nos processos eleitorais, perdem dinamismo, criatividade e capacidade de mobilização. E o governo se limita a medidas de caráter econômico e social – que beneficiam também aos jovens, mas nãos os tocam na sua especificidade de jovens. Até pouco tempo, as rádios comunitárias – uma das formas locais de expressão dos jovens das comunidades – não somente não eram incentivadas e apoiadas, como eram – e em parte ainda são – reprimidas.

A presença dos jovens na vida publica está em outro lugar, a que nem os partidos nem o governo chegam: as redes alternativas da internet, que convocaram as marchas da liberdade, da luta pelo direito das “pessoas diferenciadas” em Higienópolis, em São Paulo, nas mobilizações contra as distintas expressões da homofobia, e em tantas outras manifestações, que passam longe dos canais tradicionais dos partidos e do governo.

Mesmo um governo popular como o do Lula não conseguiu convocar idealmente a juventude para a construção do “outro mundo possível”. Um dos seus méritos foi o realismo, o pragmatismo com que conseguiu partir da herança recebida e avançar na construção de alternativas de politica social, de politica externa, de politicas sociais e outras. Os jovens, consultados, provavelmente estarão a favor dessas politicas.

Mas as mentes e os corações dos jovens estão prioritariamente em outros lugares: nas questões ecológicas (em que, mais além de ter razão ou não, o governo tem sistematicamente perdido o debate de idéias na opinião pública), nas liberdades de exercício da diversidade sexual, nas marchas da liberdade, na liberdade de expressão na internet, na descriminalização das drogas leves, nos temas culturais, entre outros temas, que estão longe das prioridades governamentais e partidárias.

Este governo e os partidos populares ainda tem uma oportunidade de retomar diálogos com os jovens, mas para isso tem assumir como prioritários temas como os ecológicos, os culturais, os das redes alternativas, os da libertação nos comportamentos – sexuais, de drogas, entre outros. Tem que se livrar dos estilos não transparentes de comportamento, não podem conciliar nem um minuto com atitudes que violam a ética publica, tem que falar aos jovens, mas acima de tudo ouvi-los, deixá-los falar. Com a consciência de que eles são o futuro do Brasil. Construiremos esse futuro com eles ou será um futuro triste, cinzento, sem a alegria e os sonhos da juventude brasileira.

fonte: carta capital 

quarta-feira, 29 de junho de 2011

AFORISMOS DO AMOR

                                              Jorge Bichuetti

Somente, os poetas, as flores , o luar e os passarinhos sabem ao certo a natureza do amor. Instinto, pulsão, afeto, sentimento, ciência  ou arte... O amor é o próprio pulsar da vida, que brilha encantada e canta melodiosa quando os corações esquecem a anatomia e voam para pousar no vale mágico da paixão.  Então, o bem-querer
colore o mundo que passa a ter sentido, caminhos e sonhos...
                                             ***
Entre a Terra e o Céu, há o amor: ponte, passagem... Travessia, voo sideral.
                                             ***
Muitos questionam: existe feitiço no amor?... A vida é singela, não filosofa. Simplesmente, nos diz: o amor é um feitiço do existir, tanto quanto o existir é tão-somente um feitiço do amor... Viver é amar.
                                            ***
Há mares. Amar-es. Amar és.
                                            ***
Há quem creia que o ser humano sem a potência do amar não passa de um robô rabugento.
                                            *** 
O amor é um rio perene... Movimento permanente. Acontece... Um permanente infinitivo: amar. O passado e o futuro são figuras de linguagem e mecanismos psíquicos de auto-negação. Ele acontece... Não tem comprimento nem peso...É. Por isso, nas suas entranhas encontra-se os enigmas e os mistérios da eternidade.
                                            ***
Todo fascismo teme o que pode o amor... Coração à esquerda, pulsando a plenitude da vida que tudo inunda na capilaridade da ternura.
                                            ***
O amor brota na aridez do deserto e na dureza das vielas de pedra da vida. E brotando fertiliza o deserto e perfuma as pedras do caminho.
                                            ***
Para o amor, o abismo não é obstáculo... quem ama borboleteia na estrada e voa entre as flores da imensidão. o amor e o sonho são estados amplificados da consciência: neles, moram os germes do super-homem. A vontade é somente o arco e a fecha de suas conquistas e realizações.
                                           ***
Entre a vida e a morte, há o caminho... No caminho, os sonhos... Para quem sabe viver, amando, os sonhos florescem no caminho que floridos eternizam a vida. Amar é devir-se humanidade na ternura de florescer no sonhos o novo e de sonhar as floradas que habitam o alvorecer.

O AMOR - POTÊNCIA DE VIDA E ALEGRIA PRA QUEM SABE SE DAR...

No amor, a vida arma
voos redes cios desvios...
Num caminho, travessa
travessuras fogueiras serestas...
Se amamos por que negar
a mão?
a flor?
luar?
No abraço um nó!... Ah! amor,
isto não é amor passarinheiro,
é armadilha... caça do caçador,
um punhal na carne dos sonhos
desata a lágrima que cai só e já
sem o verdejar da paixão lunar...

amor é cerrado florido braçada
no mar azul do céu estrelado...
senão, soprou o gelo o desamor... jorge bichuetti


"Renunciaria a tudo para ser feliz; inclusive à própria felicidade" Concha Rousia

uma flor encanta uma serpente
o luar adormece as serpentes e
o amor intenso e terno age e o 
veneno da serpente, num instante,
se transforma na semente da maçã...

caminhos da felicidade: luta, sonho
e poesia... pombas brancas no ar,
enquanto serpentes e borboletas
brincam à sombra de um roseiral. jorge bichuetti


queremos tanto o amor, sonhamos tanto com o amar...
no entanto, o amor... só quer alguém que possa se dar... jorge bichuetti

" Quem caminhando chora
Quem a humanidade não ama
Cada árvore ceifada pela ganância
A alegria de ser amado
e por ela encantado
Quem sorri muito mas não
multiplica o sorriso
Choro profundo e riso raso.
Tudo isto acontece na vida
das pessoas, onde existe ódio
Umas mais outras menos,
o certo é que acontece
Seria bom que todos nós
vivêssemos respeitando-se
uns aos outros sem magoar
Amar e ajudar quando de
ajuda alguém precisa." Eduardo - Edumanes


" Qualquer amor já é um cadinho de saúde, um descanso na loucura" João Guimarães Rosa

GREENPEACE - DENUNCIA A SITUAÇÃO DAS QUEIMADAS E A SUA NEFASTA REPERCUSSÃO SOBRE AS FLORESTAS DO BRASIL...

       Campo já sofre com queimadas

Notícia - 27 - jun - 2011
Após a disparada do desmatamento registrado em abril, florestas agora sofrem com focos de queimadas
zoom
Equipe do Greenpeace registra queimada em Nova Ubiratã (MT)©Rodrigo Baleia/Greenpeace
Mesmo antes da “temporada” das queimadas, que acontece normalmente entre julho e setembro, época da seca, as florestas – ou o que restam delas – já sofrem com as queimadas. No início de junho já havia a detecção de regiões afetadas pelo fogo. Em sobrevôo feito por uma equipe do Greenpeace, foi possível observar no estado do Mato Grosso focos de queimadas em grandes áreas recém-desmatadas.
O campaigner do Greenpeace Rafael Cruz relata que durante o sobrevôo foi possível ver focos de calor. “São queimadas provocadas, que tem como objetivo o plantio. Incêndio natural é muito pouco, residual. A grande maioria é provocado”.
Cruz conta que viu desmatamentos gigantescos, entre eles um de 1400 hectares no município de Nova Ubiratã (MT). “São áreas muito grandes desmatadas em plena época de chuva, o que é atípico. Normalmente isso acontece entre julho e outubro”, afirma o campaigner, que acredita que o desmate fora de época é mais um forte indício da corrida pelo código florestal dos ruralistas, aprovado na Câmara e agora em tramitação no Senado.
“Eles desmatam com correntão, enfileiram as árvores derrubadas e queimam. Aí a área fica livre para plantio. Os agricultores estão investindo. Fazer isso custa caro. É tudo preparação para solo, para plantação de arroz e soja”, diz.
Assim como a equipe do Greenpeace, satélites da NASA também registraram incêndios. Segundo a agência espacial, nas últimas 24 horas foram detectados mais de 10.500 focos de queimadas nas matas brasileiras.
A situação, que já não está favorável ao meio ambiente, pode ser agravada ainda mais. O Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), declarou esta semana que 2011 poderá ser o ano das queimadas. Responsável pela gestão do Prevfogo, sistema nacional de prevenção aos incêndios florestais, o órgão anunciou que áreas de mata nativa que foram derrubadas podem ser atingidas por incêndios clandestinos, no intuito de limpar terrenos para dar espaço à agricultura.
Segundo o Ibama, o Brasil vai sofrer uma explosão de focos de queimadas, principalmente em áreas de desmatamentos, que este ano atingiu recorde histórico. “O fogo é a forma de manejo mais utilizada para limpeza de terrenos antes da implantação de pastagem. O Mato Grosso poderá registrar mais ocorrências porque até agora é o estado que mais desmatou”, afirmou José Carlos Mendes de Morais, coordenador do Prevfogo.
Dados divulgados pelo Ministério do Meio Ambiente mostram que dos 593,0 km² de desmatamento detectados entre março e abril na região da Amazônia legal, 480,3 km² ficam em Mato Grosso. Uma das regiões mais afetadas foi a fronteira entre o Cerrado e a Amazônia

FONTE: WWW.GREENPEACE.ORG/BRASIL/PT


SAUDADES DE CHICO MENDES!... SAUDADES DO BRASIL!... BRASIL- MÃE GENTIL...


DIÁRIO DE BORDO: NO AR, A ESPERANÇA CANTA O SOL DE UM NOVO DIA...

                                           Jorge Bichuetti

Céu estrelado, com neblina... Luar discreto entre nuvens... A vida é sempre bela. O quintal dorme quieto, com cuidado me aproximei da roseira e lhe disse uns versos... Elas sempre são a fonte do amor e quase nunca as amamos. Os álamos queriam acordar, custei adormecê-los, de novo. é noite alta, a aurora ainda tarda... O silêncio me parece um espaço da ternura quando nossa alma anda sossegada. Luinha ficou, o frio não convida... é acolhedor a manta e o  cobertor. Escuto o disco Batuque, a voz melodiosa de Ney. Contudo, o frio me leva a pensar no povo da rua... As fogueiras de jornais, com as manchetes queimando, e deixando as cinzas do papel e o cinzento das muitas desesperanças fotografadas pelos colunistas da notícia, não servem muito nos dias de vento gelado.
Aliás, os jornais não conseguem nos dar algo diferente do que o que temos criado no mundo. O mundo anda gelado. Gelo no corpo, gelo na alma...
... Mas há outro mundo. Um mundo onde nem o vento gelado apaga as centelhas vias do amor solidário.
Há um outro mundo de poesia e ternura... Há um mundo de sonhos... Há uma vida que teimosa tenta amanhecer...
Muitos amigos, acostumados com o jornalismo e o seu positivismo subserviente às elites dominantes, me dizem: há, sim; mas é muito pequeno... Um mundin...
Já não ando com o ânimo que tinha na juventude de tudo ouvir, paranoicamente. Não me sinto ofendido.
Recordo que a vida me levou, sem que eu desejasse, à condição de professor de metodologia científica... Trabalho o qualitativo, Deleuze e a investigação do conhecimento... E ai me tristeza nem chega; logo, encontro Gabriel Tarde... Para ele, o movimento da vida social não era definido e condicionado pelas cifras matemáticas majoritárias... Dizia que se desejamos saber os rumos da vida, devíamos percutir e escutar o que passa na periferia dos acontecimentos. Nas linhas minoritárias pulsam o devir, o porvir... o que será do amanhã e no amanhã...
Betinho era um, um sonhador... Identificou-se com o beija-flor que carregava gota a gota sua doação de água para  apagar o incêndio da floresta; crendo que cabe a cada um a sua parte... E Betinho devindo Beija-Flor mudou a cara e os caminhos do nosso país...Hoje, podemos vegetar no nosso egoísmo; mas, o canto da solidariedade soa forte e logo nos desperta... Podemos recusar o chamado, porém, minuto a minuto, a vida consegue dizer: não duvidem, egoísmo é abismo mortífero, eu -vida - voo e vou nos ventos da solidariedade que arejam o ar e o coração do mundo.
Onda, marola... Não é o tamanho que diz do valor do novo, é sua potência de nos despertar ser do amor e da ternura, ser da partilha e da utopia...
Não sejamos surdos e cegos: o amor e o sonho de esperança e paz, liberdade e justiça social pairam no ar...
Aqui, um grupo de economia solidária desnudam a exploração capitalista e revela o que pode a vida quando a vida acontece nos caminhos da partilha...
Ali, um grito de liberdade denunciando os terrores da morte que cavalgam inclementes nas costas da exclusão e do fascismo...
Acolá. alguém abraça e acaricia... e atá as estrelas e o luar escutam o que pode um gesto de carinho e de afabilidade...
Eu não escuto o vozerio rabugento dos que pedem números e cifras...
Eu canto com mos nossos velhos e sempre joviais poetas:
- " somos homens comuns, mas podemos construir uma muralha de sonhos e margaridas. " ( F. Gullar)
- " aos que atravancam meu caminho, minha certeza: eles passarão, eu passarinho..."( Mario Quintana)
E, assim, seguimos... entre pedras flores. Entre o abismo e o amanhã, o sonho. E nas asas dos sonhos haveremos de lá chegar.


POESIA: ESTERTORES DO TEMPO

                             UMA LÁGRIMA NO CHÃO DO MUNDO
                                                                              Jorge Bichuetti

Catedrais espiam a vida, do alto;
santos e nobres, enclausurados,
pesam as dores do mundo nas
manchetes sanguinolentas dos jornais,,,
Lá fora, a lágrima caindo lentamente
é o retrato da nossa desumanidade.

Os homens dos tronos e das becas
manuseiam cifras e geometrizam o
lamento, a nudez e a solidão; e o
veredito não passa de um numerário
que denuncia a desvalia e retrata as
pústulas pestilentas da multidão...

Ninguém escuta o conta u'a lágrima...

E as lágrimas lamuriam no desalento;
petrificam-se esquecidas no chão...
O rosto triste e solitário agoniza e
vão esperam o acalanto de u'a mão.
U'a mão generosa e piedosa que a 
seque, revelando o horizonte azul

e, assim, fecundanda-a de esperança...

A lágrima abandonada implode e o
mundo insensível refaz as  somas e
dá a estatística dos anônimos suicídios...
Os jornais, logo, esquecem e festejam
os triunfos banais da vida mumificada
nas manchetes sorridentes da ilusão...

A vida morre na contramão; não é
a glória dos relámpagos de ocasião...


















                                             

                                            
                                        
                                A FONTE
                                          Jorge Bichuetti

A nascente seca entre ervas daninhas
chora o verde que lhe foi roubado e
o mar que a esperará em vão... 

O homem capina o mundo, mas não
percebe que desmatou o próprio coração...


                                  ESTE MENINO
                                                   Jorge Bichuetti

Nu, maltrapilho e feridento,
caminha só entre carros e
já não suporta os olhares
que o fuzilam inclementes...
No fim do dia, a sede e a
fome o enlouquecem e ele
chora, olhando no céu as 
miríades estelares... só e
cheio de medo. O mundo
dos Herodes pós-modernos
asfaltaram a manjedoura e 
apagarm o brilho da estrela-guia.

Nas novas ruas de neón, novos cristos
são diariamente crucificados na esmola negada;
daqui, partem e vão sem conhecerem
a bondade dos magos errantes
e a graciosidade do glória a deus
dos anjos que ninam o sono dos que nascem
nos berços da solidão...













                                         PÁSSAROS TRISTES
                                                              Jorge Bichuetti

Longe, o silêncio já me dizia
que os pássaros não cantavam;
tristes, lamuriavam a vida,
agora, feita de sangue e metal...

Silenciosos, pensavam no fim,
no fim dos versos matinais e
no fim das cantigas de ninar...
Os pássaros num silêncio triste
sonhavam com o seu próprio cantar...

Os pássaros são na vida o coro
que animam a ternura dos poetas
e as vozes que melodiam os braços
que acariciam o sonhar das crianças...

Os pássaros só cantam... para dar alimento
aos encantos e magias do verbo amar...