quinta-feira, 30 de junho de 2011

DIÁRIO DE BORDO: O PASSARINHO E O GRÃO...

                                                     Jorge Bichuetti

No quintal, a madrugada me acolhe com carícias maternais... Penumbra, sombras. Todavia, me sinto alentado. Aspiro o orvalho que levanta do chão miasmas silvestres. A Lua dorme, minha pequena não se sente animada com o frio. Digo: isso se não houver a possibilidade de uma travessura. O silêncio é um rosário de glórias e nele escuto, nos acordes do coração, a voz da minha saudosa mãezinha. A roseira perfuma com uma só rosa - brilha com o esplendor dos diaas de cachos incontáveis. No céu, as estrelas e um tímido luar...
Um passarinho boêmio caminha entre as pedras do quintal e sorri ao descobrir no meio do escuro da noite um grão... Voa feliz...
Me sinto envergonhado. Ele que voa entre as nuvens e o horizonte azul, se sente feliz, irradiante, com o minúsculo grão que ele encontra esquecido no chão.
Não descobrimos ainda a liberdade e a alegria que pulsa e cresce nas entranhas da vida singela, a simplicidade é um atalho... um atalho entre o ser humanoo e os seus sonhos de felicidade.
Como seremos livres?... Como seremos felizes?... Livres e felizes pela simples incorporação da simplicidade no nosso cootidiano e nas inquietações do nosso coração.
Criamos demasiadas expectativas, acumulamos o horizonte e o caminhode exigências, queremos muito e sempre mais... Nunca paramos para saborear, celebrar, desfrutar do que temos e do que colhemos no caminho e no horizonte. Um desejo realizado... é seguido de outros enem oaramos para viver e glorificar nossas conquistas.
O passarinho, não; um grão e ele já estava a festejar... Depois, voou livre. Ele não desconfia da vida. Ele a sabe celeiro pródigo e generoso... Nós somos paranóicos emedrosos. Queremos tudo e todos, e queremos para já... E vivemos sem usufruir o que vida nos doa de bens, coisas, natureza e amores...
A vida [e singela e a vida é pra ser saboreada, celebrada, cantada na alegria das rodas festeiros e dos sorrisos agradecidos.
Pensemos...
A vida não é adereço para a fotografia, nem peça de museu... A vida gosta mesmo é de ser alegremente vivida.

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