APRENDENDO A PERDOAR
ADILSON S SILVA
É só dizer é “preciso perdoar”, para ouvir uma resposta imediata:
"Está brincando!", "Nunca", "Não depois do que me fizeram", "Bem que gostaria que fosse possível"
Não faremos muito progresso na serenidade do espírito sem nos reconciliarmos com o passado. Se velhas feridas ou conflitos causam sofrimento, precisamos aceitá-los perdoá-los e deixá-los ir. Acima de tudo precisamos perdoar a nós mesmos.
Nenhum de nós escapa da dor de ser ferido pelos outros em algum ponto de nossas vidas. Alguns ferimentos são menores e fáceis de serem aceitos e trabalhados. Outros são tão profundos que deixam cicatrizes permanentes.
Isso é especialmente verdadeiro sobre as feridas que foram feitas enquanto éramos crianças. Certas palavras e ações nos ferem tão profundamente que desenvolvemos camadas e mais camadas de cicatrizes psicológicas.
A pessoa fechada é geralmente alguém que recebeu tais ferimentos.
Uma variedade de mensagens negativas (não seja íntimo; não seja próximo; não seja você, etc.) transformaram-na numa pessoa com medo de se revelar. Para esta pessoa, auto-abertura significa rejeição, punição e traição de confiança. O problema com essa pessoa secreta, fechada, é que ela nunca perdoou as feridas do passado.
Existe um contraste entre as mentes que perdoam e as que não perdoam.
A mente que não perdoa, vê o futuro como uma repetição do passado e não tem habilidade para mudar A vida é temerosa, ela vê pessoas e acontecimentos de formas preconcebidas - formas que reforçam suas crenças e temores negativos.
A mente que perdoa é uma mente liberta. Ela não se mira nos conflitos do passado. Pode avaliar pessoas e acontecimentos objetivamente e permanecer aberta à esperança, alegria e às possibilidades do futuro.
Embora o "perdão" seja, normalmente, encarado como uma atitude santificada, ele é, realisticamente uma atitude egoísta. Pois é algo que fazemos por nós mesmos, porque perdoar nos liberta para continuarmos com as nossas vidas.
A pessoa que não perdoa condena a si mesma a permanecer trancada no seu passado doloroso. A razão mais óbvia para perdoar é nos aliviar dos efeitos debilitantes da raiva e do ressentimento crônicos. A raiva e o ressentimento são emoções poderosas, que consomem as nossas energias. Não pode haver perdão genuíno se a raiva e o ressentimento forem negados
O conceito sobre o perdão pode dificultar e limitar a capacidade de ter clareza sobre o motivo de nossa infelicidade, impedindo que nos libertemos do passado e vivamos de maneira tranquila e feliz.
O QUE O PERDÃO NÃO É.
Perdoar não é aprovar comportamentos negativos e impróprios. Tanto meus quanto de outra pessoa. Posso tomar uma ação firme e decidida para que aquele comportamento não volte a se repetir.
Perdoar não é fingir que está tudo bem, quando eu sinto que não está. A diferença entre e reprimir a mágoa e a raiva pode causar muita confusão e dor e alimentar uma corrente constante de frustração e ressentimento.
Perdoar não é manter uma atitude de superioridade e achar que sou melhor que os outros. Isso é confundir perdão com arrogância. É me colocar na posição de juiz, julgando que perdôo porque acho meu ofensor um tolo ou um estúpido.
Perdoar não significa que eu deva mudar meu comportamento. Se perdôo uma pessoa de quem estou afastado, não preciso sair correndo e ligar para ela, a não ser que eu queira. Perdoar não significa comunicar verbalmente que uma pessoa esta perdoada. Não preciso dizer "Eu te perdôo", embora às vezes isso seja importante no processo.
O QUE É O PERDÃO?
O principal obstáculo para o perdão é justamente a falta de entendimento a respeito do que é o perdão. Algumas pessoas confundem perdão com uma ação grosseira de indulgência. Outras acham que o perdão existe para restabelecer o relacionamento com o autor da afronta. Algumas ficam receosas de perdoar porque acham que não serão capazes de buscar justiça. Outras acham que o perdão deve ser um precursor da reconciliação. Algumas pessoas acham que o perdão significa esquecer o que aconteceu; outras acham que serão capazes de perdoar porque sua religião diz que se deve perdoar. Todas essas concepções estão equivocadas.
O perdão é a sensação de paz que emerge quando se assume o sofrimento em termos menos pessoais, quando se assume responsabilidade de como sentir-se e deixa-se de ser a vítima na história que se relata.
O perdão é a experiência da serenidade no momento presente; não muda o passado, mas modifica o tempo atual. O perdão significa que, embora ferido, você opta por se magoar e sofrer menos.
O perdão significa que você se torna parte da solução. E a compreensão de que o sofrimento é parte normal da vida. O perdão é para você e para ninguém mais. Você pode perdoar e reatar um relacionamento, ou perdoar e nunca mais voltar a falar com a pessoa.
Frequentemente, perguntam-me se há um cronograma para o perdão. A resposta é não. Nenhum ritmo único atende a todos nós. Algumas vezes, só a decisão de perdoar pode ser tudo o que precisamos.
MAS COMO SE CONSEGUE PERDOAR?
Alguns dizem que o perdão pode ocorrer num instante inconsciente e eu acredito que isto seja verdadeiro em muitos casos. No entanto, em muitos outros o perdão parece ser um processo de longo alcance. Algumas vezes me esforcei para perdoar alguém, até acreditei que havia perdoado - para de repente perceber mágoas e raivas adormecidas a muito, retornarem à minha vida inesperadamente.
Será que isso significa que eu não havia absolutamente perdoado? Talvez. Mas o instinto me diz outra coisa. O instinto me diz que ainda estou no processo do perdão, que parte de mim ainda não se soltou completamente das velhas feridas.
Alguém disse certa vez que existem 4 estágios no perdão: dor, ódio, cicatrização e juntar as peças. Qualquer pessoa familiarizada com o processo de luto reconhecerá como quase idênticos ao estágios do luto. Talvez isso seja porque perdoar, de certa forma, é quase como enlutar. Quando perdoamos, precisamos abrir mão da autopiedade, abrir mão do desejo de vingança e precisamos dizer adeus àquela velha e conhecida companhia tão familiar - o sofrimento.
- Sofrimento é o primeiro estágio do perdão. Para lidar com seus próprios sentimentos de dor, é importante lembrar que a dor é a resposta para a perda. Quanto mais profunda for a dor, tanto mais significativo foi a perda.
Muitas vezes uma situação pode ocasionar dor fora de qualquer proporção com a realidade. Quando isso acontece, pode ser que estejamos reagindo a dores sofridas por nós no passado. Por exemplo, um homem que se sente devastado com uma briga trivial com a esposa, pode não estar absolutamente reagindo a ela. Pode ser que ele esteja revivendo a perda que sentiu quando sua mãe o puniu e o rejeitou por haver discordado dela. É sugerido que sempre quando a dor parecer maior do que a situação que a ocasionou, tentar usar
O seguinte processo:
• Perguntar a mim mesmo o que estou sentindo agora.
• Explorar os sentimentos - de dor, de desamparo ou medo - que estão sob a superfície.
• Deixar que esses velhos sentimentos me levem de volta ao tempo.
• Qual a situação que eles me lembram?
• Explorar a antiga situação. Quem são os protagonistas? (pessoas envolvidas)
• Que coisa importante foi tirada de mim? (tais como amor, aceitação, auto - estima, etc.).
Usando este processo para descobrir o que foi perdido, irá ajudar -nos a compreender nossa dor e a superá-la.
Ódio é uma palavra forte que usamos para descrever o segundo estágio do perdão.
Ódio implica que alguém é - ou deve ser culpado - e este não é o caso.
Raiva talvez seja uma palavra melhor, pois a raiva é subproduto natural da dor .
Raiva tem dois tipos : construtiva e destrutiva .
A raiva destrutiva é sentida como um desejo de culpar e punir . Esse é o tipo de raiva que destrói relacionamentos , causa tensões e problemas de saúde relacionados com a tensão e deixa a pessoa se sentindo indefesa e impotente . Nunca vai embora , ao contrário fica maior e mais ingovernável com o tempo.
Por outro lado , a raiva construtiva não esta focalizada na vingança . Em vez disso , ela leva a pessoa a se fazer perguntas tais como :
- Por que estou sofrendo e o que devo fazer para parar com isso?
Esse tipo de raiva produz poder na pessoa - poder para se manter de pé por si mesma, poder para encarar quem a magoou , poder para modificar a situação dolorosa .Uma vez que os passos de ação construtiva são tomados os sentimentos de raiva se dissolvem .
Cicatrização , o terceiro estágio do perdão , começa quando lidamos com a dor e a raiva de forma construtiva .
Compreensão e entendimento determinam essa fase, talvez porque, pela primeira vez tornemos conscientes de algumas coisas sobre nós e sobre nossa vida. No passado a dor e a raiva mantiveram-nos no escuro. Agora as coisas estão nitidamente focalizadas.
Isso não quer dizer que tudo está maravilhoso. A cicatrização psicológica pode ser dolorosa e desconfortável, tal como, geralmente o é a cicatrização física. Ver a nós mesmos, nossos machucados e nossas perdas em perspectiva pode nos encher de tristeza. Esperar qualquer outra coisa não seria realístico.
O importante é lembrar-se que agora finalmente, estamos podendo olhar os pontos machucados em nossas vidas sem tentar encobri-los com indiferença, autopiedade ou raiva mal direcionada. Quando podemos aceitar a dor e a perda do passado sem deixar que estes interfiram com o presente ou que destruam a promessa do futuro , então nós temos caminhado um longo caminho .
Juntar as peças é o último estágio do perdão . Significa chegar a uma recuperação completa e prosseguir com nossa vida. Muitos de nós deixamos de dar esse passo porque sentimos que, de alguma forma , estamos libertando aqueles que nos magoaram . "Eu quero que eles vejam o quão profundamente me prejudicaram”, é a forma como o raciocínio se apresenta. Mas isso faz tanto sentido como recusar a ir ao hospital quando se é atropelado por um carro. A única pessoa sendo ferida somos nós e a nossa recusa em ficarmos bem sugere que precisamos voltar e trabalhar os primeiros passos do estágio do perdão .
Para recuperar-nos inteiramente precisamos resgatar seja lá o que for que nos tenha sido retirado e sabendo que nada nos será devolvido a não ser aquilo que nós mesmos podemos nos dar e nós podemos nos dar muitas coisas .
Por exemplo, uma pessoa cujos pais abusivos tenham danificado a sua capacidade de amar, não estará inteiramente recuperada até que seja capaz de amar novamente . Este é um presente que ela mesma se dá , não porque fará com que seus pais se sintam bem , mas porque fará com ela mesma se sinta bem .
Sugestão:
Da sua própria vida, faça uma lista das habilidades ou opções que você sente que foram tiradas de você . Uma vez que você tenha essa lista de perdas nas mãos, decida como você fará para preencher os vazios
Procure oportunidades para exercitar suas habilidades e ter sua força de volta
Lembre-se : Não é sua culpa ter sido ferido , mas é sua responsabilidade fazer-se ficar bem
Isso não é fácil de jeito nenhum . O verdadeiro perdão é um processo duríssimo , mas absolutamente necessário para a saúde mental!!
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22 comentários:
Um belíssimo texto!Esclarecedor e motivador.Parabens,Dr!Aposto,que muita gente,que ler este texto,vai resolver os seus problemas neste campo. do perdão...
Alga
Alga: o perdão é uma arte de libertar dos nós.
Abraços com ternura, jorge
Adilson e Jorge...a começar em nós, vamos liberar perdão...para alcançar com ternura outros corações!
Beijos...com carinho...
Mila, o perdão nos permite seguir; a mágoa fixa, gruda... abraços com carinho, jorge
Jorge, Adilson, amigos do blog, estou acompanhando os pensamentos sobre o perdão. Acompanho e reflito com base na minha experiência. Peço-lhe licença para colocar uma questão. Ás vezes o caso não é de perdoar, não há perdão possível. O que fazer nesses casos? Buscar a potência do ressentimento. A "vingança" através da criação. Criar criar criar para afastar de nós as numerosas forças tristes que nos atravessam. Criar o quê? Aí cada um deve buscar sua criação. Nos últimos dias, andei cozinhando e bordando. Uma forma de esquecimento ativo. Agir. Procurar fazer todo dia algo que possa levar à ultrapassagem, à transvaloração.
Entendo a mensagem de vocês sobre o perdão. Mas eu queria acrescentar uma estratégia a mais para lidar com a culpa e o ressentimento.
abraços
Marta
Marta; meu conceito de perdão é este seu: seguir adiante, diminuir nossas expectativas sobre os os outros e sobre nós mesmos. Criar e criar e criar: procriar devires intempestivos. O ressentimento nos fixa no outro; e a ideia é passar e passando abrir-se para novos encontros; abraços com carinho, jorge
Me levou em torno de 25 anos para me perdoar e perdoar várias coisas que nem sabia que precisavam ser perdoados. Como, por exemplo, o sentimento de ter sido traída e não no senso comum da palavra. Como diz o Adilson neste texto maravilhoso, SE perdoar é essencial para que possamos caminhar para frente e viver com uma certa paz e serenidade.
Obrigada Adilson e Jorge.
bjos
Anne
Adilson e Jorge,
Já conhecia este texto do amigo Adilson, mas uma releitura hoje me despertou novos sentidos para a arte do perdão. Muito rico e reflexivo. Parabéns!
Marta é isso ...o perdão não é uma ato santificado ... é durissimo sempre , porque é autocontido ... mas é preciso criar...a vida ... é criativa dentro da vida
...
Sabe ....muitas vezes o nosso ofensor morreu , mudou de cidade ou nem sabe os estragos que nos fez ...aí ficamos sem ninguém para confrontar nossa dor... entao vou lhe contar uma coisa
Na minha rua existiam buracos e eu sempre caia neles ... aí ,com o tempo aprendi a desviar desses buracos e tudo estava bem , mas de repente os buracos se multiplicaram e não deu mais para me desviar deles ... bom ... eu , então , mudei de rua ...é preciso ser criativo sim Marta , criar possibilidades que nos permita a dor ser mais leve ...a vida é complexa e bela ...e a nossa capacidade de amar e perdoar é um exercício .... constante ... abraços
Marta, Elaine, Anne e Adilson: viver é perigoso... dizia o Rosa das Geraes... e o perdão é um grande livramento, deixamos a zona de dores e voamos para outras paragens... Abraços com carinho, jorge
Ei Jorge, ei Adilson. É isso aí. Evitar os buracos, escapar deles. Mas há buracos em demasia, na minha boca , por exemplo. Venho sempre tratando de dentes e gastando aquela grana. Os dentistas viraram uma coisa esquisita. Assalto a cada visita. E um fala que o outro fez um serviço péssimo. Enfim, tô pensando se não é melhor me acostumar com os buracos.
Ontem, vendo novamente o Abecedário, percebi no Deleuze uma coisa que não havia percebido antes: as falhas nos dentes. Uma buraqueira na boca que tb é um buraco. Mas mesmo naquela situação pré-morte, a risada dele é comovente, colocando todos os buracos à vista.
Concordo com as estratégia de evitar os buracos, mas há situações em que melhor mesmo é encarar os buracos. Perder os dentes mas não perder o riso. Estou, mesmo sabendo que sou assaltada semanalmente, tentando salvar alguns dentes, adiando os buracos.
Não quero absolutamente defender nenhum tipo de acovardamento diante dos buracos. Precisamos lutar para ter uma saúde pública decente. Não podemos absolutamente continuar a deixar que 2% da população mais rica dirija o mundo a sua maneira. Por isso, nosso pensamento hoje está na greve geral na Grécia.
abraços
Marta
Marta, a vida pede luta e não posso pensar como um cruzamento paralelo; pedoo, porém, se combato , eu afirmo... é guerrilha, máquina de guerra que se dá no afirmativo, e excessoe não na falta. A falta guia as batalhas do ressentimento, o dentista e o dente tem um entre , umsocius - espaço de guerra pela vida. Abraços com carinho; jorge
Excelente texto, clarificador, útil... O perdão é um ato de amor por um mesmo, liberta nosso coração, perdoamos quando entendemos que não merecemos carregar mais com rancor que só nos prejudica e carrega... Abraços para a quem ler, Concha
P.S.: um texto de referencia para sempre ter à mão, obrigada ao Adilson por partilhar e a ti Jorge por divulgar aqui no Utopia Ativa.
Concha, adorei também: precisioso, pois, a mágoa nos impede de nos abrir para o nvo. Abraços com carinho, jorge
Adilson, seu texto entranha junto com a dor: fuça como um porco na lama a buscar alimento, e buscando se suja e gosta e sente-se feliz. Sentir-se feliz na sujeira, sentir prazer na dor...masoquismo?! Uma simples palavra que pretensiosamente tenta explicar a complexidade do que se passa...e não passa. Para mim, Adilson, embora seu texto seja belo e esclarecedor, é um mistério esse tal de "perdão".
Hosamis, sinto que o debate é um caminho que revela a complexidade do textto do nosso Adilson... Senti muito envolvido por este tema: o erdão versus ressentimento... servilismo e passibvidade versus ato guerreiro de afirmação da vida. Abraços com carinho, jorge
Hosamis que bom que o texto trouxe uma reflexão ...como vc mesmo disse é um mistério esse tal de perdão ... é um processo ... um processo de cada um .... a minha experiencia me diz que há um caminho do qual não escapamos ... o Luto ....esse vazio que vai ficar no lugar da mágoa e do ressentimento ...o que colocar alí?
esse é um enigma ...a Nossa amiga Marta cozinhou e bordou ... outros vão roer as unhas e ainda outros vão amar ...
Mas ..., é um processo duro , auto contido, isto é depende dessa capacidade de cada um de se reconciliar com o passado ...
Certa feita um jovem perguntou para um velho sábio... Senhor esse passaro que tenho nas mãos esta morto ou vivo? ( dependendo da resposta do mestre e apertaria e sufocaria o passaro ou o libertaria) O mestre respendeu "não sei , a resposta esta em suas mãos" ... acho q é isso ... o perdão esta o tempo todo em nossas mãos ... e não sabemos .... abraços
Adilson, perdão é seguir... se permanecemos a dor é insuportável.Abraços; jorge
Perfeito Jorge ....ainda falaremos muito do perdão por aqui ... mas é lindo isso ...o tema é instigante ...abraços
Adilson, aprenderemos... abraços cheios de ternura, jorrge
Perdoando estimulamos o perdão, só assim ele se espalha pelo mundo.
Belíssimo texto Adilson
Abraço para ambos.
cecilia
Cecília, num mar de tplerâcia e compreensão.. a vida corre, então, cheia de paz... abs ternos, jorge
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