MOACIR GADOTTI - DA PEDAGOGIA DO OPRIMIDOÀ PEDAGOGIA DA TERRA
ENTREVISTA - PARA O SITE PLANETA SUSTENTÁVEL...
Qual é a importância da Carta da Terra para a educação?
A sustentabilidade foi eleita o conceito-chave na renovação da educação do século 21 pela UNESCO; e a Carta da Terra é reconhecida como o documento orientador dessa “Nova Educação”. É preciso deixar de lado a pedagogia da era industrial, que tem uma visão produtivista e exploratória do planeta. A Carta é um documento fundamental nesse processo de mudança de paradigma: a Terra tem de ser vista não apenas como um corpo astronômico, mas como um ser vivo.
Os educadores estão conscientes de seu papel nessa “Nova Educação”?
O nível de consciência dos educadores é muito melhor do que quando começamos a trabalhar a ideia da sustentabilidade na Rio 92. Naquela época, quem estava ligado a esse tema era chamado de chato e radical. Hoje, isso mudou e aqueles que não se preocupam com o tema são considerados alienados. Eu posso afirmar que a Rio 92 não trouxe todos os resultados que esperávamos, mas, do ponto de vista da conscientização, ela foi um marco.
Qual a melhor metodologia de aplicação da Carta da Terra?
Valores não se ensinam, eles são partilhados e construídos juntos. A metodologia deve ser não impositiva, sempre baseada no diálogo. A ideia é trabalhar pelo exemplo, seguindo aquilo que chamo de “contaminação virótica”. Os alunos vão se contaminando pela vivência, pela discussão e observação de experiências. A merenda escolar, por exemplo, é uma ótima maneira de ensinar sobre a origem dos alimentos, o uso da água, o desperdício e a questão do lixo.
Como é a aceitação do documento pelas crianças?
Elas são extremamente motivadas e têm muito mais sensibilidade que os adultos. Entendem a seriedade do tema, mas sem se assustar. Isso porque a Carta é um alerta que não é feito de forma catastrófica: ela traz soluções e esperança. E essa característica do documento tem tudo a ver com o espírito alegre e inventivo das crianças.
E quais são as dificuldades de implantar a Carta na educação?
Aqui no Brasil, principalmente, existe uma mentalidade muito forte de que são os governos que devem mudar o que está errado. Algumas crianças falam: “Mas quem tem que tirar esse lixo daí é o prefeito”. Então, trabalhamos para ensinar a eles que a mudança é social, mas também é pessoal. Todos somos responsáveis pelo planeta.
Além de despertar a consciência ecológica, o documento ajuda a formar crianças mais cidadãs, então...
Exato. Educar para a sustentabilidade é diferente de educar para a ecologia. A Carta da Terra também se refere aos direitos humanos. Conceitos como justiça social e econômica e paz estão contemplados. A Carta é importante para que se construa os princípios e valores do planeta e do ser humano. Ela mostra que é possível mudar a vida na Terra para uma vida mais digna para todos.
As diferenças culturais e religiosas – tanto entre alunos, como também professores - interferem no processo de educação?
O respeito à diversidade é um ponto muito forte do documento, que nos ensina a não só aceitar e reconhecer a diversidade, mas também a valorizá-la. Por outro lado, a Carta da Terra enfatiza o que todos os habitantes do planeta têm em comum. Temos que analisar primeiro o que nos une e não o que nos separa. A Carta é um grande consenso entre os povos.
Compare o uso da Carta na educação infantil, no ensino médio e universitário.
As crianças estão naturalmente mais abertas a novos conceitos, mas os valores são aplicáveis desde a infância até o doutorado. A Universidade de São Paulo utiliza conceitos de sustentabilidade em seu ensino desde a década de 1980.
Aqui no Brasil, cite um modelo exemplar de aplicação de Carta da Terra na educação.
Em Osasco, na rede ensino da prefeitura, o Instituto Paulo Freire desenvolveu um projeto chamado “Sementes de Primavera”. Nele, as crianças, com sua própria linguagem, desenham declarações de amor à terra, mostram como gostariam que fosse o bairro onde moram, visitam o entorno da escola e fazem uma “eco-auditoria”, identificando problemas, como lixo jogado no chão, e pensando nas soluções. Os projetos, em geral, são baseados em ideias simples. Eu acredito que as ideias revolucionarias são simples e fáceis de fazer.
A sustentabilidade foi eleita o conceito-chave na renovação da educação do século 21 pela UNESCO; e a Carta da Terra é reconhecida como o documento orientador dessa “Nova Educação”. É preciso deixar de lado a pedagogia da era industrial, que tem uma visão produtivista e exploratória do planeta. A Carta é um documento fundamental nesse processo de mudança de paradigma: a Terra tem de ser vista não apenas como um corpo astronômico, mas como um ser vivo.
Os educadores estão conscientes de seu papel nessa “Nova Educação”?
O nível de consciência dos educadores é muito melhor do que quando começamos a trabalhar a ideia da sustentabilidade na Rio 92. Naquela época, quem estava ligado a esse tema era chamado de chato e radical. Hoje, isso mudou e aqueles que não se preocupam com o tema são considerados alienados. Eu posso afirmar que a Rio 92 não trouxe todos os resultados que esperávamos, mas, do ponto de vista da conscientização, ela foi um marco.
Qual a melhor metodologia de aplicação da Carta da Terra?
Valores não se ensinam, eles são partilhados e construídos juntos. A metodologia deve ser não impositiva, sempre baseada no diálogo. A ideia é trabalhar pelo exemplo, seguindo aquilo que chamo de “contaminação virótica”. Os alunos vão se contaminando pela vivência, pela discussão e observação de experiências. A merenda escolar, por exemplo, é uma ótima maneira de ensinar sobre a origem dos alimentos, o uso da água, o desperdício e a questão do lixo.
Como é a aceitação do documento pelas crianças?
Elas são extremamente motivadas e têm muito mais sensibilidade que os adultos. Entendem a seriedade do tema, mas sem se assustar. Isso porque a Carta é um alerta que não é feito de forma catastrófica: ela traz soluções e esperança. E essa característica do documento tem tudo a ver com o espírito alegre e inventivo das crianças.
E quais são as dificuldades de implantar a Carta na educação?
Aqui no Brasil, principalmente, existe uma mentalidade muito forte de que são os governos que devem mudar o que está errado. Algumas crianças falam: “Mas quem tem que tirar esse lixo daí é o prefeito”. Então, trabalhamos para ensinar a eles que a mudança é social, mas também é pessoal. Todos somos responsáveis pelo planeta.
Além de despertar a consciência ecológica, o documento ajuda a formar crianças mais cidadãs, então...
Exato. Educar para a sustentabilidade é diferente de educar para a ecologia. A Carta da Terra também se refere aos direitos humanos. Conceitos como justiça social e econômica e paz estão contemplados. A Carta é importante para que se construa os princípios e valores do planeta e do ser humano. Ela mostra que é possível mudar a vida na Terra para uma vida mais digna para todos.
As diferenças culturais e religiosas – tanto entre alunos, como também professores - interferem no processo de educação?
O respeito à diversidade é um ponto muito forte do documento, que nos ensina a não só aceitar e reconhecer a diversidade, mas também a valorizá-la. Por outro lado, a Carta da Terra enfatiza o que todos os habitantes do planeta têm em comum. Temos que analisar primeiro o que nos une e não o que nos separa. A Carta é um grande consenso entre os povos.
Compare o uso da Carta na educação infantil, no ensino médio e universitário.
As crianças estão naturalmente mais abertas a novos conceitos, mas os valores são aplicáveis desde a infância até o doutorado. A Universidade de São Paulo utiliza conceitos de sustentabilidade em seu ensino desde a década de 1980.
Aqui no Brasil, cite um modelo exemplar de aplicação de Carta da Terra na educação.
Em Osasco, na rede ensino da prefeitura, o Instituto Paulo Freire desenvolveu um projeto chamado “Sementes de Primavera”. Nele, as crianças, com sua própria linguagem, desenham declarações de amor à terra, mostram como gostariam que fosse o bairro onde moram, visitam o entorno da escola e fazem uma “eco-auditoria”, identificando problemas, como lixo jogado no chão, e pensando nas soluções. Os projetos, em geral, são baseados em ideias simples. Eu acredito que as ideias revolucionarias são simples e fáceis de fazer.
6 comentários:
Bom dia Jorge!
Obrigada pela partilha dessa entrevista tão importante para nós enquanto pessoas que amam o universo!
Abraços...com carinho e ternura...
Mila.
Bom dia Jorge!
Obrigada pela importante partilha...Como sabes, gosto desse tema...vamos caminhando e aprendendo cada vez mais!
Abraços...com carinho e ternura...Mila.
Mila: alegria d+ vê-la... a escola e os temas que hão de refazer a vida é o caminho da educaçãoengajada com a vida e com a mãe terra; abraços ternos jorge
UMA REFLEXÃO VOU POSTAR NO MEU OUTRO BLOGUE ESSA ENTREVISTA SERVE DE BASE PARA TRABALHO ESCOLARES.UM ABRAÇO
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