segunda-feira, 20 de junho de 2011

DIÁRIO DE BORDO: PARA ONDE VAMOS?...

                                                Jorge Bichuetti

O frio mexe com a alma da gente: uma suave e acolhedora melancolia; preguiça existencial... A madrugada soa no clarão da lua que dá vida às vidas do meu quintal. Beijo as plantas e os álamos tremulam no alto como se me saudassem... Colho alguns limões, uma romã... Aspiro o perfume da flores. Volto. Logo, percebo o olhar indagador da pequena Luínha. Me olha como se indagasse: afinal, para onde vamos?... O silêncio da noite da voz aos pensamentos e ouvindo-me pensar, ela parece desejosa de contestar-me e me ensinar o valor do brincar. Meus cinquenta anos pesam , se o tema e correr, freneticamente... Pego-a no colo e lhe conto histórias que andam na minha vida.
Ir, quero ir no caminho, aprendendo sempre.
Paulo Freire afirmava que aprender é encharcar de sentido cada ato do cotidiano.
Darcy Ribeiro Se encantou com os povos indígenas que celebram a beleza da vida, da natureza e do universo...
Sentido e horizonte... Caminhos.
Quero caminhar e só o quero , pela beleza da vida que me sustenta os pés cansados. Dialogo com a Mãe Natureza e ela , sábia catedrática, me ensina a amar, respeitar, solidarizar-me, partilhar, brilhar e ser libertário.
Cada ato do meu cotidiano possui um sentido... E se o percebo sinto que vivo uma vida de caminho para o alvorecer...
O outro que chora e sorri, ama e odeia, desespera e espera... é o riso e a lágrima da vida que dá sentidos aos nossos atos do cotidiano.
Vivo num mundo, meu, nosso mundo. Mundo de contradições; mundo de muita miséria e dores, feridas e cicatrizes...
O neoliberalismo nos quer cidadãos na liberdade do consumo. Cidadania restrita e mutilada. Quero intensificar, multiplicar e agenciar a cidadania plena: liberdade, direitos sociais, voz e autonomia - protagonismo.
Sentir-se protagonista de cada ato do cotidiano e de cada realidade que nos desafia é encharcar-se de sentido; e eu quero me encharcar de sentido,impregnando-me com o costume indígena de celebrar a beleza da vida.
A paz e o amor, a ternura e a solidariedade, a justiça social e alegria de todos é o horizonte que me olha do infinito vendo os meus passos no caminho.
E as clareia abertas pelo horizonte da utopia me revela o horror da guerra, da fome e da miséria, da natureza poluída e danificada, da vida de opressão e da perversidade da repressão... Quanta dor! Quanto por fazer!...
Neste contexto, a busca de sentidos nos leva ao entendimento de que viver é aprender; aprender é caminhar; caminhar é lutar...
Para onde vamos? para as velhas e novas lutas...
Vamos agir, protestar, intervir, construir, desconstruir, inventar, revolucionar...
Um dia, já velhinho, olharei para trás e, ainda que tenho feito muito, descobrirei que o sentido para os meus atos do cotidiano está no além... No além, para além das horas presentes a invenção da aurora de liberdade, inclusão, amor terno e solidariedade do futuro que desejamos, sob a inspiração da utopias libertárias, tecer, como quem tece o apogeu da aurora.


2 comentários:

Bruno Teixeira disse...

QUE SHOW....

A IMAGEM ENTÃO NEM SE FALA..
ABRÇS.
BRUNO JP TEIXEIRA - O PORTUGA
http://brunojpteixeira.blogspot.com/

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Bruno: a vida é bela e nos contagia - ela é alegria in natura. Abraços com carinho, jorge