quarta-feira, 15 de junho de 2011

ESTIGMATIZAÇÃO, EXCLUSÃO SOCIAL E SAÚDE MENTAL

                                                      Jorge Bichuetti

Lineu Miziara, no livro Salamandra, diz: a normalidade é a mediocridade institucionalizada.
Juvenal Arduini, na sua obra, assinala que a tirania se sustenta no fatalismo, na imobilidade, na omissão.
Subcomandante Insurgente Marcos, do EZLN, no texto A velocidade do Sonho reflete e considera que a velocidade do pesadelo é a mesma velocidade dose cruzar os braços, do se baixar os olhos, do se acovardar, do se acomodar...
Lutamos pela vida. a queremos vida plena e de todos. sonhamos com a vida florescendo alegria e paz. Contudo, nos vemos num mundo de exclusão, violência e desamor. Um mundo cinzento. de angústia, depressão, pânico, vazio existencial... e falta de sentido.
Precisamos mudar a vida e para mudá-la, necessitamos entendê-la...
Estigmatizamos e excluímos a loucura; é a diferença radical que nos assusta... Para Pichón-Riviere, eles os ditos loucos são porta-vozes da loucura do mundo que vista é negada e eles transformados em bodes expiatórios.Tanto que propunha a democratização da loucura como clínica da vida.
Nós que cuidamos diariamente nunca conseguimos saber o tamanho da dor originário dos portadores de sofrimento mental, pois , eles chegam trazendo no corpo e na alma e as feridas e as cicatrizes da estigmatização.
E, de fato, a estigmatização adoece, enlouquece, mata... Ela silencia, inibe, suprime, mortifica, humilha, estropia, danifica, desvitaliza, exclui o outro.
O outro estigamatizada é vida negada. E, consequentemente, mundo empobrecida; uma vez, que a riqueza e a beleza da vida mora na pluralidade, na diversidade, na humanidade que conjuga as multiplicidades e se devém um cenário complexo e efervescente, cheio de sons e cores, poesia e cantorias que se excluída gera o cinza que nos tem adoecido e  empobrecido, nossas vidas de individualidades e nossas coletividades.
Não há saúde mental, nem paz, longe da superação dos processos microfascistas de exclusão.
Não há sociedade de amor e crescimento sustentável, na convivência com os microfascismos que nos aliena das multiplicidades que inclusive moram na nossa própria intimidade.
O estigma e a exclusão são os mecanismos microfascistas de construção da normalidade - racionalidade prático-instrumental, mundo de vendedores e vencedores... Raiz do individualismo, da competição e do segregacionismo.
Mundo falido, vida subtraída...
O estigma é um tirano que perambula livre nas veredas da existência.
Se não o detemos, a vida e o mundo seguirá permeado de dores, lágrimas, espinhos e mortes...
O amor não pode conviver com a estigmatização; ela é a antítese do amor. Amor- doação, partilha, ternura, cuidado, solidariedade, sensualidade, conviviabilidade e compaixão...
O estigma endurece , insensibiliza, cristaliza e robotiza o ser humano. Todos. Um no pólo da crueldade; outros no pólo das vítimas crucificadas no calvário pós-moderna do nosso desamor.
Nos julgamos cristãos ou admiradores do Cristo... porém, na verdade, detestamos, enquanto coletividade, tudo que ele disse...
E ele, para o desespero dos que crêem na exclusão e nos estigmas, disse: eu vim para que todos tenham vida e vida em abundância...
Não precisamos de um estado religioso; o estado deve ser laico por sua própria natureza...
Talvez, necessitamos de repensar nossas vidas e nossas coletividades... aprendendo o que significa todos e o que significa abundância.
Se incorporamos estas palavras no nosso dia-a-dia, deixamos para trás o paradigma do estigma... aprendemos a amar e conviver, incluindo.
Ai, então, voaremos... brilharemos... estaremos corporalmente cheios de alegria e poesia.
O estigma atrofia, acorrenta; é força da morte...
A vida voa nas asas da liberdade...

6 comentários:

O Neto do Herculano disse...

E que venham a alegria e a poesia,
sem estigmas.

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Sim, amigo: a vida seria cheia de luares, cantigas e caminhos verdejantes, se com poesia mudassemo0s as bases: sem exclusão, liberdade -solidariedade e paz. Abraços com carinho, jorge

Mila Pires disse...

Bom dia Jorge querido!
Penso que tudo o que nossos atendidos precisam, assim como nós...é de aceitação e muito amor!
Espero que em breve não exista a inclusão...que ela seja tão normal em nossas vidas que a nomenclatura desapareça!
Abraços...com carinho e esperança...

Anônimo disse...

Estou achando que de todos os pensadores aqui e acolá, quando chega em Cristo emudecem porque não entendem.
A vida na terra nunca será uma festa encomendada.Aqui somos meros alunos primários.
Somos uns fracos, caminhando,se Deus quiser, para o bem, carregando cada um sua cruz.
De

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Mila: é a ética do cuidado: amor, ternura vital, carícia essencial, compaixão, solidariedade, justa medida e conviviabilidade...
Quando vi este conceito eu me encontrei: gosto muito do seu mod de ver e caminhar. Abs com ternura, jorge

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Denise, o amor fraternal é caminhoe ele nos leva apensar o outro com solidariedade e compaixão. Abraços com carinho, jorge