No lar e na vida pública, na amizade e nos amores, sempre tendemos aceitar a falsa dicotomia entre liberdade e responsabilidade.
Nem todo o mecanismo de negação da liberdade nasce da espúria intenção de anular, aniquilar e humilhar o outro, inibindo e coibindo o seu livre desenvolvimento.
Muitas vezes, cerceamos a liberdade em nome do amor... Acreditamos que, assim, estamos protegendo e dando segurança.
Temos medo que os que amamos corram desembestados para os precípios da vida.
Quase sempre, somos inseguros da educação que temos nos primeiros anos de vida...
E temerosos, nos transformamos em pequenos tiranos domésticos... E legitimamos um estado policialesco-repressivo.
A liberdade é perigosa; mas, ela compõe a vida...
Sem liberdade, amesquinhamos e infantilizamos o outro; e o impedimos de ser responsável.
Só é responsável quem é livre. Os atos submissos dos que não são livres são, de fato, covardia, inibição e fobia, medo, insegurança, assujeitamento, falta de alteridade.
Criamos um mundo moralista, repressor, de inibição e supressão das liberdades; para depois, reclamar que falta maturidade, responsabilidade e auto-determinação.
A liberdade é força de produção do ser humano maduro, com compromisso e responsabilidade sobre os próprios atos.
Temos sido esquizofrenogênicos na lida com os que estão do nosso lado...
Os tratamos como crianças; e nos revoltamos quando os vemos na sua infantilidade...
O modelo repressivo e coercitivo não subjetiva vidas libertas e libertárias, capazes de escolher, experimentar e aprender com suas experimentações, e vidas que se sentem responsáveis por seus atos e atitudes...
Bion diria que criamos um mundo similar a uma casa de bonecas - eles vivem a vida adulta tutelados por nossa proteção.
Para confiar no que pode a liberdade os que amam, necessitam trocar proteção por cuidado e moralismo por ética.
Que nova geração queremos?... Infantilóides consumistas e dependentes, autistas e egocêntricos?... Ou desejamos uma juventude livre, solidária, terna, criativa e inventiva, generosa e de compaixão, ética e responsável?...
Muitos temerão os perigos... Não os temos; pois, vejo no dia-a-dia da caminhada e da clínica, que quanto mais infantilizado, mais o ser tende a fugir de si mesmo, das frustrações inerentes ao existir, dos obstáculos e das dificuldades que são próprias de um caminho de crescimento e libertação.
A liberdade é o espaço da vida que se ergue como espaço de encontros, trocas, partilhas...
A repressão gera surdez e nesta surdez o acumulado pela caminhada dos que já se feriram nas experimentações da vida não são escutadas. previamente, são codificadas como racionalizações para o acorrentamento.
A vida tem limites, abismos, buracos negros...
A negociação de limites não é uma operação de tortura física ou psicológica...´É a troca madura da liberdade que transversaliza a voz e os direitos, mas não uniformiza papéis...
E, infelizmente, muitas vezes, a repressão à liberdade é, tão-somente, uma acomodação preguiçoso dos adultos e uma fuga de se ter o esforço de viver o papel que nos cabe no vínculo dado.
Repensemos nosso comportamento... E veremos que a liberdade é sempre uma aliada da vida. A vida voa nas asas da liberdade.
6 comentários:
Bom dia, Jorge!
Vamos oferecer oportunidades para que haja o desenvolvimento das potencialidades todas do ser humano, respeitando sempre as suas peculiaridades.
Abraços,sempre...Mila.
Jorge, tomei a liberdade de distribuir seu texto "LIBERDADE E RESPONSABILIDADE", para alguns amigos e amores. Penso que este texto tem o potencial de produzir um debate interessante e produtivo. Agradeço ao amigo, mais esta contribuição para a construção de uma caminhada livre e plena. Paulo
amei o texto bem reflexivo,vou postar no meu blog.um abraço beijos
Mila: só assim a vida cresce e floresce... no caminho das liberdades emerge o cuidado e a ética. Abraços com carinho, jorge
Paulo: onde andam meus poemas... gripado e acamado, sinto que a poesia é o chá de hortelã dos velhos pós-modernos. Abraços e o debate entre vocês é esempre a produção da vida entrelaçada na ternura dos afetos eternos.
Saudade. Paz e alegria; jorge
Rosi: ficarei feliz... um carinhoso, abraço com muita ternura, jorge
Postar um comentário