O mundo anda cinzento... Nublado, cheio de fantasmas no ar... Solidão, angústia... Vida repetitiva e vazia...
Existe um exacerbado individualismo, um compulsivo consumismo, uma canibal competição... Normas excludentes, olhares coisificantes... A globalização que parecia trazer uma vida de intensidade esgotou-se... exauriu-se... Desemprego, miséria, controle capilarizado... Um império de niilismo, massificação e segregação no cotidiano...
O asilo foi aposentado, porque a exclusão perambula no socius e marginaliza, isola e martiriza a vida no próprio dia-a-dia... na rua, nos condomínios, nos assujeitamentos que sofre o ser humano que não é o vendedor e vencedor glorificado pelo sistema.
Se a vida é permanente devir, produção de novidade, sonhos e desejos, o que acontece?...
O mundo se institucionalizou para que vida não acontecesse na sua potência inovadora e metamorfoseante...
O socius é segmentarizado, organizado e vigilante, e inibe, suprime e reprime a diferença, o novo e a mudança: o devir, o desejo, a utopia...
Somos formatados para copiar e repetir o que se espera de nós: a normalidade insticionalizada , medíocre e vazia.
Se somos incessante produção desejante e se esta inovação é suprimida; vivemos, constantemente, angustiados, tristes e desvitalizados...
A diferença, o simulacro, o devir... é evitado, negado e massacrado...
Que fazer?..
Há saídas?..
Entre pedras, flores... O deserto é fértil...
Só superamos o vazio, o desprazer e a autodestruição sutil, se inventamos, construimos e vivenciamos nossas linhas de fuga...
As linhas normativas e repressivas podem ser dribladas, com a produção de vida nova, desejante, que escapole, foge do existir cinzento e se realiza na transversalidade do novo que emerge como força de vida, criatividade e alegria.
Um banho de cachoeira que limpa a monotonia e dissipa as sombras nevoentas do sedentarismo...
Uma poesia e uma cantiga que suaviza as tensões do calabouço da racionalidade pragmática...
Um encontro com os amigos - roda viva, ciranda, seresta... a fogueira acesa com fagulhas iluminando os corações empoeirados pela solitária rotina...
A economia solidária e os projetos instituintes são vitalizantes linhas de fuga...
A marcha pela liberdade, a luta ecológica, os movimentos sociais das minorias, a democracia real e seus acampamentos são revolucionárias linhas de fuga...
Imediatistas, quase sempre, desiludimos com o resultado das linhas de fuga...
Aqui, gostaríamos de recordar João Machado no livro Economia Socialista... Diz ele que nunca conseguiremos o lucro e a acumulação que se consegue no capitalismo que acumula e lucra, expropriando a mais-valia, porém, acrescenta que os processos de economia solidária e do cooperativismo autogestivo produzem vida novo, novo existir, novos sentidos...Possuem a capacidade de re-compor nossos corpos danificados pelo cinzento existir do capitalismo... funcionam como bons encontros e se regem pelas paixões alegres... gera um existir solidário e terno... uma nova sociabilidade...
As linhas de fuga subjetivam uma nova suavidade, um novo existir e uma ética e uma estética de afirmação da vida, libertária e passarinheira...
Nos dão o que Bauleo nomeou de contra-instituições: processos de existir desejantes e livres...
Assim, concluímos que são vias da vida que não me medem pelo que acumula: se revelam nos olhos que descobrem que podem brilhar e sonhar; voar e borboletear...
8 comentários:
Bom dia Jorginho, olha eu aqui de novo. Devo começar escrever da seguinte forma: "ÊTA, MUNDÃO DOÍDO". Quando me deparo com as cobranças e acontecimentos deste MUNDÃO, percebo, hoje, o quanto já produzir as minhas raspagens, deste mundo institucionalizado, para fazer acontecer novos devires, mas confeso, que não é tarefa facil produzir o novo. Na realidade este mundo mediocre, provocador, te cobra de todos os lados, mas sei também que é necessario produzir linhas de fuga para poder driblar de forma mais suave e dançante, criando ferramentas para sair deste meio que sufoca. Hoje, estou superado e construindo novas linhas de produção/fuga. Consigo perceber o que meu corpo pode oferecer a cada novo amanhecer e entardecer fico mais leve, suave, menos pesada/ casanda, me permito valorizar e compreender cada nova pedra no meu caminho, pois sei que, desta pedra poderá nascer uma maravilhosa rosa. SIM, ISTO É POSSIVEL, pois eu acredito
Abraço, querido amigo Jorginho este blogger, tem me ajudado a foratelecer e acredirar que SIM é possivel um NOVO MUNDO.
Taciana, tudo que você fala me emociona , pois, também, sinto: o duro que é driblar e persistir inventando vida quando o mundo atodo momento nos limiota enos inibe no novo: ousadia é necessário. Para ousar, urge que sonhemos e caminhando com os sonhos o novo emnerge dos encontros que nascem com a aurora e com as lutas... Abraços com carinho; jorge
ahhh adoro essa palavra da Tânia: 'Jorginho' tao terno. Vivemos sim, vidas repetitivas, vazias... Hoje falava eu com uma colega e concordávamos: parece que devíamos estar satisfeitos todos, mas ninguém está... essa é a verdade, e por cima, como parece que deveríamos porque não temos fome, pois... é pior, nós falta razão, causa tangível para a nossa insatisfação... só se acha pensando, saindo de nossa comodidade animal, e pensando vemos a raiz do problema e vemos tb a forma de solucionar, para mim reside aí o segredo, em saber usar a criatividade a arte que nos leva além a rutina que nos apaga... não se pode viver sem arte, na cultura tradicional arte era parte da vida, vivíamos juntos, o encontro, viver coletivamente faz tudo ser diferente mesmo sendo a mesma coisa... o coletivo é o elemento que introduz o criativo... Abraços, Jorge e Tânia, e todos os amigos e amigas, com muito carinho, Concha
P.S.: isto aqui nosso É coletivo !!!
Querida Concha; não percebemos mas quando nos roubaram a arte, o sonhoe as coletividades, apunhalaram nossas vidas e sangramos, agora, sem ver direitoa ferida...
Artee coletividades: na magia do sonho é caminho de libertação e reencantamento do mundoe da vida; Abraços a você à Galiza, com ternura, jorge
Que bom achar esse seu blog, Jorge!Acredito que vai me fazer muito bem! Tô super precisando dar umas passarinhadas... buscar linhas de fugar pra sobreviver nesse mundão às vezes tão cruel!
Não sei se vai se lembrar de mim...fui sua aluna em BH no Instituto.
Abraço
Gisele
Gisele, nos reencontramos e juntos vamos caminhar com os sonhos revitalizando nosso desejo de devir e viver os encantos da alegria, meu carinhoso abraço, sempre juntos na utopia.
ternamente, jorge
Olá Jorge, eu tb fui sua aluna no curso, no IGB, gostei do blog e estarei sempre passando por aqui.
A arte está presente nos meus dias em Ouro Preto, nos meus desejos,faz parte das minha emoções, das minhas fugas.Abraços,Christine.
Chris: este nosso re-canto de bons encontros, trocas e construções coletivas... Sionta-se num canto da vida que seu.... Alegro-me com nosso reencontro; abraços ternos, jorge
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