Ajoelhado, no orvalho da madrugada... miro o céu e entre estrelas, não vejo o prateado luar dos meus sonhos azuis. Ia chorar, quando notei que a Lua, roçando minha pele, havia aninhado nos meus pés... junto aos olhinhos miúdos e ternos da pequena Luinha, companheira de todas aventuras e lutas...
O orvalho da manhã me aquecia, de novo, o coração: fé e esperança... vida adubada na utopia da compaixão.
Não chorei... Ergui meu canto, dele fazendo mi'a profana oração.
A saudade tanta... corta, fere, arranha...
Os álamos bailam alegres, saudando meu regresso... E um cacho de rosas brancas perfuma o ar, recordando-me que, logo, cantarão os passarinhos...
Viver é recomeçar... Recomeçar é sonhar, lutando...
Frágil, luto... Tento azular a vida com a alegria de um samba...
Caminhar é tecer trilhas entre o pântano do cotidiano da vida que chora e sangra e os sonhos azuis do porvir que na ânsia de serem paridos brilham no horizonte azul...
A serenidade do silêncio da madrugada me sussurra a poesia da esperança.
Muitos vivem no desalento, cultivando pessimismo e fatalismo; eu canto o sol que nascerá... o mundo que germinativo está por-vir...
Minhas dores passaram... se me feri, me curei, como diria Tagore... Assim, acaricio reverente mi'as cicatrizes...
E penso... nas feridas abertas no coração da vida, nas entranhas do mundo... Indignado, pergunto: por que?...
Por que tanta exclusão? tanto desamor? guerras?... Por que?...
Quero o céu na Terra... como anseio, um dia, levar para o céu as belezas da Mãe Terra, para que o infinito veja de perto o nosso paraíso maculado pelos vis interesses da ganância e da vida banalizada que no individualismo imprimiu o maquinismo da destruição.
Quanta solidão!
Lá fora, o mundo chora...
Uns na estrada avistam a terra orvalhada e alucinam, com as colheitas que pulsam em sincronia co'as batidas de seus próprios corações...
Outros agonizam no chão... Sentindo perto o céu estrelado, ante a distância quilométrica das mãos amigas que poderiam reerguê-los na estrada da existência...
Quanta dor!...
O mundo tergiversa e nega: cidadania é solidariedade e ternura, vida compartilhada no amor sem lmites ou fronteiras...
A tristeza não me impede de sonhar...
"A tristeza tem sempre a esperança de um dia não ser mais triste não..."
Assim, nos estalidos do meu corpo cansado... olho mundo, e, indignado, busco o carinho universal da minha pequena Luinha... Ante tanta maldição, eu quero o Samba da benção...
07 de setembro de 2012 - praça Santa Rita; de 8 às 12 hs: O GRITO DOS EXCLUÍDOS
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