Jorge Bichuetti
Sopro as cinzas do ontem;
nos meus pés, então, as brasas
que incendeiam o presente, sonham
com palavras e cores, abraços e amores,
coisas e vida que vicejam do outro lado da rua
no burburinho e no sacudir do próprio futuro...
O tempo fugiu do relógio... travesso, voou...
aninhando-se nas cordas musicais do coração da gente...
E a vida, assim, espera valsas e cirandas, um tango...
ou, simplesmente, uma roda-de-samba... florida, ela
é o desejo de um novo tempo onde viver possa ser
um sideral bailar das estrelas cadentes... um sapatear
dos que vão pela vida inundados de indigência e dor.
Há de nascer o tempo do riso no caminho deserto;
há de crescer o tempo da alegria nos becos escuros
da vida que se sonha vida nascente no pipocar das flores...
Assim, vivemos... entre o peso da cruz e as asas do porvir:
caminhos e horizontes tecidos no orvalho das manhãs com
a força da fé que na agonia das horas inventa sempre um depois...
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