sexta-feira, 14 de setembro de 2012

DIÁRIO DE BORDO: NA QUIETUDE DO ALVORECER...

                        Jorge Bichuetti

Amanhecemos entre as carícias do vento matinal e a ternura do brilho das estrelas que se despediam, como se partissem, aninhando-se nos poros da nossa própria pele... A chegada de um novo dia era permeada de sonhos... no canto dos passarinhos. E a mi'a emoção de sentir a presença da minha pequena Luinha, autêntico sinônimo da amizade plena, que me seguia os passos com seus ternos olhinhos lutando por acordar, vencendo o sono, simplesmente pela alegria de ser companhia, cumplicidade, vida enlaçada noutra vida no carinho incondicional que quem sabe amar...
A quietude da madrugada me ensina coisas do amor que antes não sabia, por vê-lo, o amor, somente no frenético movimento das noites... noites ruidosas, noites de luzes artificiais e flores de plásticos... Noites onde os trovões da sociedade de espetáculo me ocultava a poesia silenciosa do luar e a magia cosmopolita do céu estrelado...
Luinha é u'a grande professora, u'a singela e fiel amiga... Juntos vamos descobrindo os enigmas da vida.
Vivemos num tempo onde não é fácil ver e sentir as entranhas da vida... O mundo com seus ruídos e artefatos nubla-a... oculta-a... dissimula-a...
A vida nua, como a vejo no horizonte azul do dia nascendo e a escuto na poética do canto dos passarinhos, é transparente e direta... Conversa com a gente, penetrando-nos pela pele... afetando-nos e nos despertando caminhos e sonhos...
A madrugada revela o que pode a vida nos voos da liberdade e nos aconchegantes ninhos da simplicidade...
Mostra-nos loucos... numa loucura improdutiva... Escravos de tanto coisa e alijados do que é o clamor do nosso próprio coração...
Que tesouro do mundo substitui o carinho fiel e leal da amizade da pequenina Lua?...
Vê-se no silêncio da madrugada que não há ouro ou prata que oferte a beleza da rosa brotando no sereno orvalhado da manhã; nem valor monetário capaz de dar a serenidade que se logra, mergulhando-se no infinito ao som do cantar dos pássaros vadios que voam e batucam, despertando esperança e sonhos, poesia e paz...
Queremos tanto... e vivemos tão pouco.
Necessitamos de repensar o que desejamos da nossa existência...
Luinha me ensina que eu aprendi, tão somente, a teoria da ética da amizade do inesquecível Michel Foucault...
Ela nunca o leu... conhece-o pelo aprende, vivendo...
Daí, vejo com encanto o mundo sonhado e o identifico nas palavras do filósofo Deleuze... Como funcionará o mundo dos nossos sonhos?... Belo e terno, como uma sociedade de amigos...



Um comentário:

Anônimo disse...

Sem palavras, pq é lindo demais, sinto -me assim hj...