Jorge Bichuetti
Meus sonhos voam e eu os sigo:
ora, cato-os na relva úmida
entre espinhos e secas folhas
que orvalham mi'as lembranças
co'as lágrimas risonhas da
vida na alquimia do tempo,
este passageiro do vento que
flui, deixando-nos na alma
a plástica das cicatrizes;
ora, pego-os no voo livre
dos passarinhos entre nuvens e
a mais bela estrela, esta menina
do céu que nas noites anda
semeando flores que brotam
no coração dos que num canto
amam... um amor no ondear
dos encontros entre a areia
que risca os olhos
e o mar que nos leva, longe,
para os braços do infinito...
Andarilho; vago... sol e chuva;
seguindo além sem escutar o apito do trem,
seguindo além sem ver as cinzas das horas...
Eu... tão-somente pressinto no horizonte azul
o eco da vida que eu ainda não vi alvorecer no caminho; lá
mora o ninho de palha, os ovos de prata, o bem e o mal
que de mim se escondem na poeira dos espelhos...
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