quarta-feira, 12 de setembro de 2012

SOCIEDADE DE AMIGOS: CONCHA ROUSIA; A POESIA COMO PULSAÇÃO VIVA DE LÁGRIMAS E SONHOS QUE PERCORREM AS ENTRELINHAS DE UM CORAÇÃO...

          JÁ NÃO ESPERO 
                              Concha Rousia

Já não espero carta tua
Já me afoguei noutras palavras
a palavra pedra 


a palavra água
recortando um horizonte sem saída
sem barca e nem capitão
e sem tu te importares...

Já não espero carta tua
Já vi tua morada de número arrancado
Já vi meu carteiro devorado pela rua 
Já se perdeu com minhas cartas
comidas antes de tocarem seu destino

Já não espero carta tua
perdi o endereço de teu coração errante
e as minhas mãos já se negaram 
três vezes hoje às palavras 
agora plantam plantinhas no quintal 
escutam a Melra como se mãos ouvissem 
e voam, ahhhh como minhas mãos voam
quando da nossa alma se escondem...

Já não espero carta tua
Já não te escrevo
Já perdi a caneta noutras batalhas
igualmente irreparáveis...
Já minha liberdade me prende noutros nadas
Já não espero carta tua
Já não espero


 


FONTE: WWW.REPUBLICADAROUSIA.BLOGSPOT.COM


 


 

Nenhum comentário: